Música

Ex-integrante fala sobre doloroso processo de demissão do Guns N' Roses

Em nova entrevista, Steven Adler diz que "só queria morrer", e fala sobre vício em heroína que causou a sua demissão da banda.

Steven Adler

Steven Adler foi uma parte importante do Guns N’ Roses no início da carreira da banda.

O baterista esteve nos dois primeiros discos do grupo, incluindo o gigantesco álbum de estreia Appetite For Destruction (1987) e também ajudou a compor alguns de seus hits.

Acontece que em 1990 ele foi demitido da banda por conta do vício em heroína, e agora em uma participação no programa “Mom, It’s Not Devil Music!”, ele falou abertamente sobre o assunto, e a Blabbermouth transcreveu alguns dos trechos mais impactantes:

Um dia você está no topo do mundo, no outro dia você não é ninguém.

Um dia eu pensei, ‘Isso não é legal. Não quero mais fazer isso [usar heroína].’ E eu não sabia que se você usa heroína e aí de repente para de usar, fica violentamente doente – violentamente doente. Tipo, o interior dos seus ossos ficam doloridos – o interior de cada um de seus ossos, dói tanto que você só quer morrer. Eu liguei para o meu empresário e disse, ‘Cara, estou doente pra caralho. Não sei o que está acontecendo.’ Então ele veio, me pegou e me levou para um médico, e o médico me deu um bloqueador de opioides. Bom, você não deve tomar um bloqueador de opioides enquanto ainda tem opioides no seu organismo ou ficará ainda mais violentamente doente.

Três dias se passaram aí eu liguei para o médico e pergunte, ‘Que diabos você fez comigo?’ E aí, tipo, quatro dias se passaram e o Slash me ligou e disse, ‘Bom, nós temos que entrar em estúdio para gravar ‘Civil War”. E eu disse, ‘Cara, eu estou tão doente. Por favor, não podemos esperar mais uma semana? Estou tão doente.’ E ele disse, ‘Não podemos jogar dinheiro fora. Temos que gravar essa música.’ Então eu fui até a A&M Records para gravar, mas estava fraco e doente. E eu fiz o meu melhor, mas tinha que tocar a música tipo, 25 vezes. Então eles ficaram frustrados. E eu falava para eles, ‘Estou doente.’ E eles ficavam dizendo, ‘Não, você não está doente. Você só está fodido.’ E eu disse, ‘Eu não estou fodido. Estou doente.’ E aí eu fui demitido.

Steven Adler ainda falou sobre como as coisas mudaram após a demissão:

Eu tinha empresários, roadies, uma banda, agentes, contadores – pessoas ao meu redor todo tempo – que eu achava que eram meus amigos e iriam cuidar de mim, aí literalmente, de repente, eu estava sozinho. Não tinha ninguém. Eu tinha certeza de que seria um desses rock stars que aos 27 anos de idade morrem por causa de uma overdose.

Os Anos 90 foram horríveis para mim. Depois de ser demitido do Guns N’ Roses eu tive que assinar esse contrato. Eles tiraram tudo de mim. Eu não sabia disso. Aí eu tive que processá-los. Perdê-los foi o que me fez perder o controle de tudo. Eu iria ficar sóbrio porque eu já estava de saco cheio das drogas. Eu não gostava de estar doente e cansado. Eu poderia ter dito, ‘Okay, irei praticar exercícios e ficar sóbrio’, mas meu coração estava tão partido que eu nem conseguia pensar nisso. Tudo que eu conseguia pensar era, ‘Eu só quero morrer.’

Por fim, Steven Adler ainda falou sobre um episódio quando entrou em coma por causa do uso de drogas:

Eu não tenho veias, então quando usava heroína, ficava muito frustrado, e injetava no meu braço, aí eu tinha infecções. Um dia eu decidi ir até uma loja de bebidas para comprar refrigerante ao invés de álcool. Eu realmente estava indo comprar refrigerante. Aí eu saí da pista, virei a esquina e bati em sete carros estacionados. Eu parei no meio da rua, saí da camionete e caí no chão. E eu só me lembro de flutuar sobre o meu corpo no quarto de hospital com o meu amigo, o médico e a minha mãe, e eu conseguia me ver flutuando por todo lado, aí eles pegaram o bisturi, cortaram meu braço e sete cores diferentes de pus saíram dele. E o cheiro era tão ruim que a moça na cama do lado teve que sair. E eu estava flutuando sobre a minha cama; eu via tudo acontecer.

Aí eu fui para o céu – nirvana, céu, como você quiser chamar… e eu sei que vocês irão achar que sou louco. Era tão lindo. Tinha cores que não existiam nesse planeta. E uma mulher chegou para mim e disse, ‘Não estamos prontos para você.’ Aí eu voltei. E eu acordei no hospital. O médico me disse, ‘Você teve sorte.’ Dessa vez eu não tentei me matar. Teve uma vez que eu tentei, e eu tive uma overdose. No momento em que eu ‘morri’ eu fui para um inferno – então existe um inferno e um paraíso. E esse inferno tinha cavernas diferentes – tipo, eu tinha que passar por diferentes testes para ir para a próxima fila para passar por essa caverna gigante. E quando eu cheguei lá eles disseram, ‘Você tem que fazer esse teste,’ eu vi e voltei. Eu já ouvi gente dizendo que se você se mata, vai pro inferno. Então eu estava tentando me matar e quase o fiz. Eu passei pelo inferno.

Em 1991, quando lançou seu primeiro disco sem Adler, o Guns N’ Roses contou com a entrada do baterista Matt Sorum.

Izzy Stradlin, guitarrista do grupo na época, chegou a dizer:

O senso de swing do Adler era o que dava o sentimento às músicas. Quando isso foi embora, foi tipo, inacreditável, estranho. Nada funcionava. Eu queria ter continuado com Steve, mas a gente já estava parado há dois anos e não poderia esperar mais.

Em alguns shows da recente turnê de reunião com o núcleo de Axl Rose, Slash e Duff McKagan, Steven Adler chegou a fazer algumas participações especiais.

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