Conhecido pelo seu trabalho com a Mahmundi, o produtor musical Lux Ferreira tirou esse ano para se dedicar a um projeto ousadíssimo. A cada mês ele está lançando uma faixa nova dentro do projeto Prisma de Mim Mesmo, onde ele reconstrói em canção a sensação e as frequências de cores em um projeto de autoconhecimento. Hoje você confere em primeiríssima mão a faixa criada pensada na cor amarela.
“Quando a luz passa pelo prisma, as cores que já existem e estão contidas na luz branca ficam aparentes. Então pensei que se a experiência de reencontro com a minha essência era necessária, por que não interpretar o que cada cor, que já existe na luz branca, significa para mim?, conta o artista que já tem no seu nome uma referência a luz.
Inicialmente, Lux utilizou cálculos físicos para chegar ao tom de cada cor, porém,
percebeu que, além de estudar as frequências, comprimento das ondas luminosas e
sua relação com as ondas sonoras, também deveria levar em conta as interpretações
dos sentimentos que cada cor desperta. Surge então o lado mais poético e abstrato do
projeto, possibilitando o desenvolvimento de versos, timbres, entonação e nuances em
suas obras.
“Amarelo é inconstante, porém feliz. Quer atenção para si, sempre, e por isso, sempre me incomodou de um jeito bem específico. É por isso que a música soa tão descontraída, irreverente e cômica em sua base rítmica e samples, porém seus acordes a conduzem para uma confusão mental distorcida. O amarelo é uma cor intensa demais, então é impossível esquecê-la de uma forma rápida depois de um contato mais profundo. Os timbres dos synths saem assim, distorcidos, sempre que as lembranças felizes de um relacionamento perdido voltam a minha mente trazendo confusão. Não tem a ver exatamente com a cor em si, mas com quem ela representa pra mim nesse momento. O intuito inicial era para ser cômico e feliz, mas quando coloquei o coração ao desenvolver essas harmonias, só me remetia a perturbação que era conviver diariamente com uma cor tão distinta de mim. Uma coisa é certa: o que está composto ali é verdadeiro”, conta Lux.
Ele já criou faixas para “Vermelho” e “Laranja”, num movimento bem original de trazer conceitos visuais para a música. Fazer uma representação visual de uma faixa musical é algo comum e muito forte na música atual, o contrário nem tanto.
“Essa transformação é delicada e dependendo da sensibilidade do artista pode ser feita de uma forma linda e única. Então misturar as sensações de quem vai receber e ser transformado pela arte, proporcionando um melhor contato com o que foi concebido pelo artista, traz uma abertura ainda maior de compreensão para o ouvinte. Enfim, acho sim que o projeto é uma forma de pensar o visual em musical e vice-versa, e além disso, acho incrível a oportunidade que temos de explorar essas coisas em conjunto sabendo que isso ainda é só uma pequena parcela de criatividade de uma fonte inesgotável de arte. O que faço com o projeto é realmente só uma pequena porcentagem do que a minha grande fonte de inspiração pode jorrar em nós. Fico feliz em fazer parte desse processo, mas ele só é possível, na minha opinião, por conta de algo muito maior do que isso tudo”, conclui Lux.
Confira “Amarelo” abaixo e ouça as outras faixas aqui:
Produzido por Lux Ferreira em Fevereiro de 2018
Sintetizadores e programações: Lux Ferreira
No Estúdio Playground (Botafogo, Rio de Janeiro):
Bateria: Théo Zagrae
Cuíca: Pacato
Técnico de gravação: Junior Neves
Auxiliar de gravação: Carlos do Complexo
Mixagem: Rafaela Prestes no Estúdio Forte Apache (Santa Tereza, Rio de Janeiro)
Masterização: Martín no Espaço Sideral