Entrevistas

Entrevista: Plutão Já Foi Planeta fala sobre shows no Lollapalooza e com o Imagine Dragons

Leia nossa entrevista com Natália Noronha, vocalista do Plutão Já Foi Planeta, banda brasileira que é atração do festival Lollapalooza Brasil 2018.

Plutão Já Foi Planeta
Plutão Já Foi Planeta (RN) (Foto: divulgação)

Entrevista por Nathália Pandeló Corrêa

Se é verdade que o ano no Brasil só começa depois do Carnaval, a Plutão Já Foi Planeta definitivamente terá um março de muito trabalho. Após lançar sua mais nova canção, “Estrondo”, o quinteto potiguar marca presença no palco do Lollapalooza Brasil e, um dia antes, abre a noite para a banda americana Imagine Dragons, no Rio de Janeiro.

Foi uma longa jornada para Natália Noronha (voz, violão, synth e baixo), Sapulha Campos (voz e guitarra), Gustavo Arruda (voz, guitarra e baixo), Vitória de Santi (baixo e synth) e Renato Lellis (bateria). Desde o início, em 2013, o grupo passou por alterações na formação, gravou seu primeiro álbum – Daqui Pra Lá, de 2014 – e apenas dois anos depois, ganhou notoriedade no palco do SuperStar, programa competitivo da Rede Globo. Lá, chamou atenção por apresentar um repertório majoritariamente autoral, chegando ao segundo lugar tendo mostrado o potencial de suas canções próprias (entre dois covers, um de Kid Abelha e outro de Legião Urbana).

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Desde então, a banda assinou com o selo Slap, da Som Livre, e se estabeleceu como um dos nomes do indie pop nacional com o lançamento de A Última Palavra Feche a Porta, seu segundo álbum, em 2017. A produção, assinada por Gustavo Ruiz (Tulipa Ruiz), traz os vocais convidados de Liniker e Os Caramelows e Maria Gadú.

Nessa semana, a Plutão mostra que mira no futuro e disponibilizou uma canção inédita. “Estrondo” já está disponível nas plataformas de streaming e traz produção de Thommy Tannus. Mais que fazer barulho, “Estrondo” traz outro significado: em tupi, é “pororoca” – encontro de águas fluviais e oceânicas. O som é um quê oitentista, com um refrão dançante.

Conversamos com a vocalista Natália Noronha sobre o primeiro ano de vida de A Última Palavra Feche a Porta, as expectativas para o Lolla e um rolê (imaginário) com o Imagine Dragons – que envolve andar de bicicleta pela Avenida Paulista e comer pastel. Confira abaixo:

TMDQA!: Oi Natália, tudo bem? No Tenho Mais Discos, a gente acompanha a trajetória de vocês desde que saiu o primeiro disco – tem post desde 2014. Parece pouco tempo, mas em quatro anos, vocês passaram por mudanças grandes, e o trabalho atual reflete isso, até porque foi composto durante o turbilhão do SuperStar, certo?

Natália: Mais ou menos… Uma parte sim, mas outra parte já tinha sido gravada.

TMDQA!: Entendi! E sei que vocês já estão trabalhando em coisas novas. Essas oportunidades e viagens mudaram de alguma forma o processo criativo de vocês?

Natália: Com certeza. A gente lançou o primeiro disco em 2014. Somos 5 pessoas, gostamos de tocar juntos, decidimos gravar algumas músicas. Então fizemos o primeiro disco, com 7 faixas, de forma bem despretensiosa. Nem sabíamos os objetivos que tínhamos com aquele álbum. Com o passar do tempo, fomos aprendendo a tocar juntos, nos conhecendo melhor, fazendo turnê, compondo. E a gente foi mudando como pessoas, também. Somos vários e o que acontece na vida pessoal acontece na banda também, isso tem uma influência direta na composição. Aconteceram várias coisas, começamos a gravar o disco novo no início de 2016, e no meio do ano participamos do programa. Paramos as gravações e depois voltamos a gravar o disco. Isso também teve influência no processo de composição, algumas músicas vieram durante o SuperStar, porque aconteceu num momento meio obscuro de pausa entre as gravações, e ali também era um momento de criação. Teve nossa mudança pra São Paulo, o que acaba mudando o processo de composição. De certa forma, todos os acontecimentos fizeram parte disso.

