Música

15 músicas brasileiras que voltaram a ter sucesso nas vozes de outros artistas

De Nação Zumbi até a Banda Eva, confira 15 músicas eternizadas por artistas, mas que já haviam sido lançadas antes na voz de outros intérpretes.

Caetano Veloso
Foto por Fernando Young

Covers são sempre aventuras arriscadas.

Muitas vezes os artistas querem prestar homenagens às suas bandas favoritas e o fazem ao vivo, ou com um lado B, algo passageiro que não necessariamente se torna lançamento oficial.

Em outras ocasiões, porém, a ideia é trabalhar aquela versão como single, e em muitas dessas homenagens o resultado é arrebatador.

É justamente o caso com as músicas que listaremos aqui na sequência, onde covers de músicas brasileiras foram gravadas anos depois e se tornaram canções de destaque nas carreiras das bandas e artistas que idealizaram as novas roupagens.

Tem Skank tocando Gilberto Gil, Titãs em bela versão de Roberto e Erasmo Carlos e até hit do Axé.

Divirta-se!

 

“Vamos Fugir” – Skank (originalmente por Gilberto Gil)

A banda mineira Skank já fazia sucesso no Brasil há um bom tempo quando veio esta versão.

Lançado em 2004, o álbum Radiola contava com hits já famosos do grupo, como “Vou Deixar” e “Dois Rios“. Uma das canções novas foi uma versão para “Vamos Fugir“, composta por Liminha e Gilberto Gil, lançada originalmente 20 anos antes, em 1984, no álbum Raça Humana.

A versão se tornou um dos maiores sucessos do grupo, e uma das canções mais pedidas nas rádios na época. A banda acrescentou uma pegada mais pop rock ao reggae da versão original.

 

“Dê Um Rolê” – Pitty (originalmente por Novos Baianos)

A cantora baiana Pitty manda muito bem quando o assunto é regravar canções. Foi o que aconteceu com “Dê Um Rolê“, música lançada como single pelo grupo Novos Baianos em 1971. Na nova versão, percebemos um tom mais pesado do que na original, com a presença evidente de guitarras distorcidas.

A faixa ganhou status popular novamente na voz de Pitty  ao servir como tema de abertura para a novela “Rock Story”, exibida pela Rede Globo entre 2016 e 2017.

Mas a inspiração de Pitty na música dos anos 70 ficou evidente também em outra cover. Dessa vez homenageando a paulista Rita Lee, a cantora regravou a canção “Agora Só Falta Você“, lançada originalmente em 1975. Uma atmosfera mais pesada caracteriza essa nova versão, com direito a belos solos de guitarra.

 

“É Preciso Saber Viver” – Titãs (originalmente por Roberto e Erasmo Carlos)

Roberto e Erasmo Carlos são basicamente o “Batman e Robin” da música brasileira. Uma carreira de sucesso, de hits, e comandantes de uma revolução musical que o Brasil viveu a partir dos anos 50. Entre as várias composições, temos essa, “É Preciso Saber Viver“, que muita gente também conhece pela versão da banda Titãs, na voz de Paulo Miklos.

A primeiríssima gravação da composição da dupla pertence à banda Os Vips, e a versão entrou para a trilha sonora do filme “Roberto Carlos e o Diamante Cor-de-Rosa“, de 1970. O próprio Roberto gravou a canção pouco depois, em seu álbum homônimo de 1974. A partir daí a música ganharia mais visibilidade.

A versão do Titãs veio em bom tempo, explodindo nas rádios em 1998 com seu som orquestrado e seus solos de guitarra. A faixa integraria o álbum Volume Dois, e, sendo lançada como single, ganhou até um belo videoclipe.

Uma curiosidade sobre a canção é que ela foi baseada em “It’s Over“, canção de Jimmi Rodgers que ficou famosa na voz de Elvis Presley em 1973.

