Em 1967, em meio ao início de uma ditadura militar que se estendeu por mais de 20 anos no Brasil, a música se mostrava uma forte manobra de resistência. Foi isso que Chico Buarque comprovou com “Roda Viva“, canção que ganharia uma grande importância política nos anos seguintes ao seu lançamento.
Composta originalmente para uma peça homônima, a letra fala sobre um artista e sua massificação pelo mundo televisivo. A canção foi apresentada no III Festival da Música Brasileira, da TV Record, e terminou na terceira colocação, perdendo apenas para Edu Lobo e Gilberto Gil. A aura política surgiu após o cancelamento do polêmico espetáculo. O regime militar, sob obediência ao AI-5 (promulgado em 1968), agrediu os atores e destruiu os cenários. Era uma prova clara de que a liberdade de expressão não era bem-vinda naquele momento da nossa história.
Semelhanças com os dias de hoje?
Mesmo passados 50 anos, a sociedade ainda luta por uma sociedade igualitária e justa. Clamamos pela liberdade de expressão e pelo respeito. Não nos livramos do preconceito, nem com todas as lições que tivemos anteriormente. “Mas eis que chega a roda viva e carrega o destino pra lá”, já dizia Chico.
Baseado nisso, a banda Drenna regravou esta clássica canção. Lançada com o selo Toca Discos, a música foi gravada no estúdio Toca do Bandido por Raphael “Moita” Dieguez (que também já gravou para o Stereophant) e produzida por Felipe Rodarte (The Baggios, AVA e Lucy Alves). A faixa ainda conta a participação da dupla Lithio.
É o primeiro lançamento do grupo desde o álbum de estreia Desconectar, de 2016.
A eterna roda viva
O momento para o lançamento deste single foi, no mínimo, reflexivo. Mesmo passados 50 anos, a letra ainda parece atual. Precisamos agradecer à banda Drenna pela moderna repaginada na versão clássica. É uma forma de ajudar uma nova geração a ter um contato mais próximo com um clássico da nossa música.
O release oficial toca em questões sociais importantes:
O respeito representa a maior tutela de liberdade que podemos proporcionar uns aos outros. Seja em 1968, seja em 2018, ainda precisamos superar a nós mesmos e nos livrar do preconceito. Essa é a eterna Roda Viva e o mais importante que não desistir é resistir!
Um baita videoclipe
Dirigido e editado por Gabriel Gomes, a canção ganhou recentemente um videoclipe recheado de críticas a uma sociedade preconceituosa. Protagonizado por vários arquétipos, o vídeo logo nos faz refletir sobre liberdade de expressão.
Discussões religiosas, políticas e sociais estão presentes em um único clipe. Um padre, um militar, um homem mascarado, um casal lésbico e mais aparecem em um cenário escuro. Uma roda ganha destaque ao longo do clipe, fazendo referência à metáfora principal da música. Tudo no vídeo ressalta um único objetivo: respeito e igualdade.
Confira abaixo o clipe: