Para fechar 2017 com chave de ouro, a nova temporada da aclamada série Black Mirror estreou no último dia 29 de Dezembro.
Famosa por enxergar os males dos avanços tecnológicos em perspectivas futuras da nossa sociedade, a série da Netflix adicionou mais 6 episódios em seu catálogo.
E, para comemorar, selecionamos alguns clipes emblemáticos que discutem o tema da tecnologia. Tendo eles uma perspectiva boa ou ruim dos avanços tecnológicos, com certeza esses trabalhos criativos poderiam ser a origem para novos episódios da série.
“Are You Lost In The World Like Me” – Moby
O cantor novaiorquino Moby teria feito um perfeito episódio para a série junto a sua banda The Void Pacific Color. O clipe animado feito para a canção “Are You Lost In The World Like Me?” mostra claramente a falta de empatia entre as pessoas na vida real.
Com uma estética que em muito lembra os desenhos animados da década de 30, o vídeo põe o espectador para pensar. Nos desenhos da época mencionada os personagens interagiam entre si, e não apenas ficavam cabisbaixos olhando para a tela de seus celulares.
Críticas são feitas à abordagem da violência na sociedade atual, além da falsa “felicidade virtual” pregada nas redes sociais. Cenas pesadas incluem o suicídio de uma menina que foi exposta através de um vídeo, enquanto as outras pessoas apenas filmavam a cena.
A cena final, simbólica, mostra vários usuários de smartphones caminhando rumo a um abismo. Vale a pena para refletir:
“#SELFIE” – The Chainsmokers
O mundo das fotos e das memórias foi ressignificado com o advento dos smartphones e suas câmeras cada vez mais modernas. Criou-se até um novo termo, “selfie”, para as fotos tiradas com as câmeras frontais dos aparelhos.
Isso se tornou uma febre ao alcance de qualquer um que tenha um smartphone em mãos. Práticas, simples e fáceis de serem tiradas, as fotos mudaram o conceito das fotografias e, de certa forma, a relação do ser humano com a imagem. E o impressionante é que já essa obsessão por imagem resultou até em casos de morte.
E cá temos uma música que explora o tema. Talvez não de forma crítica, mas percebemos claramente essa temática em “#SELFIE”, do duo de DJs The Chainsmokers. O vídeo basicamente conta com jovens se divertindo em uma festa e com várias, mas várias, selfies.
A letra da canção conta com alguns assuntos um pouco mais superficiais, sendo basicamente uma menina e seu dilema sobre as fotos tiradas. “Vocês me ajudam a escolher um filtro?” e “Calma! O Jason acabou de curtir minha selfie” são alguns dos versos.
“Ayo Technology” – 50 Cent feat. Justin Timberlake & Timbaland
Ainda antes da onda revolucionária dos smartphones, 50 Cent se juntou a Justin Timberlake e a Timbaland para especular a luxúria do futuro em “Ayo Technology”. O ano era 2007, e o eu-lírico da canção já se dizia cansado da tecnologia.
A ideia é que a aproximação das distâncias está afetando o modo como as pessoas se relacionam. Versos como “I need you right in front of me” mostram que, apesar dos benefícios tragos pela tecnologia, a relação humana ficou mais frágil.
Isso só fica mais claro com o uso dos binóculos especiais “raio-X” e com o uso da bizarra tecnologia que faz com que homens “toquem” mulheres sem que estejam próximos delas.
“Admirável Chip Novo” – Pitty
“Pense, fale, compre, beba, leia, vote, não se esqueça” são basicamente ordens de forças externas para dar sentido à vida dos jovens. “Admirável Chip Novo”, single do homônimo álbum de estreia da cantora baiana Pitty, é uma inteligente canção que fala de uma sociedade que impõe a necessidade de significado. Jovens são moldados aos olhos desse sistema, seja ele a política, a moral ou a mídia.
A canção, representante brasileira na lista, faz claramente referência ao Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley. No clipe, Pitty e sua banda se comportam como robôs. No refrão, mostram quem realmente são, sem interferências da imposição de terceiros. É a questão da obediência do ponto de vista de jovens. Eles não são robôs que fazem o que são programados para.
É crítica à forte influência da moda e dos princípios sociais, que ganharam ainda mais força com o advento do mundo digital que vivemos hoje.
“Technology” – Daft Punk
O duo europeu Daft Punk tem, indiscutivelmente, uma sonoridade moderna que remete aos gêneros eletrônicos. O tema dos avanços tecnológicos já foram abordados em diversas faixas lançadas pela dupla, como “Digital Love” e “Robot Rock”. Mas já pararam para ter medo do videoclipe de “Technology”?
Resumidamente, trata-se de um robô assistindo televisão e recebendo uma série de “comandos”, quase ordens. Na tela da televisão, as tais regras são ditas por outro robô. O modo imperativo pelo qual os verbos são ditos dão a entender que a tecnologia está hipnotizando e mandando no espectador.
“Do The Evolution” – Pearl Jam
Aqui temos uma retrospectiva da história na Terra, com foco maior na dominação humana do planeta. O vídeo aborda tecnologias em um sentido mais amplo, visto como um “facilitador” das ações humanas, o que inclui inclusive as guerras.
Seguindo uma peculiar linha cronológica, o vídeo de “Do The Evolution”, da banda Pearl Jam, termina com cenários futuros que levariam à auto-destruição da raça humana. Uma cidade com clones, onde bebês são “carimbados” com códigos de barras na cabeça, é bombardeada. Enquanto isso, computadores dominam seres humanos como marionetes. Tudo isso desemboca em uma grande explosão nuclear.
“Virtual Insanity” – Jamiroquai
Lançado em 1996, o clipe mais famoso e premiado do Jamiroquai tem uma perspetiva do futuro. “Vitual Insanity” se passa em quarto futurístico, e serve como metáfora para quanto o ser humano não tem domínio sobre a tecnologia.
O vídeo tem foco no vocalista Jay Kay, que canta em um confuso ambiente onde o chão e os móveis se mexem constantemente. Além disso, um corvo aparece sobrevoando o cenário e sofás sangram. Tão imprevisível quanto o mundo em que vivemos hoje, certo?
“Too Many Friends” – Placebo
Quantos amigos você tem nas suas redes sociais? E com quantos desses você pode contar para a vida real? Essa reflexão é provocada pela letra e pelo vídeo de “Too Many Friends”, da banda britânica Placebo.
Com o mínimo de interação humana possível, o vídeo conta com pessoas aparentemente nada felizes, que andam por aí isoladas com seus fones de ouvido. Explora a solidão de uma maneira mais simples. O mundo digital se tornou refúgio para a solidão e desacostumou as pessoas a interagirem entre si.
E aí, mais alguma sugestão? Não esqueça de deixar a sua opinião nos comentários!