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Em São Paulo, Bon Jovi tenta superar apresentação fraca no Rio, mas se perde nos galanteios do vocalista

No segundo dia do festival São Paulo Trip, a banda americana Bon Jovi fez um show mais animado do que no Rock in Rio, mas ainda sem inspiração.

BON JOVI - São Paulo Trip
(crédito: Ricardo Matsukawa / Mercury Concerts)

O Bon Jovi proporcionou ao São Paulo Trip algo que não havia acontecido no primeiro dia do festival: lotação completa. Talvez por ser num sábado (23/9), mas principalmente pelo apelo que a banda de hard rock americana, uma das mais famosas dos anos 80, ainda tem com o público.

Embora o primeiro show, do duo de indie rock The Kills, começasse só às 20h, havia fila do lado de fora do Allianz Parque desde o início da tarde. Dessa vez, todo mundo só usava camisetas da banda que fecharia a noite. Quando os portões se abriram, às 16h, pista e pista premium foram tomadas rapidamente.

The Kills

(crédito: Ricardo Matsukawa / Mercury Concerts)

Alison Mosshart e Jamie “Hotel” Hince funcionam muito bem no palco. Têm um entrosamento e uma sintonia de se admirar, assim como o resto da banda que os acompanha. Afinal, estão juntos desde o início dos anos 2000.

Com apenas uma hora pra tocar, o grupo deixou de fora alguns dos maiores sucessos, como “Doing it to Death”. “Heart of a Dog”, a que abriu o set, foi a que mais chegou perto de animar a plateia. No restante da apresentação, as pessoas até olhavam pro palco, mas sem esboçar reação. A vocalista, com muita presença de palco, usou bastante a passarela que foi montada no meio da pista, provavelmente a pedido da atração principal.

Mas não adiantou. Não era culpa da banda, e sim da organização do festival. O público do Bon Jovi é segmentado demais. A maioria das pessoas presentes não queria sequer ver a banda principal, apenas seu vocalista. O The Kills saiu do festival sem conquistar nenhum novo fã, o que é uma pena.

Bon Jovi

(crédito: Ricardo Matsukawa / Mercury Concerts)

No horário marcado, às 21h30, o grupo americano formado em 1984 subiu ao palco, exceto Jon. O vocalista esperou alguns minutos para fazer uma entrada triunfal que levou o estádio inteiro à loucura. Usando apenas alguns sorrisos e sua voz marcante para dizer boa noite, ele colocou o público na palma da mão sem precisar fazer muito esforço.

Daí em diante, foi mais uma luta pessoal de Jon Bon Jovi em superar o show fraco que fez no Rock in Rio, um dia antes. As seis primeiras músicas do set foram idênticas, abrindo com “This House is Not For Sale” e deixando um hit apenas para a quarta música, com “You Give Love a Bad Name”. Depois a banda chacoalhou bastante a ordem das músicas e o set teve adições de canções como “(You Want To) Make a Memory”, “Always” e “These Days”. Dado momento, ele falou abertamente sobre o assunto: “São Paulo, vocês viram a gente pela TV ontem no Rio? Pois hoje vai ser bem melhor!”.

Na verdade, parecia que a plateia reagiria bem a qualquer coisa que a banda fizesse. Inclusive aos “galanteios” exagerados de Jon. O vocalista não parava de apontar para garotas e fazer dancinhas para elas, falando inclusive coisas como “eu amo essas mulheres gostosas do Brasil”. Pois é…

Já a música mesmo, bastante morna. A banda parecia estar reproduzindo exatamente as versões de estúdio, como se fosse um karaokê. Mas Jon Bon Jovi não dá mais conta dos vocais sozinho, por isso quase todos os integrantes do grupo cantam nos refrães, fazendo uma onda sonora em que quase não se ouve o vocalista principal.

Da formação original do Bon Jovi, além de Jon, apenas o tecladista David Bryan e o baterista Tico Torres, que demonstrou muita vitalidade e foi quem deu um pouco de vida ao show. Já no lugar do saudoso guitarrista Richie Sambora, que saiu em carreira solo, entrou Phil X, que é jovem e talentoso, mas não tem metade da empolgação do membro anterior.

A banda encerrou a primeira saída com três pedradas: “Have a Nice Day”, “Keep the Faith” e “Bad Medicine”. No retorno ao palco, mais grandes sucessos, inclusive um que não tinha aparecido nem em Porto Alegre nem no Rio de Janeiro, a queridinha “Always”, e o mega sucesso “Livin on a Prayer”. Pra fechar, outra inédita na passagem pelo Brasil: “These Days”.

E, assim, o Bon Jovi seguiu a receita que mantém a banda viva desde a saída de Sambora: reproduzir os hits de outrora adicionando uma boa pitada do apelo sexual do vocalista.

Setlist do Bon Jovi no São Paulo Trip, 23/9/2017

  1. This House Is Not for Sale
  2. Raise Your Hands
  3. Knockout
  4. You Give Love a Bad Name
  5. Born to Be My Baby
  6. Lost Highway
  7. We Weren’t Born to Follow
  8. Lay Your Hands On Me
  9. In These Arms
  10. New Year’s Day
  11. (You Want to) Make a Memory
  12. Bed of Roses
  13. It’s My Life
  14. Someday I’ll Be Saturday Night
  15. Wanted Dead or Alive
  16. I’ll Sleep When I’m Dead
  17. Have a Nice Day
  18. Keep the Faith
  19. Bad Medicine
  20. Always (bis)
  21. Livin’ on a Prayer (bis)
  22. These Days (bis)

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