Entrevistas

Conversamos com o Neck Deep sobre planos futuros, Brexit e possível vinda ao Brasil

Batemos um papo com Fil Thorpe-Evans, baixista do Neck Deep, uma das maiores revelações do pop punk nos últimos anos. Confira!

Foto: Divulgação
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Com o grande retorno do pop punk e do emo à cena musical, grandes bandas surgiram nos últimos anos para aqueles que estavam órfãos do estilo. O Neck Deep é um desses atos que vem chamando atenção e surpreendendo o público e a crítica com sua originalidade e qualidade.

Com três álbuns de estúdio em uma bagagem de apenas cinco anos de carreira, os galeses de Wrexham estão ganhando cada vez mais espaço na cena e conquistando uma base de fãs invejável.

Seu último disco, The Peace and The Panic, lançado em 18 de Agosto pela Hopeless Records, atingiu o #2 da lista de vendas de álbuns nos Estados Unidos e no #4 da Top 200 da Billboard. Se uma banda de pop punk conseguindo este feito em pleno 2017 não é algo incrível para os fãs do gênero, não sabemos o que é.

Para entender um pouco melhor deste sucesso, conversamos com o Fil Thorpe-Evans, baixista do Neck Deep, que falou sobre Brexit, composição, momento que estamos vivemos e muito mais. Confira!

TMDQA!: As pessoas sempre definem seu estilo como pop punk, mas parece que em The Peace and The Panic (2017) vocês procuraram outros elementos, não só no som, mas também na estética dos vídeos, arte dos álbuns e mais. Como foi esse processo de gravar o disco e lançá-lo? Quais influências tiveram um impacto grande na banda para resultar nessas canções?

Fil Thorpe-Evans: Eu acho que o fato deste álbum ser o nosso terceiro fez uma grande diferença nas mudanças de estilo. Sentimos que ainda é um álbum de pop punk e que somos uma banda de pop punk, mas nossos dois primeiros álbuns eram TÃO pop punk que já estávamos prontos para nos divertir um pouco e tocar o barco. Já sobre a estética e todo o elemento, aconteceu muito naturalmente. Nós apenas seguimos com o que parecia certo e que seria divertido e interessante para nós e nossos fãs.

TMDQA!: O Neck Deep já tocou em grandes festivais como o Reading e o Leeds, e seus vídeos no YouTube são muito populares, com mais de 2 milhões de visualizações. É difícil de manter os pés no chão com um sucesso tão gigante quando chega a hora de compor um novo disco? Vocês consideram quais reações os fãs podem ou não ter quando estão no estúdio?

Fil: Com certeza, é complicado não deixar que estas coisas influenciem pelo menos um pouco, mas geralmente é passageiro. Temos orgulhos de não pensar muito em tendências ou o que as pessoas podem dizer da nossa música, apenas fazemos o que gostamos e sempre funcionou. Eu acho que as pessoas percebem quando você está tentando fazer algo forçado, ao mesmo tempo que percebem quando você é verdadeiro. Dá pra ouvir na música quando você está curtindo e está orgulhoso daquilo.

TMDQA!: O The Peace And The Panic lida, como sugere o título, com essa dualidade na vida de todo mundo. Estamos passando por momentos bem pesados agora no mundo inteiro, e parece que o “pânico” é mais presente do que a “paz” atualmente. Qual é a mensagem que vocês querem passar com o álbum e como vocês se sentem sobre a importância da arte e da música em tempos como este?

Fil: A música é terapia para basicamente todo mundo e com a gente é a mesma coisa. Todos os tópicos das nossas canções são apenas reflexões do que estamos passando e sentindo. Mas a gente gosta de sempre transmitir um sentimento de positividade e de que as coisas vão melhorar, e que a vida te devolve o que você coloca no mundo.

TMDQA!: A Grã-Bretanha está passando pelo Brexit, os Estados Unidos estão lidando com conflitos sociais todos os dias e têm um líder que é visto como racista, a Catalunha está tentando se separar da Espanha. Como você se sente pessoalmente sobre o mundo em que vivemos agora? Quando falamos do Brexit, você acha que essa é a melhor opção?

Fil: É uma época muito turbulenta para se viver, disso tenho certeza. Eu honestamente acho que o mundo está em um tipo de fase de transição para uma nova maneira de se viver e uma nova estrutura social e ética, se isso faz sentido. Tem algumas partes positivas e outras não tão positivas. Já sobre o Brexit… eu acho que ninguém está interessado na minha opinião sobre isso. [risos]

TMDQA!: Algumas músicas neste álbum vieram após perdas pessoas de alguns membros. Quando alguém olha de fora, parece que tudo foi muito bom para vocês nestes anos. Como que estes problemas os deixaram mais fortes para surgir com um novo ciclo de gravação?

Fil: É, as coisas foram muito bem por um tempo, e aí a gente passou por vários momentos difíceis de uma vez. Mas como eu disse antes, somos pessoas positivas que acreditam em superar as coisas e ficar mais forte. É um pilar da nossa música e da nossa mensagem, então acho que seríamos hipócritas de deixar isso nos destruir. Tentamos sempre nos lembrar que fazemos isso porque amamos e que somos extremamente sortudos.

TMDQA!: O pop punk e o emo estão voltando à ativa já tem um tempo, com novas bandas como vocês lançado discos bem sucedidos e bandas mais velhas como o Blink-182 e o Brand New fazendo grandes retornos. Como vocês se sentem sobre essa cena? Vocês ainda são influenciados por isso?

Fil: Absolutamente. Eu sempre serei influenciado pelas bandas que me ajudaram a descobrir o mundo da música alternativa. E outra, quase todos eles estão de volta e as novas músicas são incríveis pra caralho. Eu acho que qualquer coisa que ajudar a trazer mais música para este mundo é ótima.

TMDQA!: Quando vocês vêm ao Brasil? Há alguma turnê sul americana no radar do Neck Deep?

Fil: Não tenho certeza do que posso falar por aqui ou do que já foi anunciado, mas iremos muito em breve, prometo!

TMDQA!: Quais são os planos para 2018?

Fil: Uma porrada de shows. Nós temos algumas ideias e estamos falando sobre algumas coisas “especiais”, se assim posso dizer. Não posso entregar nada, mas não vamos APENAS sair em turnê e mais nada.

TMDQA!: Nosso site se chama Tenho Mais Discos Que Amigos!, o que é algo tipo “I Have More Records Than Friends”, em inglês. E você, tem? 

Fil: Ah, é claro. Qualquer pessoa que tem mais amigos do que discos é meio estranha.