Uma das coisas mais legais de conversar mais de uma vez com um artista é ver a evolução e sua maturidade aparecendo. Da primeira vez que falei com Lisa-Kaindé e Naomi Díaz, as simpaticíssimas irmãs que formam o Ibeyi, elas estavam no Skype, brincando com um gatinho e ainda muito surpresas com o sucesso que o projeto delas estava conseguindo.
Um ano depois, muita coisa mudou. Com o segundo álbum (Ash) lançado e muito elogiado e uma tour internacional pegando fogo, o Ibeyi está muito mais consciente de sua sonoridade, mensagem e impacto nas pessoas. Prestes a voltar ao Brasil para dois shows (dia 31/01 em São Paulo e 01/02, no Rio), conversamos com a carismática Lisa sobre as mudanças ocorridas nesse segundo disco e as expectativas para a turnê.
TMDQA: Nós falamos rapidamente no último ano, quando vocês estavam vindo pro Brasil. Hoje parece que foi eras atrás…
Ibeyi: Nossa, demais
TMDQA: Tudo era diferente… Nós tínhamos tanta esperança (Risos)
Ibeyi: Sim! (Risos)
TMDQA: E o disco de vocês, Ash, parece ser uma resposta direta aos múltiplos modos como ódio ficou… normal. Você sente isso?
Ibeyi: Nós sentimos isso. Não sei se uma resposta pro mundo, mas pra gente. Durante a turnê do último disco, nós vimos muitas situações problemáticas, muitas coisas que nos deixaram tristes e pessimistas. Pensamos em usar isso como inspiração para nós mesmas. Talvez o que você faça possa parecer pequeno para as pessoas, mas é enorme para quem fez. “Deathless” foi uma música que foi terapêutica para nós.
TMDQA: E eu sinto que, de vários modos, esse é um disco otimista…
Ibeyi: É sim!
TMDQA: Parece que você está ouvindo histórias de dias ruins que vão ajudar a guiar para fora desse sentimento. Na última conversa que tivemos, falamos sobre essas mudanças que músicas podem gerar e vocês pareciam muito otimistas. Vocês acreditam que a música de vocês pode ser essa luz guiando o caminho?
Ibeyi: Nossa, é muito bom ouvir isso! Obrigado! Não sei se a nossa música ou qualquer música pode ter esse poder, diretamente. Mas a transmissão de pensamentos, de emoções, a catarse criada por ela pode fazer a diferença. E queremos que as pessoas usem música para isso, que cantem o que só elas ouvem, que cantem o que escreveram nos seus quartos. Nós realmente acreditamos na raça humana e no que podemos nos tornar. Não tentamos pregar um modo certo de fazer isso, estamos tentando entender como ser melhores e passando isso adiante.
TMDQA: Uma das coisas que mais me surpreenderam no disco foi “Me voy”. Antes de tudo porque La Mala (Rodriguez) é incrível!
Ibeyi: Ela é!
TMDQA: E também, como latino-americano, foi bem legal ver o lado cubano de vocês surgir na música que fazem. Como ela é foi criada?
Ibeyi: Foi algo que Naomi queria muito! Ela falava que precisava de algo para dançar, algo que tivesse um tanto de rap e de reggaeton, que é o que ela mais ouve. Você não tem ideia, ela realmente ama reggaeton. Aí falei “vamos nessa”, fizemos a nossa música já pensando em La Mala para participar. Mas o mais curioso é que fechamos a nossa música num domingo e mandamos por e-mail para ela e na segunda de manhã já tinha uma versão com o vocal dela.
TMDQA: Nesse começo de 2018 vocês vocês vão voltar pro Brasil. Todos que conheço que foram no show falaram que foi transcendental. Você tem memórias boas daqui, Lisa?
Ibeyi: Nossa, tenho! Foi nosso melhor show! E antes de que você pense isso, não falamos isso para todos! (Risos) Realmente foi nosso melhor show, era o fim da turnê e não sabíamos o que esperar. E todos cantavam todas as músicas, foi incrível.
TMDQA: E o que mudou com a turnê do Ash?
Ibeyi: Nós estamos mais fortes e queremos mais de tudo. Mais fortes até fisicamente, sabe? Queremos entregar mais e receber mais do público. Esse tempo que dividimos com as pessoas, sentir elas parte do que fazemos é incrível. Mas no palco ainda somos só nós duas e nossos brinquedos! (Risos) Só as luzes que estão bem mais bonitas.
TMDQA: Vocês vão ter algo tempo livre no Brasil? Na época do show de vocês vai ser quase carnaval e vão ter blocos rolando já.
Ibeyi: Sério, que incrível! Espero que o pessoal não desista de ir no show para ficar dançando… Confesso que eu ficaria tentada! (Risos)