Amplifica: 10 bandas de Sergipe que você deveria conhecer

Nos últimos anos, novas bandas têm aparecido no estado de Sergipe e grupos antigos se consolidado. Confira no Amplifica 10 bandas sergipanas para conhecer.

Amplifica - Música Sergipana
Amplifica - Música Sergipana

Nos últimos anos, ótimas novas bandas têm aparecido no estado de Sergipe. Além disso, nomes um pouco mais antigos se consolidaram, aliando desde reconhecimento nacional a turnês internacionais e indicações para premiações importantes. De forma especial, os anos de 2016 e 2017 parecem ter sido períodos bem importantes de ebulição desse cenário. A ideia dessa lista, acima de tudo, é fazer uma espécie de fotografia da paisagem sonora atual em Sergipe e, como toda fotografia, é limitada e muita coisa boa fica de fora. Está aqui também refletida a riqueza de gêneros e propostas musicais presentes no estado, demolindo qualquer ideia estereotipada e unívoca do que seria “música sergipana”. Além de todos esses méritos, Sergipe é, afinal de contas, o estado onde nasci e cresci. Então, sem mais enrolação:

Créditos: Larissa Bione
Héloa
Disco: Eu
Ano: 2016
YB Music

Héloa é uma das maiores representantes da qualidade da nova música sergipana. A força do título dado ao primeiro álbum, Eu, que soa tanto como uma apresentação, mas também como uma espécie de afirmação, se mostra presente nas suas dez faixas. Explorando a riqueza sonora da música brasileira, principalmente dos ritmos nordestinos, o disco se preocupa muito mais em buscar emoções e experimentações estéticas do que se associar a algum tipo de gênero. A voz absorvente de Héloa passa por releituras de artistas que vão desde Geraldo Azevedo (Caravana) a Otto (em uma versão mais bossa nova de Crua), entre outros. Para ouvir planejando mudanças.

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Para quem gosta de: Anelis Assumpção, Céu, Gal Costa

Créditos: Snapic Fotografias
The Baggios
Disco: Brutown
Ano: 2016
Toca Discos

O The Baggios já representou a música sergipana nos maiores festivais do país, em reconhecidos festivais internacionais e, em 2017, recebeu uma indicação para o Grammy Latino. Originalmente formado como um duo (Julio Andrade, guitarrista, e Gabriel Perninha, baterista), em Brutown a banda recebe a contribuição de Rafael Ramos no teclado e sintetizadores, trazendo mais corpo à sonoridade. Assim como a história do blues tem relação direta com o seu local de origem, a região sul dos Estados Unidos e a cultura africana, o The Baggios marca suas origens em uma cidade histórica chamada São Cristóvão, no interior de Sergipe. Em Brutown, a banda aposta ainda mais fichas nas influências do rock nacional dos anos 70 (Os Mutantes e Raul Seixas, entre outros), bem como referências mais sutis a ritmos tipicamente nordestinos, a exemplo do baião, sem perder o peso que remete ao Black Sabbath e o grunge. Outro ponto importante são as diversas participações no disco, como Jorge Du Peixe (Nação Zumbi), Gabriel Thomaz e Érika Martins (Autoramas), para citar apenas duas, que fazem com que Brutown, além de um grito de revolta, abordando muitos temas sociais, também pareça um grito de união. Para ouvir quando estiver com alguém que acredita que o rock acabou.

Para quem gosta de: Raul Seixas, Seasick Steve, Royal Blood

Créditos: Nathalia Cafezeiro
Taco de Golfe
EP: Cato
Ano: 2017
Mangaba

Nos anos 90, grupos como Don Caballero e Shellac, muitos deles com integrantes que faziam parte de bandas punk e hardcore, começaram a fazer um som completamente estranho, com andamentos peculiares, que acabou sendo rotulado de math rock. Em épocas mais recentes, nomes como Chon e Enemies parecem ter trazido um novo frescor ao estilo. De algum modo, o Taco de Golfe consegue atravessar toda essa história do gênero em apenas duas músicas lançadas. Alternando dinâmicas intrincadas e aceleradas com momentos de construção de tensão – remetendo às inflluências de post-rock -, a banda, com pouco tempo de vida, já apresenta talento e criatividade de sobra para se tornar uma grande referência não só no math rock, mas para o rock instrumental brasileiro. Para ouvir perdido em um labirinto.

