Mallu Magalhães fez um show muito divertido na última sexta (23), no Lollapalooza Brasil.
Em um bom momento da carreira após o lançamento de Vem (2017), a cantora foi ovacionada no palco alternativo do festival, e animou o público que chegou mais cedo ao evento.
Mesmo tendo passado por algumas polêmicas com relação a seu trabalho e algumas declarações públicas, a artista parece ter superado tudo isso para viver intensamente sua atual fase. Agora mãe, Mallu exala amadurecimento, tanto no comportamento em palco quanto em seu trabalho lançado.
Conversamos um pouquinho com a cantora após seu show no Lolla, e ainda descobrimos que vem projeto solo de Marcelo Camelo por aí!
Confira abaixo:
TMDQA!: Você acabou de sair do palco, deve estar com adrenalina a milhão ainda. Qual é a sensação nesse momento? Alívio, felicidade…?
Mallu Magalhães: É uma mistura dos dois. E gratidão ao público também, porque o pessoal foi muito legal. Festival é sempre uma incógnita. E quando o pessoal é receptivo e acolhedor, isso é lindo. Dá sempre um banho de esperança, do tipo “nem tudo está tão ruim assim” (risos).
TMDQA!: Clima de festival costuma ser “paz e amor”, né?
Mallu: Exatamente. Isso é fundamental.
TMDQA!: Nós entrevistamos o Vanguart agora há pouco e eles falaram de um encontro muito bacana de vocês nos bastidores. Vocês tiveram um início de carreira muito ligado. Como é rever os amigos?
Mallu: Acho que eu era mais ligada a eles do que eles a mim, porque eu era muito fã. Eu ia nos shows e adorava. Aí rolou a oportunidade de abrir um show deles e eu fiquei no céu. Eu fiquei deslumbrada de entrar no camarim deles (risos). Meus avós foram no show! Eu tinha 15 anos.
TMDQA!: Nos seus discos e na sua forma de fazer música, há alguns momentos mais calmos e intimistas. Quando você toca em festivais, isso funciona? Ou você sente mais uma necessidade de animar o público o tempo inteiro?
Mallu: Não é bem agitar… mas tem algumas músicas que funcionam melhor em ambientes grandes. Como o lugar é aberto, o som não “bate e volta”. A acústica é diferente, não tem tanta sustentação. Então dependendo do tipo da canção, ela fica muito seca, sem o encanto do reverb. Mas eu já fiz muito voz e violão em festivais, principalmente no começo da minha carreira. E fica legal, fica bonito! Porque é um alívio pras pessoas também. Depende muito do horário também. Hoje o show foi muito cedo, então a gente fez um repertório mais tranquilo e que foi crescendo um pouco. No final, deu até pras pessoas dançarem. As pessoas aqui têm muita energia, então é importante que elas possam gritar, se jogar.
TMDQA!: Sua carreira é muito prolífica. Com 25 anos, já são quatro discos lançados, mais o da Banda do Mar. Como é o seu processo de composição de um trabalho novo?
Mallu: Pra mim é rápido. Eu componho bastante, sou muito acelerada. Por mais que eu pareça calma e às vezes até “no mundo da lua” (risos), eu vivo agitada, sempre nervosa com tudo, e eu não consigo me livrar disso, é quem eu sou. Então é por isso que eu produzo tanto. Eu vivo tudo muito intensamente. E com requintes de crueldade (risos).
TMDQA!: Falando em Banda do Mar, vocês pretendem lançar algo novo?
Mallu: Sim! Não esse ano e talvez também não no próximo (risos). Porque a gente tem muitos projetos. O Marcelo (Camelo) vai lançar daqui a pouco um troço que ninguém está esperando. Eu estou acompanhando e tá emocionante…
TMDQA!: É só dele?
Mallu: Sim, da carreira solo dele. Eu sempre achei ele… claro que eu sou esposa dele, mas… eu acho ele um gênio. E o que ele fez agora, realmente, nem eu esperava tanto. Ficou incrível. E o Fred também está em turnê com o Orelha Negra, dedicado às produções dele. Então está cada um num canto por enquanto. Mas a gente está sempre juntos.
TMDQA!: Hoje em dia você se sente mais tranquila pra trabalhar? Porque houve um momento em que sua vida pessoal esteve tão em evidência quanto a sua vida profissional. Acho que hoje você foi “deixada em paz” um pouco.
Mallu: Sim! Isso também tem muito a ver comigo mesma. Porque é a gente que determina o quanto quer se expor. E eu decidi levar as coisas de forma um pouco mais artística e menos da entrega desse lado pessoal. Muito embora meu trabalho seja extremamente confessional e íntimo. Mas sei lá, eu evito um pouco porque não me sinto muito à vontade nesse ambiente. Eu tenho medo de televisão. Eu vou porque quero tocar meu som, então arrisco. Mas entro com medo e saio com medo (risos). Não é natural pra mim. Eu não acho que tenha tanta coisa a dizer além das minhas canções. E isso me dá mais liberdade também, porque posso fazer minhas coisas sem ninguém querer saber onde, quando e como.
TMDQA!: E deveria ser assim sempre, né?
Mallu: É, mas, ao mesmo tempo, essa questão da personificação do ídolo, de colocar determinados sonhos na figura de uma pessoa… isso faz parte, é natural do ser humano. Diferentes figuras já ocuparam esse espaço. Antes tinha a questão da mitologia, por exemplo. Não que os artistas hoje ocupem esse espaço. Mas acho que os artistas acabaram ficando nesse lugar de responder as dores do mundo. O que faz sentido, porque a arte pode, sim, responder. Mas nem tudo. Tem questões que não nos dizem respeito.