MPB

Projeto analisa o machismo por trás da Música Popular Brasileira

O projeto MMPB (Música Machista Popular Brasileira) busca identificar discursos de machismo em canções famosas e discutir o assunto.

Logo do Música Machista Popular Brasileira (MMBP)
Foto: Reprodução / MMPB

Definitivamente, a expressão artística que tem o maior poder sobre a cultura e a sociedade é a música. Movimentos políticos e sociais ao longo da história ganharam força graças à incorporação de seus temas em canções. As críticas políticas, por exemplo, de artistas como Geraldo Vandré e de bandas como a Aborto Elétrico, serviram de voz para muitos durante a nossa ditadura militar.

Mas é preciso tomar cuidado com essa tamanha responsabilidade que a música carrega. Quanto mais divulgada, maior o seu poder. Mas isso pode ser perigoso também. O machismo, por exemplo, já foi tão propagado no mundo da música que algumas mensagens machistas acabam tidas pela sociedade como “normais”.

É contra isso que foi criado o projeto MMPB. O nome, clara referência à Música Popular Brasileira, ganhou um “M” a mais para abordar o assunto. O projeto busca relatar e explicar mensagens machistas escondidas (ou mesmo explícitas) em músicad que se tornaram populares, desde o samba até o funk.

Você pode acessar o site clicando aqui. O projeto ainda dá a você a opção de sugerir músicas para serem adicionadas na vasta playlist de canções por lá.

De Bezerra da Silva até Biel

Ao clicar na opção “Dá Um Shuffle”, o usuário do site é direcionado aleatoriamente para uma página contendo a letra de alguma música que tenha mensagens deste teor.

Objetificação da mulher, desrespeito, pedofilia, a infeliz “clássica” citação “lugar de mulher é na cozinha”… São várias músicas analisadas, desde óbvias como “Química” do Biel até algumas cuja mensagem pode passar despercebida, como “Nosso Sonho”, de Claudinho e Buchecha. Nem pessoas apontadas como gênios da nossa música popular, como Chico Buarque e Bezerra da Silva, ficaram de fora dessa.

Um dos pontos mais interessantes do projeto é promover a reflexão sobre o que aceitamos escutar diariamente. Vale lembrar que, ao se dizer “MPB”, o site quer enfatizar que músicas que se tornam populares, seja nas rádios, em festas ou em playlists, muitas vezes trazem consigo mensagens que inferiorizam a mulher em relação ao homem.

Não é só aqui

Artistas internacionais já se pronunciaram em relação ao machismo na música. Courtney Love, Lauren Mayberry e muitos outros já se falaram a respeito de uma indústria que objetifica as mulheres enquanto dá prioridade aos homens.

Mas a resistência existe e (ainda bem) se mostra cada vez mais forte. Artistas femininas, cada vez mais, mostram sua força como mulher. Mostram sua voz. Mostram que não dependem de homens. Lutam por uma sociedade igualitária e pela garantia de seus direitos. Temos o exemplo da hashtag #AgoraÉQueSãoElas, causa apoiada pelo TMDQA, em que diversas artistas deram seus depoimentos sobre o que pensam em relação à sociedade atual.