Para quem gosta de: Chon, Lite, Don Caballero

Créditos: F. Goettenauer Fotografia
Casco
EP: Casco
Ano: 2017
Independente

O cuidado da banda Casco com as suas músicas fica transparente em cada faixa do EP homônimo, apostando ainda em um certo compasso do rock junto com o jazz, evocando uma atmosfera errante e sonhadora para as músicas. O instrumental do grupo é mais montado em cima de camadas que soam intuitivas que concretas. Em outros momentos, entretanto, como em Tropeço, a última faixa do EP, a banda prefere um rock descomplicado e direto. De um modo geral, a sensação principal talvez fale sobre a habilidade que o grupo tem de agregar a textura dos instrumentos com a melodia das linhas vocais, o que fica manifesto em Casa de Madeira. A banda apresenta um tipo de som que pouco provavelmente seria feito por um músico solo, fazendo da coesão e do entrosamento, talvez, a matéria-prima principal das composições. Para ouvir tentando acordar de um sonho lúcido.

Para quem gosta de: Karate, Ventre, Luziluzia

Créditos: Juliana Teixeira
Cidade Dormitório
EP: Esperando o Pior
Ano: 2017
Independente

Cidade Dormitório é mais um representante de novas bandas sergipanas que surgiram nos últimos anos. O nome e o título do disco, de primeira, parecem assustar. Cidade Dormitório lembra tédio e pouca coisa para fazer e o título dado ao disco, Esperando o Pior, não nos deixa mais animados. Mas já nos primeiros segundos da primeira faixa do EP – Setas Azuis – percebe-se que se trata de outra coisa. A banda reúne a animação do indie rock com um certo desleixo do grunge. Nos shows ao vivo, não é incomum ver muita gente cantando e dançando juntos. A banda dispensa formalidade, apostando em um som sujo, cheio de guitarras – aliás, no Cidade Dormitório não há hora ruim para encaixar um solo. A espontaneidade das faixas soa como se estivéssemos ouvindo uma jam despretensiosa de alguns amigos que se reuniram e começaram a tocar sem saber onde chegar. Para ouvir quando você sabe que deveria ir para casa, mas resolve ficar mais um pouco.

Para quem gosta de: Pixies, Terno Rei, Cage The Elephant

Créditos: Igor Nogueira
Arthur Matos
Disco: Homeless Bird
Ano: 2016
M4 Music

Um dos maiores representantes do folk brasileiro é também fruto da música sergipana. Homeless Bird é o dedicado e cuidadoso trabalho de Arthur Matos. Cada faixa do disco traz a sensação de ter sido produzida com um carinho muito especial. Com composições escritas em inglês, Arthur Matos passeia por referências que ajudaram a definir o folk (Bob Dylan, Nick Drake, entre outros), bem como por referências mais contemporâneas (Wilco, Fleet Foxes etc.). Algumas canções de Homeless Bird mostram o lado mais melancólico e introspectivo do gênero, mas há ainda espaço deixado para composições mais enérgicas e convidativas, para cantar junto e talvez até ensaiar alguma dança. Há ainda uma grande riqueza de texturas, principalmente em relação aos vocais presentes no álbum, uma atenção privilegiada que lembra os melhores momentos do The Beach Boys e Brian Wilson. Para ouvir voltando para casa de uma viagem.

