Ontem à noite (27) aconteceu o primeiro dos dois shows que Foo Fighters e Queens Of The Stone Age farão em São Paulo esse ano.
A apresentação no Allianz Parque foi a segunda da turnê que ainda passará por Curitiba e Porto Alegre nos próximos dias, e hoje haverá um show extra no mesmo estádio da capital paulista.
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Quem abriu os trabalhos no final de tarde nublado que felizmente não se transformou em chuvoso foram os brasileiros do Ego Kill Talent, e que escolha acertada foi tê-los como atração para acompanhar essa turnê.
Mesmo tocando às 18 horas, quando muita gente ainda nem saiu do trabalho, havia um público considerável acompanhando o show de perto e muita gente cantava as músicas do grupo que lançou seu disco de estreia em 2017.
A mistura de grunge e stoner do Ego Kill Talent tem guitarras afiadíssimas, bateria potente e o vocal de Jonathan Corrêa abrilhantando tudo isso em uma performance cheia de energia no palco.
Claramente empolgados, os membros do EKT também empolgaram a plateia, e ao contrário do que acontece com muitas atrações de abertura, quando meia hora parece uma eternidade já que o público não responde bem, aqui os 30 minutos foram pouco para um show que agradou quem já conhecia e impactou quem ainda não tinha visto.
Que o Ego Kill Talent continue levando suas guitarras barulhentas aos palcos do Brasil e mundo afora, o rock agradece.
Queens Of The Stone Age
Após uma troca e montagem rápidas de palco, o Queens Of The Stone Age surgiu e desde o início foi possível perceber que além de divertir a plateia, a banda estava ali para se divertir.
Foram pouquíssimos os momentos em que os integrantes não estiveram completamente tomados pelas músicas que estavam tocando, com o baixista Michael Shuman dançando e pulando pra lá e pra cá o tempo todo, e, como era esperado, Josh Homme sendo o grande destaque.
O músico falou sobre como o que importava era aquela noite ali, e desfilou pelo palco repleto de postes de luz flexíveis que deram um toque incrível à apresentação.
Dançando mesmo nas músicas mais tradicionais e rebolando muito nas mais dançantes como “The Way You Used To Do”, Josh mostrou que desde o incidente do final do ano passado onde chutou uma fotógrafa em um show, parece ter repensado muitas coisas e mudou a sua abordagem em relação ao palco. Divertindo-se ao lado dos companheiros e mostrando que está completamente voltado ao que mais importa, a música, o show foi dos melhores e a plateia entendeu e também reverberou esse sentimento, o que é sempre o objetivo principal em qualquer apresentação.
No setlist vieram muitas músicas dos dois últimos discos do grupo, Villains e …Like Clockwork, e isso fez toda diferença.
Tocando 5 das 8 músicas de Villains e quatro do penúltimo álbum, o QOTSA fez com que o set ficasse diverso ao misturar as canções com hits de seus outros álbuns.
A “repaginada” no que a banda apresenta ao vivo fez com que o show ficasse muito mais inteiro do que, por exemplo, o do Rock In Rio 2015, que deixou muita gente entediada.
Tanto que até a ausência de hits incontestáveis como “Feel Good Hit Of The Summer” acabou passando despercebida ao final do show que veio com a catártica “A Song For The Dead”, décima quinta música no setlist.
Outros pontos altos do show do Queens no Allianz Parque foram dois momentos em que o incrível baterista Jon Theodore pôde mostrar solos em seu instrumento, e é sempre bom demais ver de perto um artista tão talentoso mostrando o que faz de melhor. Se na gravação em estúdio de Villains a bateria parece ter sido deixada em terceiro ou quarto plano, ao vivo veio todo destaque merecido ao músico que já passou por bandas como The Mars Volta.
É ótimo ver uma banda tão importante para o estilo, como o Queens Of The Stone Age, voltar a se divertir e voltar a entreter o público tocando uma dose enorme de músicas novas. O show no Allianz Parque foi revigorante pra gente, pra eles e pra todo mundo que estava ali vendo bem de perto.
Setlist – Queens Of The Stone Age (São Paulo – 27/02/2018)
- If I Had a Tail
- Head Like a Haunted House
- My God Is the Sun
- Feet Don’t Fail Me
- The Way You Used to Do
- Do It Again
- No One Knows
- The Evil Has Landed
- I Sat by the Ocean
- Little Sister
- Domesticated Animals
- Make It Wit Chu
- Smooth Sailing
- Go With the Flow
- A Song for the Dead
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Foo Fighters
Não há nenhuma dúvida de que o Foo Fighters é capaz de fazer um grande show, e isso tem sido provado com as últimas turnês da banda que vêm lotando estádios pelo mundo todo.
Em São Paulo, a gente pôde ver de perto, porém, que agora o grupo sabe muito bem que virou uma atração do chamado “rock de arena” e que irá presentear o público com longas horas do bom e velho rock and roll.
Se pararmos pra pensar, o disco The Colour And The Shape, que tem hinos como “Everlong”, “Monkey Wrench” e “My Hero”, já tem 21 anos de lançamento, e passar a ver o Foo Fighters como uma banda que incorpora o rock clássico em sua sonoridade vai ser algo bem mais comum daqui pra frente.
Abrindo com muitos berros e a tradicional corrida de Dave Grohl pelo palco pra lá e pra cá, a banda emendou o primeiro single do seu último disco e veio com “Run”, muitíssimo bem recebida pelo público que cantou junto do começo ao fim.