TMDQA!: Pras capas dos discos, vocês trouxeram artistas muito talentosos – o Aureliano Medeiros, no Daqui Pra Lá; e a Andressa Dantas, no A Última Palavra Feche a Porta. Como é essa relação de vocês com o aspecto visual do trabalho – capas, clipes, etc? Vocês gostam de se envolver mais ativamente com esse lado da Plutão?

Natália: Sim, a gente curte bastante, ao mesmo tempo que curte que o artista faça suas próprias viagens e tenha liberdade criativa. Nos dois discos, a gente fez questão de trabalhar com artistas de Natal, onde tem muito artista talentoso em todas as áreas. Queríamos que outras pessoas vissem com os olhos que a gente vê os artistas de Natal. Mas é um processo que a gente curte muito. Primeiro nos reunimos com o artista, falamos das nossas ideias, e por outro lado a gente fala “vai na tua, faz as tuas viagens aí” (risos). A gente curte muito ver a interpretação de outras pessoas pro nosso trabalho.

TMDQA!: Falando em visual, vocês lançaram os clipes pra “Alto Mar” e “O Ficar E O Ir Da Gente”. Por que escolheram essas músicas, as duas primeiras, pra destacar no álbum?

Natália: “O Ficar E O Ir Da Gente” foi porque consideramos que ela seria um bom single, tem uma boa resposta nos shows, é uma das mais fortes do disco. Além de resumir, concentrar o conceito do A Última Palavra Feche a Porta, o tema da saudade, ausência, falta… A música amarra muito bem esse conceito e quis começar com ela. O clipe trata dessas idas e vindas e a rotina com a ausência do outro, etc. “Alto Mar” foi segundo single porque também é uma música que o público interage super bem nos shows. Acho que é bem por aí!

TMDQA!: O disco já tá fazendo aniversário em março! O segundo trabalho é muitas vezes um momento de consolidação da sonoridade de uma banda. Teve alguma lição que esse novo capítulo deixou pra vocês, agora com um ano de estrada?

Natália: A lição que fica é a de que esse disco é um retrato de uma fase, assim como o Daqui Pra Lá também foi. Os álbuns servem realmente pra registrar ali uma fase que a banda e o artista estavam vivendo. O Última Palavra é um retrato fiel de um ano de muitas mudanças pra gente, em que definimos que iríamos morar em São Paulo, estávamos experimentando novos caminhos e estéticas no som. É uma forma de retratar essa experiência.

TMDQA!: No primeiro disco, eu ouvia pensando: “ok, essa galera curte ouvir um Beirut”, por conta da singeleza das músicas (risos). Nesse mais recente, eu acho que fica muito palpável a modernizada que vocês trouxeram pro som, brincando com synths e tudo mais. Isso foi algo que veio organicamente de vocês, ou do Gustavo Ruiz… Ou dos dois?

Natália: Foi exatamente um pouquinho dos dois. A gente sempre teve um objetivo claro de experimentar vários instrumentos diferentes. Objetivamos usar o ukulele, que não é muito comum em bandas, sintetizador, enfim. Nesse segundo disco, a gente quis explorar mais isso, fazer uma instrumentalização diversa. Não dá pra sentir isso no disco, mas no show a gente troca muito de instrumento, temos 3 baixistas, vamos fazendo esse rodízio, eu e a Vitória nos revezamos no teclado… Gustavo ajudou a consolidar isso nas músicas, boa parte dos arranjos ele construiu com a gente, no sentido de criar essa instrumentalização mais rica. Até o meu pai gravou harpa numa música (risos).

TMDQA!: Aliás, isso é um dos pontos que eu queria comentar com você! O Gustavo é um dos convidados do disco, mas tem o seu pai, como disse, Gadú, Liniker, a Cris do Far From Alaska. Como vocês chegaram nesse time de colaboradores?

