“Esse ano a gente vai botar fogo”: Francisco, el Hombre promete disco novo ainda em 2018

Conversamos com o enérgico grupo Francisco, el Hombre nos camarins do Lollapalooza, onde eles se apresentaram na abertura do dia 25.

Vento Festival - Francisco el Hombre
Foto por FLASHIT

Depois de mostrar ao Lollapalooza uma das performances mais explosivas entre as bandas brasileiras, a Francisco, el Hombre, foi direto para o camarim, onde a equipe do TMDQA! estava esperando pra uma entrevista.

O baterista do grupo, o metade mexicano-metade brasileiro Sebastián Piracés-Ugarte, falou sobre a sensação de abrir o último dia de festival e transportar aquela energia tradicional da banda para aquele espaço aberto enorme.

Ele também revelou que a banda está preparando um disco novo ainda para este ano. Segundo Sebastián, o brasileiro está “broxado” por causa da política e tem alguém precisando “botar fogo” em 2018, coisa que ele prometeu fazer.

Leia a conversa na íntegra abaixo ou confira o áudio no episódio especial do Podcast TMDQA!, ao fim do post.

Francisco, el Hombre no Lolla

TMDQA!: O Lollapalooza é o primeiro festival midiaticamente tão grande que vocês fazem no Brasil. Como foi a sensação?

Sebastián: Pra mim foi muito gostoso. Eu não tenho palavras. A gente pegou domingo de manhã, que não é o horário mais fácil. Mas a real é que a gente juntou uma equipe tão legal, que a gente falou “sejam 5, 10, 100 mil, foda-se, a gente vai dar de tudo. O show é em homenagem ao Miranda, então vamos fazer entrega 100%”. E assim foi. Fico muito feliz de ver que tanta gente cantou junto, suou junto, num calor da porra como tava… sendo que pra chegar aqui tem que cruzar o outro lado da cidade.

TMDQA!: O Miranda teve um papel importante na carreira de vocês?

Sebastián: De todo mundo. Um parceiro querido, professor, orientador…

TMDQA!: Pois é. E profissionalmente, como foi tocar no Lollapalooza? O que vocês esperam de frutos do festival? Se é que vocês pensam nisso.

Sebastián: Não sei. Acho que o simples fato da gente ser anunciado já criou alguns frutos. A galera ficou bem pilhada. Mas no momento eu não consigo pensar no que vai vir depois. Ainda estou muito mergulhado no agora.

TMDQA!: Vocês pensam em disco novo?

Sebastián: Lógico! Vai sair esse ano pela Natura Musical.

TMDQA!: Legal! Já está em produção?

Sebastián: Tá na cabeça.

TMDQA!: Eu queria falar um pouco da performance de vocês no palco. Vocês são uma banda muito política não só na letra e na música, mas principalmente no jeito de se apresentar. De onde veio essa inspiração pra vocês tomarem no palco de forma tão enérgica?

Sebastián: Na real não foi uma inspiração certa. A Francisco, El Hombre nasceu de um momento de muita tristeza e depressão. Um momento que muitas pessoas passam em que você tangencia o suicídio, o “não mais”. E a gente entendeu que fazer música era a parada que nos faria ficar do lado de cá. Então cada show a gente toca como se fosse o último, mas pensando que não vai ser o último. É por isso que a gente se entrega. Tem que tocar e suar pra caralho. Porque é nossa terapia, é o que faz nosso sangue pulsar e ferver. Subir no palco é o momento em que a gente se liberta. É onde eu me sinto sem medo, eu sei que está tudo certo. E sempre dá alguma coisa errada, mas tá tudo certo. A inspiração vem da vontade de reaprender a amar.

TMDQA!: O que você disse tem a ver com a nossa última pergunta, que é sobre as emoções misturadas do brasileiro em 2018, um ano que, teoricamente, deveria ser bastante animado. Você tem a sensação de uma “depressão geral” no povo? E isso afeta vocês nesse momento que estão compondo pra um disco novo?

Sebastián: Eu diria que o brasileiro está broxado. Tá foda. A gente encara um monte de informação merda de corrupções de todo tipo. É impossível não ficar desanimado. Todo mundo que tinha fogo, nos últimos três ou quatro anos, vai cansando. Mas, ao mesmo tempo, é como se fosse uma gota de água batendo na pedra: tanto bate até que fura. E é assim que eu sinto nosso disco. Sinceramente, estou botando muita fé. Não pelo que vai trazer, pela popularidade, nem nada. Mas porque eu sinto que a gente está conectado. Só está faltando alguém pra, como minha mãe fala, “botar uma pimenta no rabo” e botar fogo. Se está todo mundo broxado, sabendo que a gente só tem uma vida, temos que incendiar tudo mesmo. Cabe a nós, não como banda, mas como indivíduos, cada um de nós. Então eu vejo esse ano como o ano em que a gente vai botar fogo.

TMDQA!: E você fala isso em nome da Francisco, el Hombre também? Vocês vão botar fogo?

Sebastián: Com certeza.

https://soundcloud.com/podcasttmdqa/22-lolla-entrevistas-com-national-neighbourhood-tie-e-mais