Para quem gosta de: The Band, Vanguart, Wilco

Créditos: Catarina Ribeiro
Sandyalê
Disco: Um no Enxame
Ano: 2014
Orí Estúdio

Um no Enxame é o primeiro álbum da cantora sergipana Sandyalê. Dos artistas dessa lista, Sandyalê talvez seja a que mais representa a atmosfera litorânea de Aracaju, capital do estado. O disco cruza as principais referências da música nordestina, englobando aqui toda a sua riqueza e diversidade. O instrumental, em sua maior parte, é temperado pelo dub, reggae e a percussividade da música africana. A voz vivaz de Sandyalê navega pelas faixas com naturalidade e expressividade. Para quem quer ir direto ao ponto sobre o que está sendo dito aqui, deixo como sugestão a segunda e a terceira faixa do álbum: A Fila e O Cheiro e a Flor. Para ouvir limpando os pés de areia.

Para quem gosta de: Tulipa Ruiz, Tono, 3 na Massa

Créditos: Jessika Lima
Tody’s Trouble Band
Disco: Trilha Sonora do Cão
Ano: 2017
Independente

Fundada em 2011, o Tody’s Trouble Band, originalmente, é composta por baixo acústico, bateria e guitarra. Acima de qualquer coisa, o grupo aposta no que há de mais divertido no rock, incorporando influências do punk, surf music, blues e rockabilly. Os arranjos espirituosos lembram as referências que construíram o gênero como o conhecemos tradicionalmente: o vigor dançante de Chuck Berry, as paisagens ensolaradas de Dick Dale e a capacidade de contar boas histórias através da música que remetem ao Johnny Cash, entre outros nomes. Um dos méritos do rockabilly é brincar com a formalidade do jazz através de bom humor e diversão, e a banda, de algum modo, segue essa mesma linha. No fim das contas, é uma divertida visão do que o rock pode ser. Para ouvir em um bar com três pessoas.

Para quem gosta de: Stray Cats, The Reverend Horton Heat, O Lendário Chucrobillyman

Créditos: David Dória
Renegades of Punk
EP: Espelho Negro
Ano: 2014
No Gods No Masters

Não só para Sergipe, mas o Renegades of Punk é uma referência para o punk brasileiro, tendo feito em 2014 uma turnê na Europa, que pode ser melhor conferida nesse documentário. Espelho Negro é um EP de quatro faixas, mas para quem ficou interessado também pode conferir o álbum Coração Metrônomo, lançado em 2012 – lembrando que a banda começou a tocar em 2007. Montada como um power trio, o Renegades of Punk consegue ser raivoso e dançante ao mesmo tempo (na verdade, para o que acontece aqui é muito mais como se uma coisa levasse à outra). A sonoridade da guitarra lembra algumas bandas de pós-punk como Wire e Mission of Burma. Para ouvir sendo queimado pelo calor.

Para quem gosta de: Futuro, Bikini Kill, Youth Avoiders

Créditos: Divulgação no Bandcamp
Zeigeist
EP: Z e i t g e i s t 
Ano: 2016
Independente

Sergipe possui uma importante tradição de bandas de punk e hardcore, a começar pela Karne Krua, mas também lembrando de Triste Fim de Rosilene, a própria Renegades Of Punk (citada acima), entre outras. Juntando-se a esse bolo, o Zeitgeist nos lembra porque o punk e o hardcore, afinal de contas, existem. O álbum foi gravado em 2015, lançado em 2016, sucedendo o Zero EP. Nesse disco, a banda já se mostra precisa e (des)confortável em sua própria agressividade e sujeira. O Ratos de Porão é o nome que vem à mente como principal referência desse disco, mas também bandas como OFF! e outros grupos mais agressivos da Dischord Records (Minor Threat, Government Issue). Música confrontadora e barulhenta em todos os seu aspectos, do início ao fim. Para ouvir na segunda. Clique abaixo para ouvir no Bandcamp.

Para quem gosta de: Ratos de Porão, Black Flag, Discharge

Z e i t g e i s t by Zeitgeist

 

 

 

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