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XXXbórnival celebra e escancara a qualidade da música independente brasileira

Primeira edição do festival independente XXXbórnival, realizado em São Paulo, sintetizou o talento e a energia positiva de artistas do underground.

Boogarins no XXXbórnival (foto: Larissa Andrade/TMDQA!)
Boogarins no XXXbórnival (foto: Larissa Andrade/TMDQA!)

Doze horas ininterruptas de shows, discotecagem e exposições, a maior parte de artistas e grupos da cena independente. Essa era a proposta do XXXbórnival, primeira edição do festival da festa XXXbórnia, já famosa no circuito autoral paulistano.

O evento aconteceu no último sábado (26/5) na Audio, em São Paulo, e entregou tudo que prometeu e mais um pouco.

Organização, público e bandas passaram das 17h às 5h juntos, física e emocionalmente, em um clima de celebração difícil de encontrar no Brasil de 2018. Foi comum, por exemplo, encontrar integrantes de grupos que já tinham se apresentado no meio da pista, curtindo o show do artista seguinte.

Aliás, vamos falar da escalação: Boogarins, Letrux, Carne Doce e MC Carol (cujo show contou com um caso lamentável de agressão sexual, que destoou totalmente do clima do evento), com públicos já consolidados, lideraram o caminho para bandas que também trilham para ser a nova cara da música brasileira.

São eles: Terno Rei, Tagore, Singapura, TETO PRETO, STROBO, Raça e 2DE1. Isso sem falar na americana Macintosh Plus (aka Vektroid), artista digital considerada uma das pioneiras do vaporwave.

Grande parte desses artistas é apoiado pela gravadora Freak, selo de música independente que ajudou a produzir o festival.

O TMDQA!, claro, marcou presença, e você pode conferir abaixo as fotos e resenhas de alguns dos shows.

Carne Doce

Carne Doce no XXXbórnival (foto: Larissa Andrade/TMDQA!)

Salma Jô é a primeira coisa em que todos repararam no show da banda goiana Carne Doce, que subiu ao palco por volta das 20h. E não apenas pelo fato óbvio de ela ser a vocalista, mas porque a cantora transmite como poucos duas características que, se exploradas da forma incorreta, podem parecer incompatíveis: força e sensualidade.

Entre danças, vocais poderosos e letras agressivas, Salma personifica a potência do instrumental da banda, liderado pelo marido dela, o guitarrista Macloys Aquino. Os arranjos sempre parecem simples de início, mas vão ganhando corpo e complexidade no decorrer das músicas.

O repertório incluiu os dois discos do grupo, Carne Doce e Princesa, e também deu espaço pra várias canções novas, de um trabalho que ainda está por ser anunciado. Mas, se depender do público do festival, ele já está aprovado.

Letrux

Letrux no XXXbórnival (foto: Larissa Andrade/TMDQA!)

O disco Em Noite de Climão, um dos melhores da música brasileira no ano passado, ainda reverbera em Letrux e no público. Isso porque as letras são tão honestas que leva tempo pra digerir. É preciso que a cantora e atriz Letícia Novaes, com sua presença e intensidade incríveis, vomite os versos sobre nós enquanto performa, se contorcendo no palco.

Quando ela põe pra fora e a plateia põe pra dentro, tudo passa a fazer sentido. E foi assim a partir das 22h30 no XXXbórnival, quando Letrux entrou no palco toda de vermelho, incluindo um véu ao redor da cabeça, que foi embora logo na segunda música.

Enquanto ela hipnotizava o público, uma banda talentosíssima reproduzia de maneira orgânica as batidas pop eletrônicas que embalam a maior parte do repertório da artista. A inspiração ficou clara quando, perto do fim do show, eles tocaram “Ray of Light”, de Madonna. Conclusão perfeita pra apresentação da verdadeira diva que é Letrux.

Boogarins

Boogarins no XXXbórnival (foto: Larissa Andrade/TMDQA!)

Se você quer viajar sem pagar caro, o show do Boogarins é o lugar. O vocalista, Dinho, direciona o público nesse sentido o tempo todo, dizendo frases positivas sobre o clima e a energia da noite. Mas se ele não falasse nada, o som maravilhosamente desordenado da banda já seria suficiente pra te levar pra longe dos problemas.

Um dos maiores representantes do rock psicodélico no país, os também goianos do Boogarins têm ganhado o mundo nos últimos meses, se apresentando em festivais de renome como Coachella e SXSW. Mas é diante do brasileiro que as mensagens nas músicas da banda ganham sentido completo.

Já perto da 1h da manhã, com casa cheia e público responsivo, o grupo tocou canções de seus três discos: As Plantas Que Curam, Manual e o mais recente, do ano passado, Lá Vem a Morte. Os quatro integrantes mal se movimentam durante o show, mas as imagens no telão, no fundo do palco, dão o visual que falta para que a apresentação seja completa. Impecável.

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