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Resenha: John Mayer encontra o amor de São Paulo em sua "busca por tudo"

Guitarrista deu início à sua segunda turnê brasileira com show em formato acústico, trio de blues e banda completa para promover The Search For Everything.

John Mayer no Brasil
Foto: Divulgação / Allianz Parque

A essa altura de sua carreira, depois de 7 discos de estúdio lançados e 8 Grammys na conta, devemos tratar John Mayer com os devidos e merecidos créditos: ele é definitivamente um dos principais e melhores guitarristas em atividade hoje em dia, assim como um brilhante compositor de músicas pop.

O homem respira música e seus riffs, solos, hooks e timbres impecáveis que passeiam com naturalidade do pop ao blues parecem ter sido criados para doutrinar a geração que foi apresentada à música a partir do início dos anos 2000 e que talvez não tenha se familiarizado com nomes de guitarristas lendários como Eric Clapton, Stevie Ray Vaughan, B.B. King e Buddy Guy – referências declaradas de Mayer e facilmente reconhecíveis ao longo de sua discografia e de suas performances ao vivo.

E que performances. Se formos julgar pela dessa última quarta-feira, 18 de Outubro, em São Paulo no Allianz Parque, fica evidente que John está vivendo a sua melhor fase.

O guitarrista veio ao Brasil para promover seu último lançamento, o excelente disco The Search For Everything, marcado por uma mistura de todas as sonoridades que o tornaram conhecido até agora: o Pop mesclado com Blues, Folk e até uma pitada de Country Music.

Sua primeira passagem pelo país foi em 2013, com uma apresentação na Arena Anhembi em São Paulo e com um set de 1 hora na 4ª edição do Rock in Rio no Rio de Janeiro. Agora, John veio preparado para uma turnê sul-americana mais robusta com 5 datas no Brasil, e que teve início na capital paulista.

E o fim de tarde quente bem no meio da semana parecia pedir por um show ao ar livre e uma oportunidade de sair do trabalho, escola ou faculdade um pouco mais cedo, mas por volta das 20h o público paulistano ainda começava a chegar aos seus lugares dentro do estádio palmeirense de forma tímida. Até o momento do show de abertura do duo mexicano Rodrigo Y Gabriela, podíamos observar grandes porções vazias em todos os setores, da pista à cadeira superior.

A dupla de violeiros, desconhecida da maioria da plateia (e que não teve o seu nome inserido na comunicação do show em momento algum), não parecia se importar muito com o fato e aproveitou a oportunidade de tocar em um grande estádio fazendo o seu set instrumental, composto de arranjos com sonoridade latina muito marcante acompanhadas de dedilhados rápidos e toques de percussão no próprio corpo de seus violões. Com um sorriso no rosto da hora que entraram no palco à hora que saíram, Rodrigo e Gabriela se despediram então para a entrada da atração principal.

Por volta das 21h20, com o estádio mais lotado, porém ainda distante de sua capacidade total, fomos apresentados à turnê de The Search For Everything, que através de projeções nos telões do palco tratou o espetáculo como um filme: os créditos iniciais revelaram o elenco (músicos de apoio e equipe de produção), capítulos definidos (John trouxe de volta a estrutura “banda completa / set acústico / trio de blues” que ficou marcada pelo DVD ao vivo Where The Light Is: Live in Los Angeles) e o nome do grande protagonista tomou a tela para dar início ao show.

O 1º capítulo abriu a noite com a talentosa banda de John Mayer (que contava com David Ryan Harris e Isaiah Sharkey nas guitarras, Tiffany Palmer e Carlos Ricketts como vocalistas de apoio, Larry Goldings no teclado e os talentosos Pino Palladino e Steve Jordan no baixo e na bateria, respectivamente) apresentando composições do disco novo como “Helpless”, “Moving On and Getting Over” e “Changing” sendo muito bem recebidas pelo coral da plateia, que cantava os sons como se fossem velhas conhecidas já. O grupo intercalou o set com algumas favoritas de longa data do público em um medley de “Why Georgia?” e “No Such Thing”.

