Por mais estranho que possa parecer, Jack Johnson e Eddie Vedder são grandes amigos.
Em 2007, os dois tocaram juntos pela primeira vez no Kokua Festival, no Havaí. Antes disso, Vedder acompanhava a trajetória do músico sem entender muito bem por que ele fazia tanto sucesso.
Mas em uma antiga entrevista para a Rolling Stone, o frontman do Pearl Jam não poupou elogios ao surfista e contou histórias sobre quando finalmente eles viraram amigos.
O curioso é que uma dessas histórias fala sobre uma situação “de vida ou morte” onde os dois estavam andando de canoa pelo mar e, por conta das ondas, ela acabou virando e os dois acabaram passando por maus bocados.
O relato completo de Vedder, onde ele também fala sobre sua amizade com Jack, pode ser conferido na íntegra logo abaixo.
Eu conheci o pai dele antes, através de vários eventos diferentes. Eu acho que demorou um tempinho até eu conhecer o Jack. Eu acho que o Kelly Slater me deu o primeiro álbum dele. Eu estava nas ilhas [do Havaí] na época, então foi ótimo. Era um disco excelente para ouvir perto da natureza. Teve um certo ponto há uns dois ou três anos atrás [cerca de 2005, 2006] onde eu encontrei o Ben Harper e disse: ‘Ok, Ben, que tal eu e você interferirmos e presentear o Jack com um pedal de distorção?’ E nós demos risada, sabe? Mas eu pensei muito nisso, e era minha culpa por não estar entendendo nada. O que ele faz é real. Ao invés de pegar um pedal de distorção ou tentar ser uma pessoa diferente, isso é algo real. Existem tantas coisas positivas que você pega ao ouvir os seus discos ou assistindo a um show dele. Eu não entendia isso por muito tempo, mas agora eu entendo.
Nós estávamos em um infeliz passeio de canoa. Estávamos velejando, e então acabamos virando em um canal. Foi uma aventura. Nós sobrevivemos aquilo, mas acabou virando uma questão de vida ou morte por um momento. A coisa mais legal sobre isso era que nós estávamos flutuando na água no meio de grandes ondulações, muito vento e balançando e tudo mais, e o mastro estava apontado direto para o fundo do oceano. Eu não sabia se nós iríamos conseguir desvirar aquilo.
E então eu olhei para o Jack e pensei, ‘Bom, eu estou na água com o Jack Johnson, eu vou ficar bem’. E aí ele olhou pra mim e eu estava sorrindo, então isso fez com que ele pensasse que tudo ficaria bem também. Então é interessante como você pode dar confiança um ao outro mesmo quando a situação é um pouco terrível.
Você pode olhar uma lista com os grandes artistas [do mundo da música] e entender que eles são produtos do seu ambiente. Seja o U2 ou Henry Rollins ou eu mesmo ou então Johnny Lydon, eles serão os produtos de seus próprios ambientes. Ver o Jack, e ver os outros músicos havaianos com quem ele toca e apoia, você testemunha a conexão da música que ele faz e como ele cresceu. É a sua conexão com o planeta, com a natureza, com o oceano, com a sua família, e tudo isso é transmitido pela música. A atmosfera é real. Não é como se ele lutasse contra monstros, não é algo que ele finge ser.
Recentemente, tanto Vedder como Johnson foram headliners do Ohana Fest, festival no Havaí que aconteceu no mês de Setembro. Na ocasião, Eddie chegou a tocar Neil Young junto de Fiona Apple, Johnson, Kelly Slater e Glen Hansard.
Além disso, Vedder, Slater e Hansard também tocaram “I Shall Be Released”, clássico de Bob Dylan, durante o set de Jack no festival.