Logo depois apareceu outra faixa que costumava abrir os shows da banda até outro dia, e em “All My Life” vieram novamente não apenas as interações com o público que cantava tudo do início ao fim, como também outra parte integrante de todo show: as jams.
Logo no começo do show Dave Grohl e companhia mostraram que além de verso e refrão, o que lhes move agora são as improvisações, e isso seria uma tônica de todo show.
Solos de guitarra, duelos, partes que não aparecem nas versões de estúdio e jams empolgadas não apenas foram mostradas pelo grupo como claramente se tornaram parte integrante do Foo Fighters ao vivo. Fica nítido que se elas não aparecerem (aos montes), a banda não irá considerar que fez um bom show.
Isso divide opiniões, e enquanto muita gente gosta de ver seus músicos favoritos usando e abusando das improvisações no palco, outras tantas preferem, por exemplo, ver algumas raridades que não são tocadas há um bom tempo pela banda, e eu faço parte do segundo grupo.
A impressão que dá é que as jams poderiam estar ali e deveriam aparecer em alguns momentos, mas várias delas poderiam ser substituídas por músicas que nunca mais apareceram nos shows, como “Low”, “Stacked Actors” e “Long Road To Ruin”, por exemplo.
Acontece que o Foo Fighters sabe que emplacar uma sequência de hits ao lado de grandes performances de seus músicos é a fórmula mágica para um grande espetáculo de rock and roll e não tem como negar: funciona, diverte e se adapta a shows para públicos tão grandes.
Ao decorrer do set, “The Pretender” foi muito bem recebida (e teve mais jams), a nova “The Sky Is A Neighborhood” surpreendeu com o público cantando junto e um trio de backing vocals mulheres aparecendo no palco para abrilhantar a canção, e “Rope” teve um “duelo” entre a guitarra de Dave Grohl e a bateria de Taylor Hawkins.
A canção, inclusive, foi a deixa para “Sunday Rain”, que veio após um solo de bateria de Taylor Hawkins nas alturas, elevado por uma plataforma enorme que o deixou em posição de destaque não apenas para tocar seu instrumento como também para cantar a faixa do disco Concrete And Gold.
“My Hero” começou com Grohl sozinho na guitarra, e as intensas “These Days” e “Walk”, que falam sobre assuntos bastante pessoais, fizeram uma dobradinha antes de “Breakout”, que teve mais jams.
Logo após seu fim, o vocalista leu um cartaz da plateia e pediu para que um casal subisse ao palco, proporcionando um momento inesquecível para dois jovens fãs de Foo Fighters quando Guilherme teve a chance de pedir Ligia em casamento na frente do Allianz Parque lotado.
Como sempre faz quando chama alguém ao palco, Dave Grohl brincou ao final mandando que eles “saíssem da porra do meu palco”, e ainda falou para o casal ir “fazer um bebê”.
Aproveitando a deixa, Dave começou a apresentar os seus “maridos” da banda, dizendo que estava casado com eles há mais de 20 anos.
Se empolgou bastante, inclusive, com o guitarrista Chris Shiflett, dizendo que ele era “só dele” e falando que não era pra ninguém chegar perto dele e ameaçar de tirá-lo da sua vida, pois ele era “só dele”.
Vieram então solos de guitarra de Chris e a cover de “Under My Wheels”, do Alice Cooper, onde o músico assume os vocais.
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O momento de apresentações dos integrantes seguiu em frente com “Another One Bites The Dust”, do Queen, “Miss You”, do Rolling Stones (onde Dave pareceu chamar Josh Homme ao palco para cantar junto, mas ele não veio), “Blitzkrieg Bop” do Ramones e “Love Of My Life”, também do Queen.
Seguindo o roteiro, veio mais Queen com “Under Pressure”, onde Taylor assume os vocais e Dave a bateria, antes de mais músicas do Foo Fighters começarem a levar o show ao seu final.
Além de canções como “Monkey Wrench”, “Times Like These” e “Best Of You” veio uma surpresa com “Generator”, que não apareceu no show do Rio de Janeiro, e o público ficou muito feliz com o que viu por ali, mesmo que Dave tenha dado uma arranhada em momentos da canção.
No bis, “Dirty Water” começou os trabalhos e abriu espaço para a enérgica “This Is A Call”, lá do primeiro disco, e o fim apoteótico com “Everlong”.
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Foram 22 canções, aproximadamente duas horas e meia de show e mais uma prova de que o Foo Fighters cada vez mais se torna uma banda que entendeu seu porte e expandiu seu alcance ao fazê-lo, optando por grandes espetáculos de rock e, em 24 anos de carreira, emplacando hits que fizeram com que eles chegassem até aqui armados até os dentes para liderarem grandes multidões.
Setlist – Foo Fighters (São Paulo – 27/02/2018)
- Run
- All My Life
- Learn to Fly
- The Pretender
- The Sky Is a Neighborhood
- Rope
- Sunday Rain
- My Hero
- These Days
- Walk
- Breakout
- Under My Wheels (Alice Cooper cover)
- Another One Bites the Dust / Miss You / Blitzkrieg Bop / Love of My Life
(Songs by Queen, The Rolling Stones, Ramones e Queen) - Under Pressure (Queen cover)
- Monkey Wrench
- Times Like These
- Generator
- Big Me
- Best of You
Bis: - Dirty Water
- This Is a Call
- Everlong
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