Com muitas bexigas na pista mais próxima ao palco sendo jogadas para o céu, o público paulistano ainda aproveitou para puxar um “Parabéns pra Você” (em inglês) para o guitarrista, que acaba de completar 40 anos de idade.

O 2º capítulo da performance esvaziou o palco e deixou John e seu violão responsáveis por um set acústico de 3 músicas: o seu hit “Daughters”, “Emoji of A Wave” e um cover da música “Free Fallin'”, de Tom Petty, que já esteve presente no set de Mayer em outras ocasiões, mas que foi executada pela primeira vez desde o falecimento do cantor e dedicada à sua memória.

O 3º ato da noite foi precedido de um vídeo introdutório sobre o retorno do John Mayer Trio aos palcos, formação que também conta com Pino Palladino e Steve Jordan na cozinha e que já lançou um belo disco ao vivo em 2005 (Try!). O trio representa a vertente mais voltada ao Blues das composições do guitarrista, e onde realmente podemos testemunhar a virtuosidade da sua relação com o instrumento. Os músicos transformaram um estádio de futebol em um pequeno clube de blues e de forma muito confortável lançaram grandes jams embaladas pelos solos de Mayer em músicas como “Everyday I Have The Blues”, “Who Did You Think I Was?”, “Vultures” e “Crossroads”, cover de Eric Clapton.

John Mayer, Pino Palladino e Steve Jordan em ação.

O capítulo final da “busca por tudo” de John Mayer em São Paulo trouxe uma reprise da banda completa ao palco, onde então presentearam os fãs apaixonados e barulhentos com músicas do disco ContinuumBorn and Raised Battle Studies.

Antes de partir para o bis, Mayer agradeceu por todo o amor que recebe do Brasil pessoalmente e através das mídias sociais – disse que sempre lê os comentários pedindo “come to Brazil” pelo seu celular antes de dormir, e que no que depender dele retornará ao nosso país para sempre. Ainda aproveitou para fazer uma reflexão sobre os seus 40 anos e deixou um conselho da experiência para os mais novos:

Passamos a vida desejando que situações chatas ou incômodas passem rápido. Todos nós temos trabalhos, ficamos presos no trânsito, reclamamos de voos muito longos ou queremos que a semana acabe mais depressa. E no fim, com isso só estamos desejando menos tempo. E ao desejar menos tempo, a vida passa depressa e quando nos damos conta, temos 40 anos. Então o meu conselho é, nunca desejem ter menos tempo…

E com um clima muito harmonioso e emotivo entre artista e público, a banda de John Mayer partiu para as duas últimas músicas da noite: “Dear Marie” e “Gravity”. A última foi tomada por um belo espetáculo da plateia que acendeu as lanternas de seus celulares e iluminou por completo o estádio, fazendo até com que a produção do show desligasse as luzes do palco para que todos aproveitassem o momento:

https://www.facebook.com/AllianzParque/videos/vb.180595495337347/1624240464306169/?type=2&theater&comment_id=1624347727628776&notif_t=feedback_reaction_generic&notif_id=1508410430064346

 

Após 2h de show e com esse encerramento grandioso, John Mayer se despediu de São Paulo e esperamos que tenha achado aqui um pouco mais das respostas que procura em sua busca por tudo. Com certeza encontrou uma boa demonstração do amor que os fãs na cidade sentem pelo músico.

A turnê sul-americana de The Search For Everything ainda passa por Belo Horizonte (20/10), Curitiba (22/10), Porto Alegre (24/10) e encerra sua fase brasileira no Rio de Janeiro (27/10).

Você pode encontrar ingressos e parcelá-los em até 12x clicando aqui.

Setlist:

“Born and Raised” estava presente no repertório, porém não foi executada no show, assim como “You’re Gonna Live Forever in Me”