Aconteceu na última semana no Rio de Janeiro mais uma edição do Rio2C, o maior evento de criatividade e inovação da América Latina, que veio a partir do Rio Content Market.
2018 foi o primeiro ano em que a música também passou a ser representada na convenção que fala de audiovisual, games e novas tendências, e uma das principais iniciativas do encontro foi o Festivália.
O “festival dos festivais” tinha como premissa unir diversos eventos independentes de todo o país através de bandas que os representassem no palco.
Sendo assim, o primeiro dia contou com a Plutão Já Foi Planeta representando o Festival DoSol, uma série de músicos da nova cena pernambucana representando o Festival de Inverno de Garanhuns, a Francisco, el Hombre representando o Festival Psicodália e Emicida representando o Festival MIMO.
Com um Sol que deve ter levado muita gente à praia no Sábado, a Plutão fez um show literalmente quente, mostrando seu indie pop ao público com belas canções, belos instrumentos e muita energia, principalmente quando músicos de grupos como Francisco, el Hombre e Camarones Orquestra Guitarrística subiram ao palco para complementar a festa.
A banda que apareceu na nossa lista de melhores discos nacionais em 2017 mostrou que ao vivo também sabe o que faz, e além da música também passou uma mensagem pelo fim do preconceito e do racismo quando parou seu set para falar sobre o absurdo que foi um incidente em que fãs de Imagine Dragons tiraram sarro do sotaque da banda potiguar em show recente no Rio de Janeiro.
Assim como a banda pediu para que quem tivesse feito isso analisasse novamente seus conceitos, a gente reforça por aqui e diz que em pleno 2018, principalmente em um ambiente tão aberto quanto a música, esse tipo de comportamento é deplorável.
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Festival de Inverno de Garanhuns
Na sequência vieram os músicos de Pernambuco, que juntos fizeram uma abertura incrível alternando seus vocais e performances em canções que apresentaram lado a lado antes de mostrarem talentos individuais na sequência.
Teve muita dança, letras provocativas, ritmos dos mais diversos e uma energia que mostrou que um pulo até o interior do Pernambuco para conhecer o FIG é mais do que recomendado para todo fã de música.
O festival anual, inclusive, conta com diversos outros lados da arte, como o teatro, e escala em seus palcos desde bandas instrumentais até artistas dos mais populares passando por gêneros como o hardcore, o que ficou evidenciado no show.
No Festivália, o show teve direção musical de Juliano Holanda e apresentações de Aninha Martins, Flaira Ferro, Isaar, Isadora Melo, Martins, Almério, Romero Ferro e Amaro Freitas.
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Festival Psicodália / Francisco, el Hombre
Falar que o show da Francisco, el Hombre é um dos mais explosivos do Brasil é chover no molhado, já que recentemente nós literalmente afirmamos isso por aqui.
A apresentação foi mais uma explosão de intensidade que demorou pouco até contagiar o público que estava na Cidade das Artes, e além da mistura de punk e música latina com letras cheias de críticas sociais e políticas, a data também era especial porque marcava o dia da prisão do ex-presidente Lula em Curitiba.
Ao parar para falar a respeito, o baterista e vocalista Sebastian apontou a ironia de um político ligado ao famigerado helicóptero de cocaína em Minas Gerais ter sido apontado como dirigente da CBF enquanto o presidente que mais teria construído universidades no Brasil estava sendo encarcerado.
Sebastian ainda disse que as pessoas podem acompanhar tudo caladas ou fazer alguma coisa a respeito, e enquanto o telão trazia a frase “Há casos em que a sentença já está escrita antes do crime”, o palco era invadido por músicos de outras bandas do evento com cartazes que diziam “Lula Livre”.
Em mais uma performance emocionante de “Triste, Louca ou Má”, Juliana Strassacapa terminou a apresentação dizendo que “quando uma mulher avança, nenhum homem retrocede”, e o fim do show veio com uma música inédita cheia de swing que deve aparecer no próximo disco do grupo.
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Emicida
Quem fechou a primeira noite foi o rapper Emicida, e o cara é uma força da natureza.
Passeando por diversos dos seus hits e contando com versos que contagiam mesmo quem não conhece a sua carreira, o músico conduziu a plateia como poucas pessoas o fazem e contou com a interação dos seus seguidores a todo momento para fazer um showzão.
Além disso, os músicos que o acompanham também dão um show à parte no palco e fazem com que a performance de Emicida lembre muito um show de rock and roll cheio de energia e muito peso.
Ao também comentar a prisão de Lula, Emicida contou uma história sobre como trabalhava desde cedo e aguentava piadas racistas o dia todo de quem eram os seus patrões. Ele falou que no dia em que Lula se elegeu, os chefes fizeram piada dizendo que a Primeira-Dama, Marisa Letícia, “teria muito trabalho para limpar as janelas do Palácio do Planalto”, e o rapper contou que a sua mãe tinha o serviço de limpar janelas naquele período.
Ele finalizou deixando claro que nunca estará do lado de quem tira sarro de quem limpa janelas.
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Em “Passarinhos”, Emicida disse que Vanessa da Mata não chegaria a tempo, então pediu a participação da plateia para os backing vocals, e “Zica, Vai Lá” foi uma verdadeira aula de como chamar a participação do público para perto de si e ainda conquistar quem não conhecia a canção.
Outro ponto alto foi com “Hoje Cedo”, e ao final do show Emicida disse que se encerrava ali também a turnê do disco Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa, lançado em 2015.
Para finalizar em grande estilo, ele agradeceu todos os instrumentistas que estavam com ele no palco e também os que passaram por outros shows da turnê e não estiveram por ali.
Que venha um disco novo e mais shows memoráveis!
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Festivália
O Festivália seguiu no Domingo com o Festival Se Rasgum apresentando Lucas Estrela e Strobo, o Festival Bananada apresentando Carne Doce, o Faro apresentando Tulipa Ruiz com As Bahias e a Cozinha Mineira e o festival Coquetel Molotov apresentando Karol Conká.