Resenha e fotos: The Cult faz show nostálgico em Porto Alegre

Com setlist baseado principalmente em hits que os fãs queriam ouvir, o The Cult fez um show enérgico em Porto Alegre no último domingo (17).

Foto por Doni Maciel
Foto por Doni Maciel

Fotos e texto por Doni Maciel

“Isso aqui tá mais pra um Duran Duran metido a hard rock”, bradou um titio encostado lá pelos lotados corredores do Bar Opinião, enquanto o vocalista Ian Astbury tirava um sarro dos luminosos da cerveja que patrocinou o evento.

“Duran Duran? Hard Rock? E o The Doors, tio?” — pensei comigo. Por que pouca gente se lembra do Doors quando o assunto é The Cult? A senha foi dada na trilha que rolava antes do show — Jim Morrison e sua trupe, reto e direto. É ouvir o baita vocal de Ian Astbury que faz a referência ficar nítida. É saber da participação dele nos revivals do Doors original, é sacar a mensagem “astral” do disco Love e a temática de Ceremony, é ouvir o ácido/irônico texto “paz e amor” de “Peace Dog”.

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Mas e o tal do hard rock? Sim, ele está lá, mas nunca me soou como a verdadeira alma da banda. Era a moda no fim dos 80, e sem dúvida aparece em grande estilo nas guitarras do mestre Billy Duffy. Um hard rock denso e poeticamente inglês, nunca hollywoodiano. Hard rock, sem ser farofento demais. Quando lançaram “Eletric”, em 1987, ninguém soava daquele jeito — cru, simples, sem um caminhão de efeitos grandiosos. Nem o AC/DC de “Sink The Pink” ia tão direto ao assunto naquele momento.

Trajados de preto dos pés à cabeça, entraram no palco britanicamente às 22h, e lascaram “Wild Flower”, pra delírio do diversificado público — do veterano motociclista ao coroa surfistão, da jovem senhora roqueira ao adolescente embasbacado. O show foi tiro curto, centrado no auge da carreira: “Peace Dog”, “Lil’Devil”, “King Contrary Man” e “Love Removal Machine” (Eletric); “Rain”, “Nirvana”, “Phoenix” e “She Sells Sanctuary” (Love), com pontuais menções aos demais álbuns (Fire Woman, Sweet Soul Sister, Rise) e as novas (e bem menos hard-roqueiras) “Dark Energy”, “Birds of Paradise” e “Deeply Ordered Chaos”.

Nas redes sociais, o povo lamentou a ausência de “Revolution”, clássica de 1985. E queria mais tempo de palco também. Mas Astbury disse, pra quem conseguisse pescar o seu discurso no meio da confusão: “temos que ir pra Curitiba. Conhecem Curitiba? Ah, que se dane!”

Além da capital paranaense no dia 19, a tour brasileira que promove o álbum Hidden City (2016) passa por São Paulo (21) e Brasília (23). E é o tipo de show que não dá pra perder – rock and roll com tudo que tem direito, inclusive aquele zumbido típico, que fica soando nos ouvidos até que a adrenalina baixe e a gente consiga pegar no sono.

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