 

 

“Amor, Meu Grande Amor” – Barão Vermelho (originalmente por Angela Rô Rô)

A banda Barão Vermelho lançou em 1996 o disco Álbum, décimo do grupo. O lançamento, no entanto, não contava com quaisquer músicas novas ou versões atualizadas de canções já lançadas, sendo restrito a 11 covers. Os artistas homenageados vão desde Cazuza até Luiz Melodia.

Uma dessas covers é do maior sucesso da cantora de MPB Ângela Rô Rô, a romântica “Amor, Meu Grande Amor“. Composta por Ângela e Ana Terra (que já compôs para nomes como Milton Nascimento e Elis Regina), a canção foi lançada originalmente em seu álbum de estreia, homônimo, em 1979.

A voz de Frejat deu uma nova roupagem à música que, com sua linguagem atemporal, continuou atual mesmo após quase 20 anos.

https://www.youtube.com/watch?v=4QaJV3k_Sjc

 

“Por Enquanto” – Cássia Eller (originalmente por Legião Urbana)

As letras de Renato Russo o levaram ao status de poeta. Se mostram simbólicas para toda uma geração e têm muita força no cancioneiro popular. Isso ficou evidente logo em 1985, com o lançamento do álbum de estreia da banda Legião Urbana.

Misturando letras que criticam o sistema com letras românticas e reflexivas, o álbum alavancou a carreira do grupo. No entanto, sucessos comerciais como “Geração Coca-Cola“, “Será” e “Ainda É Cedo” talvez tenham ofuscado outra canção bela com enorme potencial, “Por Enquanto“.

O potencial dessa incrível letra e melodia seria comprovado pela cantora Cássia Eller. Uma fita demo, contendo uma versão acústica dessa canção na voz da cantora, foi o que teria provado seu valor para a gravadora PolyGram, que a contratou logo em seguida, em 1989. A faixa, no ano seguinte, faria parte do disco de estreia de Cássia. Sua voz imortalizou os versos da música.

 

“As Dores do Mundo” – Jota Quest (originalmente por Hyldon)

A banda Jota Quest foi um fenômeno absoluto na música pop brasileira durante a virada do milênio. Após serem contratados pela Sony Music, lançaram seu primeiro álbum de estúdio em 1996.

O álbum contém uma regravação de “As Dores do Mundo“, faixa do compositor baiano Hyldon lançada em 1975. Foi uma das canções mais pedidas nas rádios durante aquele ano.

A releitura da banda mineira conta com um ritmo mais funk, com mais swing. Se colocar lado a lado com a delicada versão original, mal se percebe que são a mesma música!

Mas não foi só aí que a banda se envolveu com músicas de outros artistas. Em 2012, o grupo fez com que versos escritos por Lulu Santos voltassem à tona. A regravação do hit “Tempos Modernosapresentou para muitos os versos atemporais lançados originalmente em 1982, quando a versão foi tema de abertura da novela “Malhação”, da Globo.

 

“Eva” – Banda Eva (originalmente por Rádio Taxi)

Esta história é um tanto bizarra. Mas se você pensava que “Eva“, hit atemporal de carnaval, pertencia ao grupo de mesmo nome, você se enganou.

Na verdade, a versão original pertence ao grupo de pop rock Rádio Taxi. Foi lançada em 1983, em seu segundo álbum de estúdio. A versão axé que ganharia o país veio em 1997, com o lançamento do primeiro álbum ao vivo da Banda Eva, grupo de onde surgiram nomes como Ivete Sangalo e Saulo Fernandes.

Mas não é só isso! A versão da Rádio Taxi teve base em outra canção. Seguindo a mesma melodia vocal, a versão brasileira de “Eva” nasceu de uma canção italiana que leva o mesmo nome. O gênio por trás de tudo isso se chama Umberto Tozzi.

 

“Vapor Barato” – O Rappa (originalmente por Gal Costa)

O ano era 1971. Gal Costa lançaria uma das músicas mais importantes de sua carreira. Composta por Jards Macalé e Waly Salomão, “Vapor Barato” seria uma das canções nacionais mais famosas da década.

