10 – Baco Exu do Blues – Esú
“Te Amo Disgraça” pode ser a canção do ano, mas o resto do álbum do rapper Baco Exu do Blues não fica muito atrás. Ao longo das dez músicas de Esú, o músico cita influências que vão desde a cultura popular brasileira à mitologia grega.
Aliado com batidas interessantíssimas, o disco acaba se tornando um dos destaques do hip-hop nacional em 2017 e consagra Baco como um dos melhores rappers da atualidade.
Por Matheus Anderle
Gênero: Rap / Hip-hop
09 – Linn da Quebrada – Pajubá
Pajubá, novo disco da Linn da Quebrada, é um registro de rap, mas não poderia ser mais punk. Em uma época de conservadorismo crescente, a artista versa sobre a realidade de ser gay e trans na periferia. Um disco politico, mas que ao mesmo tempo fala na linguagem popular. É como se todo os conceitos academicistas chegassem, de fato, às comunidades. “Ser bicha não é só dar o cu, é também poder resistir“, fala Linn na frase que possivelmente resume de forma mais genial seu trabalho.
Gênero: Rap
08 – Don L – Roteiro para Aïnouz, Vol. 3
Primeiro pilar de uma trilogia (os outros dois lançamentos seguem inéditos), Roteiro para Aïnouz, Vol. 3 é um disco essencial em um ano espetacular para o hip-hop nacional. A produção é impecável, e Don L não mede as palavras para contestar tudo e todos, inclusive a própria cena (na sequência “Eu Não Te Amo” e “Fazia Sentido”) com uma musicalidade ímpar no cenário atual.
Por Guilherme Guedes
Gênero: Rap / Hip-Hop
07 – Maglore – Todas as Bandeiras
O Maglore trocou de formação, voltou a ser um quarteto e parece ter ficado ainda mais seguro de sua sonoridade com as mudanças.
Todas As Bandeiras é o melhor disco da carreira do grupo e, em tempos tão difíceis, convida o ouvinte para andar lado a lado do artista falando sobre os problemas, as alegrias, os finais de relacionamento, as burradas e os acertos que temos todos nessa vida.
Pessoal, sincero e com uma coesão que faz do disco uma incrível viagem, Todas As Bandeiras é daqueles que depois que você passa a ouvir, não tira mais do repeat.
Gênero: Pop-Rock / Psicodélico / MPB
06 – Kiko Dinucci – Cortes Curtos
Integrante seminal e onipresente na nova geração da vanguarda brasileira, Kiko Dinucci colidiu dois universos no excelente Cortes Curtos: a brasilidade suja dos trabalhos que ele faz hoje e o hardcore que o inspirou a subir nos palcos, ainda na adolescência. O resultado é um disco bruto e inquieto, com participações marcantes de Juçara Marçal, Ná Ozzetti e Tulipa Ruiz.
Por Guilherme Guedes
Gênero: Punk / Jazz / Experimental
05 – Paulo Miklos – A Gente Mora no Agora
Paulo Miklos deixou os Titãs e pouco falou sobre o que faria musicalmente, já que estava envolvido em outros projetos no teatro e na televisão.
Sorte nossa que ele resolveu lançar um disco solo chamado A Gente Mora no Agora, onde mostrou uma sensibilidade incrível nos mais diversos aspectos.
Primeiro, não hesitou em abrir o coração para falar a respeito de assuntos dos mais pessoais e doloridos, com uma honestidade brutal. Foi assim, por exemplo, que abordou a morte de uma companheira de longa data e falou sobre como está pronto para amar de novo.
Segundo, resolveu chamar tanto nomes dos mais consagrados da música nacional, como Nando Reis, Erasmo Carlos, Arnaldo Antunes e Guilherme Arantes, mas também mostrou que sabe o que está acontecendo na nova música brasileira, escrevendo canções ao lado de Tim Bernardes, Russo Passapusso, Emicida, Silva e Mallu Magalhães.
Discão!
Gênero: MPB
04 – Scalene – Magnetite
Com uma carreira já bastante interessante em um tempo relativamente curto, os brasilienses do Scalene chegaram a um novo disco após o lançamento do bem sucedido Éter e resolveram experimentar.
Em Magnetite experimentaram com as letras e, ao mesmo tempo que falaram do lado pessoal, também criticaram os falsos profetas das igrejas evangélicas. Experimentaram com a música brasileira e adicionaram elementos dela ao seu post-hardcore. Experimentaram com a influência das performances ao vivo em suas gravações e contaram com novas abordagens para synths, teclados e percussões.
Deu certo.
Gênero: Rock Alternativo
03 – Tim Bernardes – Recomeçar
Ninguém esperava que Tim Bernardes, vocalista e guitarrista da banda paulistana O Terno, fosse lançar um disco solo pouco tempo depois de Melhor Do Que Parece, aclamado disco da banda.
Mas ele veio e junto com Recomeçar fomos brindados com canções belíssimas onde Tim abre o peito e conversa com o ouvinte exatamente da forma como a capa do disco propõe: de perto, olho no olho.
É um disco atemporal para ser contemplado por muito, muito tempo.
Gênero: Folk / MPB
02 – Far From Alaska – Unlikely
A banda brasileira Far From Alaska foi até os Estados Unidos para gravar com Sylvia Massy, renomada produtora que já trabalhou com nomes como System Of A Down, TOOL e Johnny Cash.
Voltou de lá com um discão e, muito mais que isso, com a certeza absoluta de que encontrou a sua sonoridade e sabe o que quer fazer no futuro.
Após ter lançado seu álbum de estreia, o Far From Alaska passou a ser encaixado em rótulos como stoner rock e subgêneros pesados do Rock And Roll, mas não estava nem aí pra eles.
Em Unlikely, segundo álbum, fez uma capa cheia de cores, com meias e pantufas engraçadas, passou a se apresentar no palco com camisas que brilham no escuro e tirar fotos de divulgação com um visual que não estava nem aí para os moldes onde as pessoas vinham colocando o grupo.
Unlikely é um conjunto de canções potentes e, ao mesmo tempo, uma declaração de independência de uma banda que sabe muito bem o que faz.
Gênero: Rock And Roll
01 – Rincon Sapiência – Galanga Livre
Rincon Sapiência está presente na cena nacional do hip-hop há muitos anos, mas só agora lançou de fato seu primeiro disco de estúdio.
Mas ao mesmo tempo em que é a “porta de entrada” para a sua discografia, Galanga Livre também atua como um resumo de toda a carreira do rapper. Influenciado pelos mais diversos estilos musicais, o trabalho retrata o melhor que a cena do rap nacional tem a oferecer.
Nele, Sapiência mistura ritmos de carnaval, funk carioca e até mesmo guitarras cheias de groove para acompanhar suas letras que, dentre muitos assuntos, retratam a realidade dos problemas sociais que infelizmente estão constantemente presentes na nossa sociedade.
Galanga Livre é um álbum de rap que somente um brasileiro poderia criar, servindo como um representante fiel da crescente força da cena nacional do hip-hop, forte, criativa e com posição de destaque no país. É, sem dúvida alguma, o disco do ano.
Por Matheus Anderle
Gênero: Rap