O canal de turismo VisitSeattle.tv no YouTube lançou recentemente uma série chamada Dear Seattle (ou “querida Seattle” em português), onde reuniu cinco diretores que tem uma relação próxima com a cidade para a criação de cinco pequenos curtas que seriam suas cartas de amor à Seattle e às histórias que viveram na cidade.
Um dos ilustres participantes é ninguém menos que Dave Grohl, que lançou o seu episódio intitulado How I Ended Up in Seattle (ou, “Como eu acabei em Seattle”). Assista ao fim da matéria.
Grohl fala que sua primeira experiência na cidade foi durante uma turnê com o Scream quando ele ainda era adolescente, e que inclusive recomendou que a mãe se mudasse pra lá após a sua aposentadoria pelas excelentes condições que a cidade oferecia.
O eterno baterista do Nirvana ainda diz que conseguiu uma chance de voar até a cidade para tentar entrar para a banda graças a uma recomendação do The Melvins, e que ficou encantado com a atmosfera de cidade pequena que uma metrópole como Seattle podia proporcionar. Graças a explosão das bandas grunge da época e a proliferação dos seus fãs, todos ficavam concentrados em bares, porões e clubes de rock devido ao clima constantemente fechado da cidade, que fazia com que todos se encontrassem nesses locais.
Eu me sinto feliz por ter experienciado esse punhado de anos nos quais Seattle simplesmente explodiu. As experiências que eu tive naquela idade, uma em que você se sente facilmente impressionável, moldaram tanto a pessoa que eu sou hoje. Eu vivia com o meu amigo Barrett em um quarto nos fundos de uma casa, sabendo que eu poderia ter comprado qualquer outra casa naquela rua, mas eu não queria mudar.
Eu estava em uma banda com o maior compositor da nossa geração, e tudo que eu tinha que fazer era tocar a minha bateria como se fosse o último dia da minha vida. Então fazia isso, todas as vezes. Eu tive essa experiência incrível e amadurecedora enquanto estava lá, e então logo em seguida tive a experiência mais devastadora da minha vida ao mesmo tempo.
Dave também se abre sobre a importância que certos locais e experiências tiveram em sua vida, por piores que fossem no momento.
Depois que o Kurt morreu, eu não consegui ouvir música por meses. Nada de rádio, TV, nada. Eu não conseguia suportar o som de música, eu estava com medo da música, e aí eu percebi que ela seria a única coisa que me ajudaria a sair daquele estado mental. Seattle perdeu muitos bons talentos, mas de alguma forma essas perdas somente fortaleceram os nossos laços. Quando eu volto para Seattle eu sempre alugo um carro e dirijo pelos locais que eu frequentava. Eu percebo que estou dirigindo devagar quando eu passo pelos lugares onde o meu coração foi despedaçado, porque eu quero que essas experiências permaneçam comigo.
Todas aquelas lições que foram aprendidas naquela época, e todas as coisas que eu ganhei, e todas que eu perdi, eu ainda as sinto. Ainda estão nas minhas veias. Elas viraram parte do meu DNA e me guiam como uma bússola por onde eu vou. Eu não estaria aqui se não fosse por Seattle. Era o lugar perfeito para uma pessoa como eu. Eu gostaria que Seattle me aceitasse de volta.
Não é a primeira vez que Grohl faz esses relatos, como já ocorreu no documentário sobre a trajetória do Foo Fighters, Back and Forth, mas é sempre interessante absorver um pouco mais sobre as experiências nesse período do início dos anos 90 em uma cidade que ficou tão marcada pela história de bandas como o Nirvana, Pearl Jam, Soundgarden e Mudhoney, entre tantas outras.
Em tempo, a chance é grande de você encontrar o Foo Fighters na sua cidade esse ano. Dave Grohl e seu quinteto aterrissam no Brasil com o Queens Of The Stone Age para uma série de shows no Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre entre o fim de fevereiro e o começo de março.