Apesar do sucesso de diversas bandas de metal ao longo das últimas décadas, o Metallica sempre foi a maior banda do gênero — em termos comerciais, pelo menos.
Embora muita gente não ligue para isso — como os próprios membros do grupo — o baterista Lars Ulrich foi questionado sobre o assunto em uma entrevista recente para a conferência OMR.
Na ocasião, Ulrich havia sido perguntado se tinha alguma teoria sobre o porquê do Metallica ter alcançado um patamar de sucesso comercial muito maior que o de seus colegas no Big Four — Slayer, Megadeth e Anthrax.
O baterista inicialmente ressaltou que não queria ofender nenhum de seus amigos. “É claro que todas essas bandas são nossas amigas, colegas de trabalho, e eu tenho um respeito e carinho imenso por cada uma delas”, começou.
Mas, na minha opinião, eu sempre achei que o Metallica fosse autônomo e presente no nosso ‘próprio mundo’, que éramos desajustados e nunca sentimos que fazíamos parte de uma cena.
Então nós só fizemos nosso próprio caminho, como dizem. Nós somos fortemente independentes, e isso é relacionado a tudo que fazemos, que é não tentar se trancar em maneiras diferentes de fazer coisas ou então pegar carona em tendências específicas, modas, estilos de negócios ou sei lá.
Nós só fazemos o que é certo para o Metallica no nosso próprio universo. E eu acredito que, ao longo do caminho, nós tomamos algumas decisões criativas e práticas que nos colocaram em um caminho diferente.
No entanto, Ulrich ressalta que o assunto o deixa “desconfortável” porque sua opinião não é necessariamente a verdade absoluta sobre a situação.
Eu não sou um jornalista, não é meu trabalho sentar e falar sobre por que estamos em uma posição em particular e outras pessoas não. Eu me sinto desconfortável com isso.
Em seguida, o baterista falou sobre algumas das “decisões mais importantes” que o Metallica tomou ao longo dos anos que podem ter dado ao grupo um desempenho comercial melhor:
Como eu disse, a ideia era sempre a independência, fazer nosso próprio trabalho e nunca sentir que precisávamos servir alguém, que precisávamos agradar alguém, seguir alguma tendência em algum momento de mudança na área de negócios, moda ou qualquer assunto que fizesse parte dessas ‘ondas’.
Então musicalmente, nós tocávamos algo mais pesado, mas nunca sentimos que fazíamos parte de uma cena. Quando ‘Ride The Lightning’ saiu — o nosso segundo álbum, em 1984 — nós colocamos um violão na canção ‘Fade To Black’, e as pessoas começaram a surtar: ‘Meu deus! O que eles estão fazendo?’
Mas para nós, era somente uma decisão musical natural. Então sempre deixamos a energia criativa e o flow criativo ditar o que iríamos fazer, e então a parte prática, a parte de negócios e tudo mais ficava em um curso paralelo que nos acompanharia depois.
A analogia que eu dou em entrevistas é que existe um trem, e nós estamos dando o nosso melhor para guiá-lo. Mas ao mesmo tempo, você não pode forçar o trem para algum lugar — às vezes você acaba simplesmente se segurando enquanto o trem anda para frente ao invés de forçar o trem para alguma direção em particular.
É assim que encaramos esse tipo de coisa. Às vezes você só se segura, às vezes você precisa guiar — e o negócio é saber a hora certa de fazer cada um.