25 anos depois, a música surge novamente nas rádios brasileiras. Os culpados por isso? A banda carioca O Rappa. Na época, o grupo lançou seu segundo álbum de estúdio, Rappa Mundi, com algumas das músicas mais famosas do grupo nos dias de hoje.

Com direito a clipe, a regravação conta com uma roupagem típica do grupo, mesclando regggae, rock e hip-hop. É interessante comparar com a original, que tem um clima bem mais “para baixo”.

 

“Vida Louca Vida” – Cazuza (originalmente por Lobão)

Cazuza foi de fato um dos maiores compositores da música brasileira. E isso fica evidente não apenas na sua passagem pelo Barão Vermelho, como também em sua carreira solo.

Seu quarto álbum solo, O Tempo Não Pára, é uma prova disso. Sendo o último registro ao vivo do cantor, o álbum, gravado no Rio de Janeiro em 1988, conta com sucessos que ficaram marcados por sua voz ao longo dos últimos anos. Mas também inclui uma música que não fazia parte de seu repertório até então: “Vida Louca Vida“.

Originalmente lançada pelo cantor Lobão em seu terceiro álbum solo, Vida Bandida, a música se tornou o maior sucesso do trabalho. Tal como a maioria do álbum, foi lançada em 1987, e composta em parceria com Bernardo Vilhena, que também contribuiu para a criação de hits para nomes conhecidos da época, como Cláudio Zoli e Richie.

Na versão de Cazuza, a canção ganhou um ar mais calmo e reflexivo se comparada à versão original, que tem uma pegada alternativa/new wave.

https://www.youtube.com/watch?v=i4EIMk5WcHg

 

“Maracatu Atômico” – Nação Zumbi (originalmente por Nelson Jacobina e Jorge Mautner)

Muitos podem não conhecer, mas o carioca Jorge Mautner passou confiança para muitos nomes da nossa música como um bom compositor e intérprete. Caetano Veloso, Gal Costa e Lulu Santos já regravaram músicas lançadas originalmente por ele. Em 1974, no mesmo ano em que lançou “Maracatu Atômico“, parceria com Nelson Jacobina, a música ganhou uma versão na voz do grande Gilberto Gil.

Mas a atmosfera da música casou perfeitamente foi com o movimento manguebeat.

Em 1996, todos os elementos citados pela letra caíram em uma batida animada e em uma linha de baixo inesquecível. Assim ficou a versão de Chico Science & Nação Zumbi. Um dos maiores sucessos do grupo, a regravação faz parte de seu segundo álbum, Afrociberdelia.

Fica difícil apontar uma versão favorita!

 

“Dia Especial” – Tiago Iorc (originalmente por Cidadão Quem)

O cantor brasiliense Tiago Iorc mistura MPB com folk de uma maneira interessante em suas músicas. Mas ele não nega que tem influência em grandes nomes do rock nacional.

Além de ter bem representado Renato Russo com uma nova versão de “Tempo Perdido“, para a série “Os Dias Eram Assim”, da Globo, ele também já provou gostar da banda gaúcha Cidadão Quem.

A música regravada, “Dia Especial“, é a segunda faixa do álbum Spermatozoon, lançado em 1998. Tiago incorporou a canção ao repertório da turnê de seu mais recente álbum, Troco Likes. E ainda a lançou como single.

 

“Sozinho” – Caetano Veloso (originalmente por Peninha)

Caetano Veloso é um dos maiores compositores da nossa música. Mas não foi ele quem escreveu uma de suas mais belas canções.

Peninha é o nome por trás da bela e emocionante “Sozinho“. Mesmo já tendo composto para nomes como Tim Maia e Fábio Júnior, este foi um de seus maiores feitos. E não apenas pelo seu sucesso, mas sim pelos artistas que gravaram a canção.

Antes mesmo de Caetano, Sandra de Sá já havia levado a canção para as rádios em 1996. A música, originalmente na primeira pessoa feminina, faz parte de seu décimo segundo álbum de estúdio, A Lua Sabe Quem Eu Sou. Tim Maia também a regravou, mas foi a voz de Caetano que exportou a versão mais conhecida.

