Música

Afrofuturismo, drogas e questões de gênero se encontram no trabalho de Jeza da Pedra

Rapper Jeza da Pedra que une soul e afrobeat é o primeiro gay assumido da cena carioca. Confira em primeira mão o novo vídeo do artista.

Jeza da Pedra

Moldando a sua realidade com humor, crítica e coragem, o rapper Jeza da Pedra une pontos de umbanda, afrobeat e soul com os sons do subúrbio carioca em uma mistura única e brasileiríssima. Com pouco mais de 3 anos de carreira, Jeza já dividiu palco com nomes como Rico Dalasam, Linn da Quebrada e Baco Exú do Blues. Agora, procura atingir um número maior de pessoas com uma série de músicas ao vivo. O primeiro vídeo, você vê primeiro aqui no TMDQA!.

Unindo uma jornada que vai das comunidades cariocas até uma formação em Letras que passa pela conceituada Sorbonne, em Paris, a persona artística Jeza da Pedra veio da necessidade de Jonatas Rodrigues expressar uma voz diferente que nasceu dessa jornada única. Filho de mãe retirante nordestina e bisneto de escravos mineiros alforriados, Jeza nasceu e foi criado no Complexo da Pedreira, em Costa Barros. Foi no bairro da Zona Norte do Rio, que possui o segundo pior IDH da cidade, que passou boa parte da infância e adolescência entre igrejas neopentencostais, bailes funk e rodas de samba. Essa combinação que soa incomum é a base da criação musical de Jeza.

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Aos 14 anos, pouco depois de assumir a homossexualidade, participou do projeto “Adolescente no Mundo do Trabalho”, da ONG carmelitana São Martinho, que possibilitou o seu ingresso na Escola de Música Villa Lobos, onde estudou música brasileira e teoria musical. Nesses últimos 15 anos, Jeza tentou várias empreitadas musicais, passando até pelo metal, mas sem achar sua voz. Foi ao adotar o rap e subverter o funk no que chama de “anarcofunk” que achou seu caminho.

Em junho desse ano, seu primeiro EP foi lançado. Intitulado Pagofunk Iluminati, o trabalho – com samples que vão de um discurso surreal de Silas Malafaia até Ney Matogrosso – foi produzido por Juan Peçanha e mixado e masterizado por Cairê Rego, da banda Baleia, com quem Jeza trabalha em novos singles.

O show de lançamento do EP, no Coletivo Éden (Centro do Rio) contou com participação da orquestra Afrojazz e foi registrado em áudio e vídeo e agora começa a ser lançado para formar um EP ao vivo apresentando o trabalho da Jeza para um público novo. O projeto tem direção artística de Luana Moussallem, Tarek Naba’a e Eduardo Santana (AfroJazz) e tinha a assinatura musical de Eduardo Santana e Cairê Rego (Baleia).

A primeira faixa lançada é “Abafar Loló”, uma bem-humorada canção que Jeza descreve como uma mistura de “Realce”, de Gilberto Gil, com canções que falam abertamente sobre drogas no cancioneiro nacional – como “Lança Perfume”, de Rita Lee, e “Há Tempos”, de Renato Russo. Ao vivo, com o arranjo do Afrojazz, a música virou um afrobeat moderno com pitadas de R&B, com uso estético de autotunes e influência do afrofuturismo. Esse caldeirão de referências destaca a voz de Jeza na cena cultural carioca e pode antecipar boas novidades para 2018.

Confira o vídeo ao vivo de “Abafar Loló” em primeira mão:

Ficha técnica do vídeo:
Direção geral e executiva: Luana Moussallem e Tarek Naba’a
Direção Artística: Luana Moussallem, Tarek Naba’a Eduardo Santana
Direção Musical: Eduardo Santana e Cairê Rego
Músicos: Eduardo Santana, Rodrigo Ferrera, Roque Miguel, Daniel Conceição, Oswaldo Lessa, Felipe Chernicharo e Pedro Tie
Técnico de Som, Mixagem e Masterização de áudio: Matheus Dias
Ténico de Luz: Hermes Ericeira
Captação de imagem: João Pacca e Marina Novelli

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