Será que em 2018 a Itália leva mais um Oscar de Filme Estrangeiro?
Coproduzido pelo brasileiro Rodrigo Teixeira e com a assinatura de Martin Scorsese entre seus produtores executivos, A Ciambra no final do mês passado foi selecionado para representar a Itália na briga por uma vaga na categoria de Melhor Filme Estrangeiro no Oscar do ano que vem. E quem pôde assistir ao longa durante exibição no Festival do Rio, realizado entre 5 e 15 de outubro, não se surpreende com o “status” conquistado pela obra dirigida e roteirizada por Jonas Carpignano.
A história gira em torno de Pio (Pio Amato), um garoto pobre de 14 anos que vive com sua família em uma periferia na região da Calábria, habitada majoritariamente pela comunidade cigana. Pio se espelha muito no irmão mais velho, Cosimo (Damiano Amato), que pratica roubos e bicos para ajudar financeiramente em casa, também habitada por diversos outros irmãos, primos e tias. Neste ambiente marginal, Pio tem urgência por crescer. Não à toa, ele já fuma, bebe e tenta convencer Cosimo que pode participar de suas atividades criminosas.
Quando o primogênito é preso, junto com seu pai, Rocco (Rocco Amato), Pio vê a oportunidade de provar sua maturidade e conduzir os “modos de sobrevivência” da família. O garoto conta, principalmente, com a orientação, mesmo sem querer, de Ayiva (Koudos Seihon), um dos muitos imigrantes africanos representados em A Ciambra.
Já a matriarca da família, Iolanda (Iolanda Amato), não quer ver Pio se encaminhar para o mundo do crime, mas ao mesmo tempo não encontra alternativas para tirar o menino da malandragem. Por causa de suas escolhas erradas, o protagonista cai nas mãos de mafiosos locais que têm o poder de dominar a área. Pio sabe que eles são responsáveis pela desgraça de sua família e de certa maneira quer vingança, mesmo sabendo que ela é inatingível.
Com movimentos rápidos de câmera e excelentes closes nas expressões de Pio e cia, Carpignano explora com louvor as angústias de seus personagens. A fotografia do filme é outro ponto a se destacar, chamando bastante atenção do espectador. Apesar de breves momentos de alegria e afetividade entre Pio e seus parentes, A Ciambra busca expor os perigos da falta de estrutura familiar e de boas oportunidades de trabalho em uma comunidade abandonada, onde só há fome, miséria e ausência de esperança.
Além de ter participado da mostra Foco Itália no Festival do Rio, A Ciambra foi exibido em maio na Quinzena dos Realizadores, mostra paralela ao Festival de Cannes, onde ganhou o prêmio Europa Cinemas Label. Se a indicação ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro vingar, esta será a 18ª vez em que a Itália concorre na categoria. Das outras 17 vezes, o país de cineastas renomados como Federico Fellini e Bernardo Bertolucci venceu 11.