Natália: Então, pra esse disco a gente já estava fantasiando nomes pra fazerem participações. Achamos que seria muito legal ter outro artista imprimindo seu estilo nas músicas do Plutão. A gente começou a pensar em nomes e o Gustavo trouxe os nomes da Gadú e Liniker. Ele gravou com elas em São Paulo, não estávamos presentes na gravação. A gente acha que as escolhas foram muito acertadas. A Gadú combinou muito com a música “Duas”, que ela gravou e que é um momento mais profundo do disco. Mesma coisa pra Liniker, imprimiu super bem sua voz na música. A ideia da harpa surgiu quando a gente estava gravando em Natal, no Estúdio DoSol, e eu comentei que meu pai tocava harpa. Meu pai é músico também, e o Gustavo ficou empolgado, falou que nunca tinha gravado uma harpa, então fizemos os corres pra isso. O Gustavo ficou na internet a madrugada inteira, buscando como se microfonava a harpa (risos)! E da mesma forma foi com a Cris, que gravou o lapsteel na “Insone”, que é a música com Liniker.

TMDQA!: Você pulou aí a parte em que contrataram um frete pra levar a harpa, não?

Natália: (Risos) Olha, praticamente! Ela foi no carro do meu pai, mas é aquela coisa: só cabem ele e a harpa!

TMDQA!: Questão de prioridade, né?

Natália: Exatamente!

TMDQA!: Tudo isso vai culminar em dois shows importantes pra vocês! Vamos falar do Lolla: por mais que vocês estejam rodando o país, esse é um palco bem icônico pra qualquer banda. Mas a gente sabe que até tocar os primeiros acordes, é uma jornada e tanto! Além de fazer um show que agrade a vocês e ao público, o que deixaria esse dia perfeito? Algum ritual pré-show? Ou algum artista que vocês querem muito ver?

Natália: Nossa… Cara, eu adoraria conhecer o Anderson .Paak, que vai tocar também. Se não me engano, ele é americano, toca batera e canta. Adoraria bater um papo com ele, o dia estaria perto de ser perfeito! A gente está muito animado com esse show, estamos num ritmo intenso de ensaios e preparando um show específico pro Lolla e pra abertura do Imagine Dragons, que é um dia antes. Vai ser muito legal, vai ser a chance de estar diante de um público muito grande, que muitas vezes nem conhece a banda. Esse é o legal de festival, diversidade de cultura, de público. É algo agregador, estar diante desse público.

TMDQA!: Agora, o Imagine Dragons vai fazer Lolla em São Paulo, e também show no Rio com vocês abrindo! Como vocês estão sempre nessas cidades, tocando, já pensaram em algumas dicas imperdíveis pra dar pra eles? O que vocês recomendariam, numa espécie de “Brasil para iniciantes”?

Natália: Ai, deixa eu pensar… Acredito que aqui em São Paulo, vamos ver… Acho que dá pra comer o pastelzinho na Paulista, da Dona Maria, que já é famoso. Andar de bicicleta na Paulista… acho que já seria uma boa introdução (risos).

TMDQA!: Imagina a cena, Imagine Dragons dando rolê na Paulista.

Natália: Pois é, imagina só (risos).

TMDQA!: Por fim, a gente sempre pergunta aos artistas com quem conversamos sobre os álbuns que eles têm mais ouvido, porque o site não se chama Tenho Mais Discos Que Amigos à toa! O que você tem mais escutado, sem parar?

Natália: Olha, eu vou parecer meio monotemática, mas eu vou ter que citar o álbum do Anderson .Paak, se chama “Malibu”, e se não me engano é o último álbum dele. É de uma qualidade absurda, ele faz mistura de jazz, hip hop, r&b. Como eu comentei, ele é instrumentista também, toca batera… Tô muito empolgada pra ver ao vivo.

Serviços

Plutão Já Foi Planeta @ Lollapalooza
Data: 23 de março (sexta-feira)
Local: Autódromo de Interlagos l Av. Sen. Teotônio Vilela, 261 –
Interlagos, São Paulo – SP, 04801-010
Ingressos: http://bit.ly/2Blb0Ce
Censura: 15 anos

Plutão Já Foi Planeta + Imagine Dragons @ Km de Vantagens Hall
Data: 22 de março (quinta-feira)
Horário: 22h
Local: Via Parque Shopping – Av. Ayrton Senna, 3000 – Barra da
Tijuca, Rio de Janeiro – RJ, 22775-904
Ingressos: http://bit.ly/2iALLRV
Censura: 14 anos

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