Lançamentos

O Citizen estreou em SP tocando como se estivesse na sua própria casa

Quinteto de hardcore melódico fez a sua estreia em São Paulo na noite do dia 28 de Abril com presença de fãs apaixonados pelo repertório da banda.

Citizen em São Paulo
Foto: Gabriela Klein

Fabrique Club no bairro da Barra Funda em São Paulo tem assumido a responsabilidade de ser o espaço anfitrião na capital para uma série de shows do público do hardcore, emo, punk e derivados.

Atrações internacionais recentes do gênero que passaram por lá incluem os galeses do Neck Deep e bandas como Dance Gavin Dance, Turnover, Tigers Jaw e o Citizen, que fez a sua estreia na cidade no mesmo local, na noite do último sábado, 28 de Abril.

O clube fica localizado em uma ruazinha que leva o mesmo nome do bairro e abriga uma série de pequenos botecos e casas noturnas ao lado de um viaduto. Por volta das 17h as calçadas já estavam bem movimentadas com fãs tomando umas cervejas e vendedores ambulantes tentando vender camisetas e produtos não oficiais nos arredores do local do show, enquanto um movimento bem menor de pessoas se concentrava dentro do Fabrique para acompanhar o show dos catarinenses do Vistas.

O sexteto do sul do país tocou uma série de músicas do seu disco de estreia, Marasmoque tem rendido uma certa visibilidade aos músicos dentro do cenário underground do estado de Santa Catarina. Com boas melodias e canções que circulam em torno da sonoridade do emo dos anos 90 com uma leve pegada de hardcore melódico, o grupo deve ter encontrado novos fãs dentro do público do Citizen, devido a uma boa dose de similaridade entre o som das duas bandas.

 

Às 18h30, ainda com a pista bem aquém do que o esperado e a maior parte do público fora da casa, os paulistanos da Black Days, banda de metalcore/post-hardcore, subiram ao palco para mandar uma pedrada atrás da outra. O quarteto lançou o seu EP de estreia, Tempo Para Sobreviver, em 2015 e tem seguido uma estratégia de lançar singles isolados constantemente desde então (o mais recente, “Antídoto” foi gravado em parceria com membros do Bullet Bane).

Foto: Yuri Milicevic

Apesar de a banda estar tocando em sua própria cidade e já ter um pequeno histórico recente abrindo shows de bandas internacionais (como Dance Gavin Dance e The Amity Affliction), a Black Days sentiu um pouco de dificuldade de empolgar o público presente. A banda executou sons muito competentes dentro do seu estilo, com grande destaque para a cozinha da banda com linhas muito criativas de Adriano Ferreira (bateria) e João Bonafé (baixo), mas a plateia não correspondeu com as expectativas da banda, que devia estar esperando uma sequência de rodas, bate-cabeças e a empolgação que o tipo de som, repleto de breakdowns, pede.

João e o vocal Bruno Figueiredo inclusive entraram em um “embate irônico” com o público, dizendo que “o ar-condicionado deve ter deixado eles muito confortáveis”, ou que “o perfil da plateia era de ficar quieto prestando atenção mesmo, o que é legal até”, o que simplesmente piorou a situação e deixou calado o público que já não estava muito entusiasmado.

Foto: Yuri Milicevic

 

Após a apresentação da Black Days e a proximidade do set do Citizen (com os próprios músicos já no palco dando os últimos ajustes no som) a pista finalmente começou a ficar mais povoada, apesar de o público pagante não ter chegado a esgotar a capacidade do clube. Aí, por volta das 19h30 da noite o Citizen completo entrou no palco para finalmente empolgar a plateia que os aguardava para cantar a plenos pulmões a música “Roam The Room”, que abriu o repertório dos norte americanos.

Com a mistura sempre interessante entre acordes carregados de peso e distorção, melodia e riffs em escalas menores e introspectivas durante os versos, o Citizen trouxe uma série de canções que mostram por que essa banda é um dos nomes mais destacados em uma cena que curte o emo revival dos anos 90. A variação entre o melódico e linhas rasgadas e encorpadas do vocalista Mat Kerekes é uma constante durante o show e faz jus ao estilo do quinteto.

Foto: Gabriela Klein

O repertório seguiu com “The Summer”“Fever Days” “In The Middle Of It All”, uma das músicas mais interessantes do lançamento mais recente do grupo, o disco As You Pleaseonde Mat se divide entre suas funções vocais e o controle de alguns samples que permeiam a música. O repertório inclusive se dividia dessa forma por toda a sua extensão, com a banda alternando entre músicas do disco Youth (o favorito dos fãs) e canções de As You Please. O segundo disco, Everybody Is Going To Heaven ficou um pouco esquecido, sendo que a banda só executou duas músicas dele: “Numb”“Cement”.

Recentemente nós conversamos com o guitarrista Nick Hamm sobre as expectativas dele para a turnê pelo Brasil e parece que elas se comprovaram nessa passagem do Citizen pelo país: em certa altura do show, Nick se dirigiu a plateia dizendo que a banda já estava ficando sem lugares inéditos para tocar, e o quanto é sempre uma experiência incrível poder tocar em um lugar como a América do Sul pela primeira vez. O guitarrista elogiou a receptividade de todos por onde passaram e disse que essa turnê estava sendo muito especial para a banda. Após a declaração, o grupo emendou uma das músicas mais esperadas, “The Night I Drove Alone”, com um coro muito afiado dos fãs, que cantaram a música mais alto que o vocalista.

Foto: Gabriela Klein

O Citizen encerrou a primeira parte do show com a música que abre o disco As You Please, e uma das melhores composições da banda, a faixa “Jet”. O grupo não devia estar muito afim de parar de tocar, pois fez o ritual do bis mais rápido que de costume, nem dando tempo pro público pedir mais músicas. No retorno do quinteto ao palco, a banda tocou as faixas “Drown” “Drawn Out” e admitiu com muita empolgação que não conseguia acreditar no quanto o show tinha sido legal: “parece até que estamos fazendo esse show na nossa cidade natal,” disse o guitarrista Nick.

Foto: Gabriela Klein

Talvez como uma forma de agradecer aos paulistanos pela cordialidade, o Citizen saiu do script e improvisou mais uma música no bis, após pedidos da plateia. A banda disse que esse tinha sido o show favorito deles da turnê até então e terminou o set definitivamente com a música “How Does It Feel” e uma série de sorrisos estampados na cara por ter conquistado mais uma cidade no mapa e deixado os fãs igualmente satisfeitos.

A banda ainda seguiu para mais uma apresentação no domingo (29/04) no Rio de Janeiro e agora embarca em uma nova turnê pelos Estados Unidos com os ingleses do Basement.

Repertório Citizen:

  1. Roam The Room
  2. The Summer
  3. Fever Days
  4. In The Middle of It All
  5. Sleep
  6. Cement
  7. Medicine
  8. The Night I Drove Alone
  9. World
  10. Ugly Luck
  11. Speaking With A Ghost
  12. Numb Yourself
  13. Jet
  14. Drown
  15. Drawn Out
  16. How Does It Feel