A versão de Caetano deu as caras pela primeira vez no álbum ao vivo Prenda Minha, lançado em 1998. O trabalho também inclui covers de Jorge Ben Jor e de Chico Buarque, mas foi a composição de Peninha que fez com que o álbum se tornasse o maior sucesso comercial do cantor.

 

“Primeiros Erros” – Capital Inicial (originalmente por Kiko Zambianchi)

Kiko Zambianchi é o responsável pela composição da música “Primeiros Erros“. A canção apareceu pela primeira vez no álbum Choque, seu álbum de estreia, lançado em 1985. Mas o caminho foi mais longo do que parece.

Em Choque, Kiko conseguiu alguma visibilidade, especialmente em suas parcerias com Lulu Santos e Marina Lima. Mas a gravadora foi exigente em querer logo dele a gravação do segundo álbum, basicamente ignorando o potencial de “Primeiros Erros”.

O esforço teve que partir do próprio Kiko, que acreditava que a música conseguiria ser um grande sucesso comercial. Foi nas rádios paulistas pessoalmente, fazendo divulgação pessoal. Gradativamente, a canção passou a ser tocada em todo o Brasil.

A banda Capital Inicial entra nessa história exatamente 15 anos depois do lançamento. Kiko foi convidado ilustre no Acústico MTV da banda, onde a canção foi inserida na setlist.

A partir daí, a música, na voz de Dinho Ouro Preto, se tornou uma das mais conhecidas canções do grupo.

 

“Na Rua, Na Chuva, Na Fazenda” – Kid Abelha (originalmente por Hyldon)

O baiano Hyldon definitivamente domina a arte de contribuir para o sucesso de outros artistas. A prova disso são os belos versos da canção “Na Rua, Na Chuva, Na Fazenda“.

A canção foi o primeiro sucesso do cantor, e também um dos maiores. A música é inclusive título de seu álbum de estreia, lançado um ano após a divulgação da canção em 1974.

Mas, passados 22 anos, o grupo Kid Abelha jogaria esta bela música para as rádios novamente. Curiosamente no mesmo ano do lançamento do Jota Quest (que também homenageou Hyldon), o álbum Meu Mundo Gira Em Torno de Você se tornaria o maior sucesso de vendas do grupo. A vocalista Paula Toller daria uma nova cara à canção, agora com uma voz feminina.

 

“Proibida Pra Mim” – Zeca Baleiro (originalmente por Charlie Brown Jr.)

Os anos 90 foram um período de experimentações para o rock brasileiro. Os mais diferentes tipos de som surgiriam nessa época, e um dos mais marcantes é definitivamente a banda Charlie Brown Jr.

Em 1997, o lançamento do álbum de estreia, Transpiração Contínua Prolongada, fez com que a banda ganhasse visibilidade. A sonoridade tinha elementos de punk, ska, reggae e de rock alternativo. Os primeiros singles comprovam isso, e entre eles, temos a canção “Proibida Pra Mim (Grazon)“. Divertida e ao mesmo tempo com um refrão chiclete, não tardou muito para que a música se tornasse sensação.

O cantor Zeca Baleiro regravou a música em 2000, em seu álbum Líricas. A regravação também ganhou fama por abandonar a energia e o peso da versão original em favor de uma atmosfera mais leve, acústica, em que a letra ganhasse destaque. E deu certo!

E tão deu certo que a banda elogiou Zeca. E não só isso. Zeca foi convidado pelo próprio Chorão para tocar a música em sua festa de casamento. A justificativa? A noiva preferia a regravação, mais calma e delicada, à versão original.

Noiva essa que, por sinal, tem participação especial nessa história. O nome dela é Graziela Gonçalves, e foi especialmente para ela que “Proibida Pra Mim” foi escrita. Chorão a chamava carinhosamente de Grazon, e por isso o parênteses no final do nome da canção original. Faz sentido Zeca ter mantido apenas a frase principal.

 

Lembra de mais alguma música que tenha ficado famosa na voz de outro artista ou banda? Escreva nos comentários!