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Pearl Jam leva Maracanã de volta aos anos 90 em apresentação eufórica no Rio

Pearl Jam no Rio de Janeiro

Quarta-feira costuma ser um dia difícil para o carioca quando se trata de eventos. Nunca tivemos o mesmo costume de São Paulo de comparecer em peso a apresentações em dias úteis — fato que mudou bastante nos últimos anos, com a alavancada do mercado de shows que trouxe cada vez mais nomes para o Brasil. Por isso, mesmo com o trânsito e a correria da semana, o público compareceu, sim, em peso à visita dos norte-americanos do Pearl Jam ao Estádio do Maracanã.

O duo britânico Royal Blood abriu a noite às 19:30. O estádio ainda não estava tão cheio quanto veríamos nas próximas horas, e Mike Kerr e Ben Thatcher trouxeram no repertório uma mescla de canções de seus dois trabalhos de estúdio, Royal Blood (2014) e How Did We Get So Dark? (2017). Foram apenas dez canções em quase uma hora de apresentação, com os principais singles de cada disco.

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Embora a dupla tenha se esforçado em mostrar todo o potencial barulhento da combinação de baixo, bateria e distorções, o público carioca permaneceu impassível durante boa parte do tempo. A apatia era evidente, e o show já estava quase no fim quando parte do estádio manifestou entusiasmo com o trabalho do Royal Blood. Foi uma curta apresentação que, com certeza, teve um desenrolo melhor na passagem solo da banda pelo Cine Joia em São Paulo, na última quinta-feira (22). O duo também se apresenta no primeiro dia do Lollapalooza, na sexta-feira (23).

A noite pode ter começado com a pista premium e parte das arquibancadas ainda vazias, mas foi questão de tempo para os fãs de Pearl Jam encherem o Maracanã de ansiedade e expectativa. O atraso de 30 minutos permitiu que o estádio fosse ocupado para receber Eddie Vedder e companheiros. O instrumental “Metamorphosis Two”, de Phillip Glass, indicou que a banda estaria ali logo em seguida — e não levou mais de um minuto para o quinteto tomar seu lugar no palco.

O que pude notar ao longo do show é como a atmosfera densa de muitas músicas da banda se tornam ainda mais intensas ao vivo. E, mesmo empolgado, o público pareceu um pouco morno em determinados momentos da noite. O vocalista se comunicou com o público quase que inteiramente em português ao longo do show, usando uma folha de cola e se enrolando com alguns fonemas. E o recado foi dado em bom português: eles sentiram nossa falta.

O repertório levou o Maracanã direto para a década de 1990, começando com “Release”, do álbum de estreia da banda de 1991, e passando pelos hits “Even Flow”, “Alive” e a catártica “Black”. O estádio foi banhado de luz vermelha e as arquibancadas cintilavam com as lanternas dos celulares apontadas para o palco. Foi o momento de total entrega para os fãs.

“Leaving Here”, cover que foi incorporado no setlist há um bom tempo e que precisou ser recomeçada três vezes após o vocalista errar a introdução, foi dedicada ao público feminino. “Essa música é para todas as mulheres fortes de nossas vidas. Só os homens fracos não apoiam as mulheres”, disse Vedder em português bem claro.

A surpresa da noite foi a participação de Chad Smith e Josh Klinghoffer, do Red Hot Chilli Peppers. Vedder antecipou a entrada de Smith dedicando “Wishlist” ao quarteto californiano, porém foi em “Can’t Deny Me”, lançamento recente do Pearl Jam, que o baterista do RHCP foi chamado ao palco. Josh tocou guitarra em “Alive”, e os dois voltaram juntos no fim do show para o cover “Rockin’ in the Free World”, com Chad assumindo o posto de Matt Cameron na bateria.

Havia expectativa em torno da apresentação do Pearl Jam, principalmente pelo engajamento político do frontman. Era esperado que rolasse algum discurso ou homenagem à vereadora carioca Marielle Franco, cuja morte se tornou símbolo na última semana, porém não aconteceu de fato. Isso foi alimentado durante o dia com a divulgação do pôster oficial do show no Rio, que aponta a violência do Estado nas favelas. Assinado por Ravi Zupa, o pôster esgotou em apenas 20 minutos nas bancas de merch ao redor do Maracanã, mesmo sendo vendido por R$150.

Em quase três horas de apresentação (as últimas músicas foram tocadas com as luzes do estádio acesas como faróis, pela banda ter extrapolado o tempo de show), o Pearl Jam provou por que continua sendo um nome tão forte no cenário da música, e que continuarão levando multidões ao Maracanã, mesmo em dia útil.

A apresentação no Rio faz parte da passagem da banda pelo país, que figura no line-up da edição 2018 do Lollapalooza Brasil. O Pearl Jam toca no festival na noite de sábado (24), e o frontman Eddie Vedder fará três shows em São Paulo na próxima semana, nos dias 28, 29 e 30 de Março.

Confira o set de cada show abaixo:

Setlist – Royal Blood no Rio de Janeiro (21/03/2018)

“Where Are You Now?”
“Lights Out”
“Come On Over”
“I Only Lie When I Love You”
“Little Monster”
“Hook, Line & Sinker”
“Hole In Your Heart”
“Loose Change”
“Figure It Out”
“Out Of The Black”

Setlist – Pearl Jam no Rio de Janeiro (21/03/2018)

“Release”
“Low Light”
“Elderly Woman Behind the Counter in a Small Town”
“Go”
“All Night”
“Animal”
“Given to Fly”
“In Hiding”
“Jeremy”
“Corduroy”
“Even Flow”
“Immortality”
“Wishlist”
“Mind Your Manners”
“Lightning Bolt”
“Garden”
“Can’t Deny Me”
“Porch”
“Sleeping by Myself”
“Inside Job”
“Daughter”
“Do the Evolution”
“Black”
“Leaving Here”
“Blood”
“Better Man”
“Alive”
“Rockin’ in the Free World”
“Yellow Ledbetter”

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