Música

8 novas vozes femininas e nacionais que você precisa conhecer

Em uma cena musical cada vez maior - muito por causa da internet -, é fácil encontrar vozes femininas ainda pouco conhecidas. 

8 novas vozes femininas e nacionais que você precisa conhecer

De 1,5 mil views no YouTube a clipe lançado pela MTV. De shows em pequenas casas paulistanas a reconhecimento da grande mídia. De inícios de carreiras a discos gravados. Em uma cena musical cada vez maior – muito por causa da internet -, é fácil encontrar vozes femininas ainda pouco conhecidas. 

A música brasileira, que reserva um lugar especial às mulheres, parece estar bem servida por uma nova geração que possui uma variedade de estilos, de discursos, de posturas e de talentos.

É difícil selecionar só algumas, mas nós tentamos fazer o exercício e a seguir você confere uma lista com oito das novas vozes femininas que você provavelmente vai ouvir falar no futuro.

As novas vozes femininas do Brasil

Luedji Luna

O batuque de candomblé que abre o clipe de “Um corpo no mundo” já dá o tom exato para explicar de onde vem Luedji Luna: da Bahia. Mais especificamente de Cabula, na região metropolitana de Salvador. O vídeo que acompanha a canção também é paradigmático: em meio aos carros e pedestres do centro de São Paulo, ela aparece com as vestimentas da religião de matriz africana enquanto dança.

Fluente em francês ganhou o Festival da Canção Francesa, da Aliança Francesa, em 2013 , já cantou no grupo “Uns Zanzoutros“, no Sarau Preto e hoje mora na cidade de São Paulo, onde lançou o álbum Um Corpo no Mundo e que também aparece na maioria de suas letras.

Luiza Soares (1LUM3)

Melodias aconchegantes e som impactante: assim chega 1LUM3, projeto e persona de Luiza Soares. Ao lado de seu produtor, liev, a cantora tem uma abordagem vocal suave e projetada para adicionar textura à sua música.

Seu primeiro EP foi lançado em fevereiro deste ano, pelo selo Amusiia. As seis faixas de waters definem uma identidade única, mas que busca referências no trip-hop, lo-fi hip hop, neosoul e R&B.

1 L U M 3
Reprodução: Facebook

As letras profundas revelam sua intenção de provocar um misto de sensações em quem as ouve pela primeira vez. Em cenários urbanos, propõem um olhar para dentro, além da expressão tanto de melancolia quanto de prazer; decepção e superação em contraponto. Percebemos isso em the first untitled”: take me down forever/ to the ground, i’m clever/ i’ll be up in a second.

 

Juliana Valle (OZU)

O público parecia pasmo diante da voz de Juliana Valle, em uma sexta-feira de março, quando a banda OZU, de Cotia, se apresentou na Associação Cultural Cecília, na região central de São Paulo.

A vocalista, que estuda canto e teoria há seis anos, buscou inspiração em cantoras consagradas como Elis Regina, Billie Holiday e Ella Fitzgerald para construir sua personalidade musical.

Com referências ao trip-hop inglês dos anos 1990 e um dos primeiros a trazer o downbeat, a banda lançou seu primeiro EP em abril do ano passado: The DownBeat Sessions Vol. 01″.

O show chama a atenção não apenas pela voz, que lembra a da vocalista da banda de trip hop Portishead, Beth Gibbons, mas pelo baixolão (João Amaral), misturado ao teclado (Kiko Cabral), à batida hip hop e à guitarra tradicional.

Sabine Holler

A moça que aparece tocando guitarra e cantando delicadamente em inglês uma composição própria “The Hanged Woman em seu canal no YouTube (1,5 mil views) pode parecer iniciante, mas já tem uma carreira estabelecida na cena musical de São Paulo. Fundou a banda Jennifer Lo-Fi, tocou na banda feminina Ema Stoned e participou do Mawn, projeto de música eletrônica em Berlim, na Alemanha.

Recentemente, uma resenha do site Miojo Indie a chamou de “misto de Björk, Fiona Apple e Julia Holter“. No ano passado, Holler lançou seu primeiro disco solo, Mother of Transition, com sete canções incluindo a bela “Bad Habits”, cujo clipe oficial saiu com exclusividade aqui no TMDQA!; (relembre aqui).

Malía

Ao contrário de Sabine, que canta em inglês e tem um estilo introspectivo, a carioca Malía é mais pop: faz sucesso nas redes sociais não apenas pelas canções, mas pelo seu comportamento e estilo.

mália machado
Reprodução: Facebook

O jornal O Globo a considerou It Girl no ano passado uma referência ao rótulo que os periódicos estadunidenses dão para mulheres que se destacam em alguma área.

Negra, periférica (nasceu na Cidade de Deus, no Rio de Janeiro) e com letras que falam sobre a discriminação racial e desigualdade social, ela se encaixa perfeitamente nesse momento de contestação pelas pautas identitárias. O clipe de Escuta, lançado em setembro de 2017, já tem 525 mil views no Youtube.

Bia Doxum

Recentemente, o rapper Mano Brown, dos Racionais Mc’s, disse que era o momento das mulheres tomarem a cena do rap brasileiro e expressarem suas demandas por meio da música, assim como o grupo fez no final dos anos 1990.

A paulistana Bia Doxum é a materialização dessa expectativa: com dois álbuns lançados, o primeiro pelo selo Eixo Central Records e o segundo, pelo Periferia Invisível, as letras quase sempre falam de questões que envolvem a experiência de ser mulher, negra e periférica nas grandes cidades brasileiras.

Em “Culpa Minha”, de 2015, ela faz sentir o mesmo nó na garganta que as letras clássicas dos Racionais trouxeram quando canta: “Avenida Sapopemba, não me esqueço aquele dia/ Abuso da PM me chamando de vadia/ Revista proibida, passava a mão e ria/ E eu engolindo a seco a tua soberania/ Madrugada fria, os gritos que ninguém ouvia”.

Luisa Maita

Também periférica (nasceu em São Mateus, na zona leste de São Paulo), Luisa Maita já tem uma carreira um pouco mais densa: gravou dois discos (Lero-Lero e Fio da Memória, além do remix Maita Remixed), tem uma legião de fãs no YouTube, muitos plays no Spotify e faz shows frequentemente lotados na cidade.

O segredo do sucesso deve ser a mistura que faz entre samba e música eletrônica que consagrou Lero-Lero e que muitos críticos sentiram falta em Fio da Memória. Sua voz é mais suave e adocicada, lembrando a de Maria Rita. Em um de seus grandes hits, há uma inspiração perceptível de Jorge Ben.

Geo

Também para denunciar a misoginia e o machismo na sociedade, a cantora Geo usa outro estilo musical: ao invés do rap de Bia Doxum ou do pop de Malía, ela prefere um tom mais melancólico entre hip-hop e dream-pop, que lembra Lana Del Rey.

Cantora Geo
Reprodução: Facebook

As letras falam de relações que não deram certo e que depois se mostraram abusivas ou de conflitos amorosos.

Geo surgiu na cena musical como muitas outras cantoras brasileiras: tocando covers de artistas internacionais, como a própria Lana Del Rey, Melanie Martinez, Britney Spears e Tove Lo, em seu canal no Youtube. Deu certo: no ano passado, ela estreou seu primeiro single, “Tipo Errado de Amor“, na MTV brasileira.

Com contribuições de Aileen Rosik