Entre 1999 quando lançou seu primeiro disco e 2005 quando veio o último, o Los Hermanos tornou-se uma das maiores bandas do país.
Lançando discos de dois em dois anos, o grupo mudou de sonoridade drasticamente a cada título e conseguiu driblar um mega hit que poderia marcá-los para sempre e se tornou a banda influente que mesmo estando 12 anos sem material novo ainda lota os shows de reunião que faz.
Há muita discussão a respeito da banda principalmente por conta de quem gosta de criticar o fato de que muitos de seus fãs os entendem como a única e mais importante banda da história.
Generalizar é um erro e rotular uma banda por causa de uma parcela de fãs é outro maior ainda, então aqui a gente te apresenta uma lista com os quatro álbuns lançados pelo grupo que, polêmicas à parte, foi um dos mais inventivos, interessantes e influentes do Brasil nos anos 2000.
Divirta-se!
4 – Los Hermanos (1999)
A estreia do Los Hermanos tem alguns elementos interessantes.
Aqui, a banda que vinha fazendo parte da cena underground do Rio de Janeiro e se apresentando em shows de gêneros como o punk rock e o hardcore resolveu misturar esses elementos a guitarras menos distorcidas e flertes com o pop.
Além disso, também usou e abusou dos instrumentos de sopro e acabou criando uma sonoridade própria que pode ser ouvida em canções como “Tenha Dó” e a excelente “Quem Sabe”.
“Anna Júlia” é um caso à parte, já que estamos falando de um dos maiores hits radiofônicos da história da música brasileira, e se destoa do conjunto de diversas formas, desde ao estilo até a qualidade de gravação.
O estúdio, inclusive, é a pior parte de Los Hermanos, já que em diversos momentos o disco soa como uma fita demo e o cuidado pela mixagem e masterização passa longe do ideal.
Músicas como “Vai Embora” e “Bárbara”, com uma participação questionável de Roger Moreira, poderiam muito bem ter ficado de fora de um álbum que não é ruim, mas fica abaixo do que a banda produziria no futuro.
3 – 4 (2005)
Em 2005 a popularidade do Los Hermanos era imensa e a banda já havia se consolidado como uma das mais importantes do rock alternativo no país.
Com seus discos anteriores, inclusive, o grupo ocupou uma posição interessante ao criar músicas inspiradas em nomes como Weezer ao mesmo tempo que usava elementos da música brasileira para transitar entre as grandes audiências e o público mais descolado.
Os shows da banda eram repletos de gente que gritava cada uma das palavras de cada uma de suas canções e foi-se criando o mito de que fã de Los Hermanos é “chato”, já que defende sua banda favorita com unhas e dentes.
Pois foi com 4, último disco da banda até hoje, que o quarteto acabou consolidando essa visão já que apareceu com o álbum mais “cabeçudo” e de difícil digestão da carreira.
A introdução com os quase 5 minutos de “Dois Barcos” já dá a cara do que a banda mostraria ao público e o álbum transita em sua maior parte por momentos dos mais intimistas inspirados na MPB.
Enquanto Marcelo Camelo abre o peito, fala muito de Deus e é confessional em faixas cheias de melancolia, abrindo poucas brechas para canções mais ensolaradas como a ótima “Morena”, Rodrigo Amarante é o responsável pelos momentos musicalmente mais pra cima do álbum, como em “Paquetá” e “O Vento”.
Algumas das melhores composições da banda aparecem aqui, mas o disco é difícil até mesmo para o fã mais fiel, e a despedida da banda que encerraria as atividades pouco depois é das mais cinzas, com a dobradinha de “Pois É” e “É de Lágrima”.
2 – Bloco do Eu Sozinho (2001)
Quando a primeira música de Bloco do Eu Sozinho começa, “Todo Carnaval Tem Seu Fim” até dá a entender que a sonoridade do primeiro disco do grupo continuaria, mas basta as guitarras entrarem para perceber que algo mudara.
Em apenas dois anos o Los Hermanos passou de mesclar elementos do punk rock com instrumentos de sopro, carnaval e canções de amor para se tornar mestre na arte das composições sem restrições de gêneros musicais, muito em função de Rodrigo Amarante ter passado a fazer parte da banda de forma mais contundente.
Quando apresentou o álbum à sua gravadora, a Abril, ele foi rejeitado pois os executivos queriam novas “Annas Júlias”, e aqui não há nenhuma. Ao invés disso o Bloco tem sons incríveis porém menos radiofônicos como “A Flor”, “Retrato pra Iaiá”, “Sentimental”, “Fingi Na Hora Rir” e a já citada “Todo Carnaval Tem Seu Fim”.
Com elas, a banda conseguiu trilhar uma carreira de fato ao construir uma base de fãs ao invés de se apoiar em um hit e correr o sério risco de entrar para a temida lista de one hit wonders.
Em tempo, a gravadora que rejeitou o álbum acabou fechando as portas.
1 – Ventura (2003)
Mais dois anos se passaram e o Los Hermanos chegou ao momento mais interessante e encorpado da carreira.
Em Ventura, com liberdade para criar e muita disposição para isso, a banda encontrou um equilíbrio quase perfeito entre todas as suas influências, a vivência de estúdio, a química da estrada e a forma como construía suas canções.
Do início delicioso de “Samba a Dois” até o fim sincero de “De Onde Vem A Calma” e seu crescimento até uma confissão pública das mais belas, o álbum passa por momentos incríveis como em “O Vencedor”, “Último Romance”, “O Velho e o Moço”, “Além do Que Se Vê” e até uma canção com cara de hit radiofônico na forma de “Cara Estranho”.
“Deixa o Verão” é um ótimo exemplo de como o grupo soube misturar as batidas do punk com as novas descobertas do rock alternativo e da mpb, e simboliza o momento em que a banda finalmente entendeu e visualizou todos os territórios que poderia explorar como poucas o fizeram.
Do Pior Ao Melhor Álbum
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