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Faixa Título: o "arromanticismo" brilhante de Moses Sumney

"Aromanticism", disco de estreia do californiano Moses Sumney, exprime solidão e distanciamento com arranjos brilhantes e melodias memoráveis.

Moses Sumney
Foto: Ibra Ake / Divulgação

2017 tem sido (mais) um grande ano para o R&B.

Borbulhando de boas surpresas desde o início desta década, o gênero – em essência uma fusão de pop, hip-hop, soul e eletrônica – ganhou corpo com a explosão mundial do hip-hop, e através do avanço tecnológico, com os timbres eletrônicos cada vez mais em voga, tem se tornado uma das frentes mais fortes da música pop atual.

Em junho, por exemplo, tivemos Ctrl, de SZA, um disco que não deve nada a alguns dos melhores momentos de Frank Ocean, outro ícone do R&B contemporâneo. Neste ano, Kelela, Syd (vocalista do The Internet), Drake (com a mixtape More Life)e Khalid também lançaram ótimos álbuns calcados no R&B.

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Um disco, no entanto, emergiu lentamente do incessante mar de informação e desinformação virtual para se tornar um dos meus preferidos do ano até aqui: Aromanticism, o disco de estreia de Moses Sumney.

Inspirado no conceito que batiza o álbum, o “arromanticismo” – a incapacidade de se apaixonar, de se conectar emocionalmente a alguém – Aromanticism é um disco solitário, é a alma exposta de Sumney, californiano de pais ganeses que cresceu entre as fronteiras de Gana e dos Estados Unidos.

Apesar do groove latente do R&B ser a espinha dorsal do disco, o disco tem poucas batidas. O suingue surge nas melodias doces, na produção impecável que preza pelo espaço entre os sons, para que as letras sofridas do cantor tenham espaço de sobra para respirar.

Mesmo ao fugir de conexão direta com os clichês do romantismo, justo pelo conceito do álbum, Aromanticism é, sim, um disco de amor, aquecido pelos arranjos inspirados na complexidade harmônica do jazz, mas que não escondem a fragilidade das composições. Pelo contrário, as acentua.

O disco todo é um primor, e foi montado por Moses com pelo menos uma dezena de bons produtores ao longo de três anos. Mas aconselho experimentar “Don’t Bother Calling”, “Quarrel”, e o jazz solto de “Lonely World” (com baixo de Thundercat e bateria de Ian Chang, incríveis), cujo clipe você vê alguns parágrafos acima. O disco, lançado em setembro, é facilmente encontrável por aí, em todos os formatos e plataformas:

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