Bruce Dickinson, o frontman do Iron Maiden, soltou o verbo contra a indústria do streaming em uma nova entrevista para o Comebackstage, um blog alemão.
Durante a conversa, o músico falou sobre como os artistas que estão começando suas carreiras agora encaram problemas diferentes dos existentes na época em que iniciou a própria carreira.
“[Os músicos que estão começando agora] têm um trabalho difícil, na real, por conta dos downloads digitais — bom, não os downloads digitais em si, mas os resultados de serviços como Napster ou coisas do tipo”, ele disse.
Mesmo agora que os downloads viraram mainstream, o Napster destruiu o conceito da música ter qualquer valor — o que é algo terrível. Eu acho que o cara [que fundou o Napster] deveria ser preso, ou talvez ele já tenha sido preso — ele merece estar. Foi um ato de pura auto-destruição egoísta.
O Napster foi um serviço de downloads fundado em 1999 por Sean Parker, Shawn Fanning e John Fanning. Além de ter uma participação na criação do Facebook, Parker também fez parte da equipe do Spotify por um tempo.
Dickinson continuou:
Para uma banda como a nossa, nós ainda lançamos discos, mas já aceitamos o fato de que não fazemos quase nenhum dinheiro gravando um disco.
Ainda fazemos isso porque precisamos, porque amamos isso e sentimos a necessidade de gravar novas músicas. O legal é que podemos fazer turnês e ganhar dinheiro tocando ao vivo. Outras bandas, bandas que estão começando agora com músicas excelentes não têm a mesma sorte. Músicos brilhantes não são pagos pelos trabalhos incríveis que fazem.
Em seguida, o cantor fala sobre como hoje em dia as pessoas pagam “por qualquer coisa”, exceto música:
Eu ganho dinheiro quando vendem meu livro. A diferença é, eu levei dois meses e meio para escrever esse livro, eu recebo um royalty e, pra ser sincero, é bem justo, bem razoável. Se esse livro fosse um disco e eu levasse dois meses e meio para escrevê-lo, eu teria que distribui-lo de graça, porque as pessoas compram livros, mas não compram discos. Isso é triste e errado.
Eu não sei onde vamos parar no futuro. É possível que o mundo dos downloads digitais comece a render um pouco mais de dinheiro e que os artistas comecem a ganhar um pouco mais.
Quando você considera que a maioria das pessoas, quando sentam e escutam um álbum, talvez bebam um pouco de cerveja ou um energético ou algo do tipo, elas pagam o preço dessa bebida, mas não vão pagar o preço de um álbum. E isso é triste.
Eu acho que todo mundo precisa ser educado com o fato de que a música tem um valor real e que músicos têm um valor real; eles passam anos aperfeiçoando seu trabalho para poder entreter pessoas.
Quando perguntado sobre qual conselho daria para artistas novos, o músico completou: “Não é o suficiente ser apenas bom, não é o suficiente ser melhor que a média — você precisa se destacar muito. Você precisa ter músicas que toquem as emoções das pessoas”.
Você pode conferir a entrevista completa logo abaixo.