Música

Dave Grohl fala sobre Donald Trump, Nirvana e o futuro do Punk em entrevista

Em entrevista para a revista GQ britânica, Dave Grohl chamou Donald Trump de "completo idiota", se lembrou de Kurt Cobain e falou de gosto musical da filha.

Dave Grohl em Curitiba
Foto por Aline Krupkoski

De volta à estrada com o Foo Fighters para divulgar o último disco de estúdio da banda, Concrete And Gold, Dave Grohl deu uma entrevista para a revista GQ britânica e não mediu palavras.

Quando o assunto apontou para o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o músico foi bastante claro a respeito dos seus pensamentos e disse que além de se sentir envergonhado pelo presidente quando viaja pelo mundo, ainda acha que o cara é “um completo idiota”:

O Sonho Americano ainda era tangível, era desejável. Hoje, o Sonho Americano está falido. Eu provavelmente viajei para outros países mais do que o nosso presidente e a questão que eu entendo e ele não entende é que o mundo não é tão grande quanto você pensa que é. Tudo está próximo de você. Índia, Ásia e Islândia não são outros sistemas solares. Eu tenho vergonha do nosso presidente. Eu sinto vontade de pedir desculpas por isso quando eu viajo.

Veja, quem se importa sobre o que eu penso a respeito de armas ou religião, mas o lance com Trump que mais incomoda é isso: ele simplesmente parece um completo idiota. Certo? Eu conheço várias pessoas maravilhosas que não pensam como eu quando o assunto é política e você pode apostar que amanhã à noite no estádio nem todo mundo irá compartilhar da mesma opinião ou ter os mesmos pontos de vista. Mas quando eu canto ‘My Hero’ todos eles irão cantar comigo. Durante aquelas três horas em que estou no palco, nada disso importa.

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Futuro do Punk Rock

Na mesma entrevista para a GQ, Dave Grohl falou a respeito do que ele acha que é o futuro do Punk Rock, e compartilhou de um ponto de vista muito parecido com o que tem Jack White, que vê o hip hop como o movimento mais próximo:

Depende de como você define o punk rock. Você sabe quem é o Lil Pump? (descreve Lil Peep) Não. Esse era o Lil Peep [falecido em 2017]. Lil Pump é do mesmo gênero, aquele lance de hip hop emo cozido lentamente. Enfim, ele tem uma música chamada ‘Gucci Gang’. É algo hilário, o vídeo tem tigres, maconha e Lamborghinis azuis. Ainda assim para a minha filha mais velha, o Lil Pump é punk rock. Em 2018 a música não soa e nem deveria soar como quando eu tinha 14 anos. Eu acho que para mim o punk rock tem a ver com um estado de independência e se isso é o Lil Pump, então que seja. Tem a ver com liberdade para fazer o que diabos você quer fazer.

Nirvana

O líder do Foo Fighters ainda falou sobre a banda que o colocou no mapa como baterista, o Nirvana, e abriu o coração:

O Nirvana para mim, foi uma revolução pessoal, eu tinha 21 anos de idade. Você se lembra de quando tinha 21 anos de idade? Você acha que sabe de tudo. Mas não sabe. Eu achava que sabia de tudo. E estar no Nirvana me mostrou como eu sabia pouco das coisas. Foram realmente alguns dos pontos mais altos da minha vida, mas também, é claro, alguns dos pontos mais baixos. Essas experiências se tornaram uma base para a minha sobrevivência. Durante anos eu não conseguia ouvir nenhuma música, muito menos do Nirvana. Quando o Kurt morreu, toda vez que tocava na rádio meu coração ficava partido. Eu não coloco músicas do Nirvana para tocar, não. Apesar delas sempre tocarem em algum lugar. Eu entro no carro, toca alguma música. Eu vou a uma loja, toca alguma música. Para mim é algo pessoal. Eu me lembro de tudo sobre esses discos; eu me lembro dos shorts que estava usando quando gravamos essas músicas, ou me lembro de que nevou aquele dia. Ainda assim, eu volto no tempo e encontro novos significados para as letras de Kurt. Sem a pretensão de ser revisionista, mas há vezes que tudo me acerta em cheio. Você pensa, ‘Wow, eu não tinha percebido que ele estava se sentindo assim na época.’