Texto: João Pinheiro e Matheus Anderle
Fotos: Stephanie Hahne
Em sua quinta edição, o Popload Festival deu um grande salto. Saiu de um local com capacidade de 10 mil pessoas (Urban Stage) para o incrível Memorial da América Latina, que pode receber um público até quatro vezes maior. Essa mudança trouxe mais conforto para os presentes, mas também uma leve sensação de esvaziamento.
Outro ponto que precisa ser comentado é o fator do horário. 13h. 32 graus. Sem sombra. Bicho, que calor! Era difícil se dedicar totalmente às ótimas atrações quando se está quase alucinando com tanto sol na moleira.
Mas esse detalhe não tira o brilho da organização do evento. De longe, um dos festivais com melhor planejamento e qualidade de serviço do país. Do ladinho do metrô, o sistema cashless funcionando corretamente, preços justos e pontualidade.
Começando as atividades do dia, a banda norte-americana Neon Indian fez uma apresentação dançante ao puxar a maior parte de seu setlist do álbum Vega Intl. Night School, lançado em 2015. O mix de música eletrônica e disco com influências da cena indie acabou conquistando a pequena plateia que já estava presente no Memorial da América Latina e muita gente dançou.
Um destaque à parte foi a animação do vocalista. Sempre que podia, Alan Palomo entregava o instrumental na mão de sua banda para pegar o microfone e ir para perto da plateia, puxando coros de suas músicas mais conhecidas.
Logo em seguida, foi a vez da banda carioca Ventre subir ao palco. Mesmo com apenas um álbum na bagagem, o power trio mandou ver em diversas jams e esbanjou sentimentos ao percorrer grandes músicas de seu material, como “Bailarina” e “Quente”, além de uma inédita que estará no segundo álbum a ser lançado em breve. O único problema foi a própria duração da apresentação — infelizmente, a banda só tinha 40 minutos no seu set e acabou “se perdendo” um pouco no tempo, como os próprios membros avisaram no final do show.
Por isso, a última música do setlist, “Pernas”, acabou sendo cortada do show — mas ao sair do palco, Larissa Conforto e Gabriel Ventura puxaram um pequeno coro do refrão da canção antes de se despedirem da plateia. Serviu para deixar um gostinho de “quero mais” no público de São Paulo, que agora poderá ver o grupo novamente na próxima edição do Lollapalooza Brasil, em Março.
A apresentação do Carne Doce começou com alguns problemas de som, mas nada que atrapalhasse de fato a performance de Salma Jô e companhia. O calor extremo combinava com as letras densas da banda. Mesmo com essas adversidades, conseguiram fazer um show animado. O setlist foi baseado em Princesa, seu segundo disco, e contou com faixas como “Falo”, “Açaí”, “Artemísia” e outras.
Em seguida foi a vez dos ingleses do Daughter subirem ao palco. A banda faz aquele tipo de música para dançar e chorar ao mesmo tempo. A plateia, que parecia conhecer bem o grupo e suas músicas, cantaram juntos canções como “Fossa”, “To Belong”, “Youth” e, bom, basicamente todo o repertório.
Sabe aqueles shows que entram para a história? Então. PJ Harvey é uma deusa que canta as calamidades do mundo moderno. Com uma apresentação baseada principalmente em seus dois últimos discos, Let England Shake e The Hope Six Demolition Project, a cantora pouco interagiu com o público, mas se conectou através de sua arte lancinante.
O show de PJ requer nossa atenção e dedicação para total compreensão. Não tem oba oba. A mensagem que ela passa é algo que muitos outros artistas preferem ignorar.
A banda é uma outra atração. Uma hora é banda militar, depois tem três saxofones, flauta e até um coro exuberante. O público que entendeu a apresentação à la “trilha sonora”, ficou extasiado com faixas como “Community of Hope”, “Ministry of Defence”, “The Wheel” e também as antigas “Shame”, “Down By the Water” e “To Bring You My Love”. A artista finalizou de maneira estonteante com um coral em “River Anacostia”. Sem dúvidas, uma apresentação histórica.
Última atração da noite, o Phoenix tocou para uma plateia enorme para encerrar o Popload Festival. Misturando muitas músicas de Ti Amo, seu mais recente álbum de estúdio, com os sucessos do já clássico disco Wolfgang Amadeus Phoenix, a banda entregou um show balanceado com vários pontos altos.
Obviamente a reação do público foi muito mais intensa em canções como “Lisztomania”, “Lasso” e “1901”, mas muitos fãs também vibraram com as canções menos óbvias do setlist. Outro destaque foi a própria animação da banda — muitas vezes, parecia que o grupo ficava admirado com a empolgação dos fãs.
Tudo isso culminou no final da apresentação, com a música “Ti Amo Di Piu”. Enquanto a banda carregava o instrumental da faixa para fechar o show, o frontman Thomas Mars pulou na plateia e ficou sendo carregado pelo Memorial. Quando retornou ao palco, a banda encerrou o show e deixou muitos fãs com a sensação de alma lavada.
Convite da TNT
Em 2017 o Tenho Mais Discos Que Amigos! esteve no Popload Festival tanto com sua equipe de jornalismo quanto a convite da TNT Energy Drink, patrocinadora do evento.
Agradecemos pelo convite para a festa que foi divertidíssima, e documentamos tudo no Instagram/Stories do site!
Show surpresa
Durante o Popload Festival 2017 ainda rolou um show surpresa em um palco secreto que foi revelado antes do Phoenix pela Heineken, uma das patrocinadoras do festival.
Quem se apresentou por lá foi Aluna Francis, metade da dupla AlunaGeorge, que costuma fazer os shows do projeto sem George Reid.
Se não estava acompanhada do seu colega, ela recebeu o reforço da brasileira IZA, que participou de algumas músicas e elevou o nível do show que tinha cara de uma balada pop afastada do palco principal.
O palco menor contou com um som menos carregado, e isso acabou marcando a apresentação que ainda teve bastante playback e dançarinas que em vários momentos pareciam não saber direito o que estava acontecendo por ali.
Foi divertido, deu pra dançar, mas de repente faltou anunciar a surpresa antes para que fãs pudessem ir até lá e também colocar uma estrutura mais elaborada de som. Quem não estava exatamente à frente do palco, mal ouvia o que estava acontecendo.