A indústria fonográfica, entre o final dos anos 90 e o início dos anos 2000, encontrou o seu maior inimigo até então, a pirataria digital.
O mundo, cada vez mais moderno, facilitou o alcance a novas ferramentas. Pelo computador, uma pessoa poderia fazer quase qualquer coisa. Mas a indústria não havia previsto a possibilidade de compradores de CDs, formato ainda recente no mercado, replicarem seu conteúdo para venda ilegal. Daí nasceu uma grande crise cujos efeitos são sentidos até hoje e começam, mesmo que de leve, a serem revertidos com plataformas como o Spotify e o Youtube.
Como se a divulgação descontrolada de álbuns pirateados já não fosse suficiente, o apresentador Ratinho, no final dos anos 90, resolveu mostrar em seu programa, ao vivo, como era rápido o processo de gravação de CDs piratas.
“Se você está copiando para dar para um amigo, não é crime”
É sempre válido lembrar o trabalho árduo por trás das gravações de um álbum. A quantidade de pessoas envolvidas é grande, desde a gravação em si até a divulgação. Mas parece que Ratinho desconsiderou isso, apenas focando no custo elevado dos discos.
No vídeo, o apresentador chama especialistas no assunto para, usando um computador local como exemplo, mostrar para o público como se dá o tal processo. O álbum original usado como base para a cópia foi Alô, lançado pela dupla sertaneja Chitãozinho & Xororó em 1999.
O processo em si é rápido e fácil, e Ratinho fez questão de enfatizar isso. Ele defendeu ao vivo a pirataria, usando a lei de então como base. “É crime se você copiar o CD e vender”, disse logo antes de sugerir que gravem CDs para dar para amigos e familiares.
Um CD virgem, na época, custava menos de um real, e isso se mostrou mais um argumento a favor das cópias ilegais. O apresentador viu isso como uma forma eficaz para fazer as gravadoras reduzirem os preços do CD:
Eu realmente estou com muito dó das gravadoras, apesar de que eu acho que elas exploram muito nos preços. Eu acho que o único jeito de combater isso é a gravadora baratear muito o preço do CD.
A lei
Um levantamento do Fórum Nacional Contra a Pirataria e Ilegalidade (FNCP), realizado no ano passado, afirmou que o Brasil perde, anualmente, cerca de 130 bilhões de reais com comércio de conteúdos ilegais.
A lei 10695, em vigor desde 1940, dá penas que podem variar entre multas e um ano de detenção. Ela prevê em seu primeiro artigo que a punição será aplicada:
Se a violação consistir em reprodução total ou parcial, com intuito de lucro direto ou indireto, por qualquer meio ou processo, de obra intelectual, interpretação, execução ou fonograma, sem autorização expressa do autor, do artista intérprete ou executante, do produtor, conforme o caso, ou de quem os represente.
No final do vídeo, Ratinho sugere que o dinheiro das gravadoras deve ser dado a hospitais e encerra seu discurso com um gesto obsceno.
Só tem um jeito. Ou vocês (das grandes gravadoras) contratam muitos camelôs para trabalhar para vocês, ou vocês se reúnem para falar comigo, porque eu tenho uma ideia.
Confira abaixo o vídeo em questão:
https://www.facebook.com/canaltech/videos/1526915837356816/?hc_ref=ARRLihev7QS59Y2nbuzcErj4ENvljDj83QDktilUOcJsaPU5SzPdhW-HU8Fiep4WeJg