Conversamos com o Sr. Banana sobre final lendária do Rockgol, retorno e o rock nacional

Leia nossa entrevista com a banda curitibana Sr. Banana, que bateu o Raimundos na final do Rockgol de 1996 e está de volta com novo single.

Sr. Banana

A fase de ouro da MTV Brasil nos anos 90 realmente nos proporcionou momentos incríveis.

Além do canal divulgar o Rock Nacional à exaustão através de seus programas e especiais, também criou o famigerado Rockgol, campeonato de futebol entre bandas como Raimundos, Skank, Engenheiros do Hawaii, Ratos de Porão, O Rappa e muito mais.

O disputado campeonato promoveu grandes encontros, partidas disputadas, tretas históricas e uniformes que inclusive eram vendidos de forma oficial em lojas pelo Brasil.

Quem não apenas disputou como também venceu o Rockgol em 1996 foi a banda curitibana Sr. Banana, que bateu o Raimundos na final e subiu ao primeiro lugar do pódio com seu belo uniforme verde e amarelo (que você pode ganhar numa promoção por aqui!).

Em 2018 a banda está voltando às atividades e nós conversamos com Gabriel Teixeira, guitarrista do grupo, sobre o Rockgol, a MTV, o rock nacional e é claro, esse momento de retomada na carreira do Sr. Banana.

Divirta-se!

 

TMDQA!: Em tempos de Copa do Mundo vale sempre relembrar uma das iniciativas mais legais da história da MTV Brasil, o RockGol. Em 1996 vocês ganharam o campeonato vencendo o Raimundos na final por 2×0 e levantaram a taça. Como foi? Que lembranças vocês têm dessa época?

Gabriel Teixeira: Lembro que se o jogo terminasse empatado eles ganhavam, pois tínhamos perdido na cobrança de pênaltis que era cobrada antes do jogo começar. Eles também contavam com o apoio da torcida, que era formada por bandas e a produção da MTV Brasil. Nós estávamos invictos e não tínhamos levado nenhum gol!

O primeiro tempo acabou sem gols e o jogo estava bem equilibrado, mas o resultado dava o título aos Raimundos. No segundo tempo entramos pro tudo ou nada e conseguimos fazer um gol de falta com uma bela cobrança do Frank. Os Raimundos estavam jogando bem e por várias vezes quase chegaram ao empate, foram duas bolas na trave, e faltando 5 minutos pra acabar eu recebi uma bola do tiro de meta, desviei de cabeça, o goleiro defendeu mas eu acabei fazendo o segundo gol praticamente matando a partida.

Foi emocionante!!!

TMDQA!: Como era organizado o campeonato e como eram as gravações? A emissora apresentava diversos episódios, mas a gente sabe que o campeonato era rápido. Conte-nos um pouco da história dos bastidores.

Gabriel: Os jogos aconteciam durante três dias, eram de confronto direto, quem perdia saía.

Houve um fato muito legal: no segundo e no terceiro ano nós alugamos um motor home e estacionamos em um bosque ao lado do campo. Foi a melhor coisa que fizemos. Era muito bom pois acordávamos no campo e nos divertíamos muito. O trailer tornou-se o ponto de encontro das bandas!

Sr. Banana com o Titãs no Rockgol
Foto: Arquivo Pessoal

 

TMDQA!: Hoje em dia nós vivemos uma época incrível para a música brasileira, com muita união, e a impressão é que eventos como o VMB e o Rockgol também evidenciavam isso, servindo como grandes encontros para integrantes de bandas do país inteiro. Como era o clima de cooperação entre os artistas nessa época e como eram esses encontros?

Gabriel: Tanto o Rockgol como o VMB eram eventos que proporcionavam esses encontros. No Rockgol sempre aconteciam jam sessions e o clima era de festa, onde as bandas se entrosavam e estreitavam laços.

É preciso dizer que no campeonato existia uma rivalidade, afinal tratava-se de uma competição esportiva. Mas o respeito prevalecia sempre, apesar de muitas contusões e entradas um pouco mais fortes (risos).

No VMB era semelhante, mas as festas eram regadas a muita bebida, shows e afins. Muitos encontros inusitados aconteciam ali!

 

TMDQA!: Além disso, como o próprio nome evidencia, o Rock era quem dava as cartas na época e estava entre os principais nomes do país. Como você enxerga o Rock Nacional dessa época e por que acha que hoje em dia o estilo pulsa tão forte no underground mas não reverbera no mainstream?

Gabriel: Aquela época foi o tempo áureo do rock nacional, pois tínhamos a MTV a nosso favor. Com o fim do canal o rock perdeu muito espaço.

Hoje em dia o rock está forte, mas é preciso garimpar para encontrá-lo! A internet é uma verdadeira mina de bandas, é um espaço democrático, mas a oferta é muito diversa e dispersa.

Sr. Banana e Cidade Negra no Rockgol
Foto: Arquivo Pessoal

 

TMDQA!: O Sr. Banana está voltando à ativa após longos anos. O que os motivou a voltar às atividades em 2018?

Gabriel: O que nos motivou foi o lançamento do livro “Uma Fina Camada de Gelo” de autoria de Eduardo Mercer. Fomos convidados para tocar no lançamento e a ocasião nos fez relembrar dos bons tempos. Vimos que ainda vibrávamos, ainda existia o brilho e uma vontade de tocar juntos.

O Sr. Banana gravou um segundo disco que não foi lançado, com ótimas músicas. Resgatamos este material e começamos a ensaiar. Gravamos um clipe, lançamos um single e aqui estamos!

 

TMDQA!: Lá atrás vocês tiveram algumas marcas muito interessantes: foram os primeiros contratados da Virgin, tiveram disco produzido pelo baixista de Peter Tosh e emplacaram hits na MTV Brasil. Com origens no Ska e no Reggae, como foi se aprofundar pelo mundo do Pop/Rock e como é hoje em dia para apresentar a sonoridade do grupo aos novos públicos?

Gabriel: Sempre estivemos à frente do nosso tempo e acredito que nosso som esteja mais atual do que nunca! Fomos uma banda pioneira no uso de samples e sequencers, utilizando a tecnologia a nosso favor.

Hoje em dia o mercado e o modo como se produz música mudou muito, mas nestes 23 anos em que a banda não atuou, cada integrante seguiu fazendo música e aprimorando-se. Antigamente se lançava um álbum inteiro com 12 ou 13 músicas, hoje se lança uma música de cada vez, um single, que geralmente vem acompanhado de um clipe, onde se tem a chance de experimentar uma música de cada vez, e é assim que estamos levando nosso som para o público.

 

TMDQA!: Como vocês descreveriam o som do Sr. Banana para alguém que nunca ouviu a banda? Que bandas e gêneros vocês ouviram nesse retorno para voltarem com força total e escreverem as novas canções?

Gabriel: Nosso som é uma mistura das referências que cada um de nós traz. A bananeira é reggae, mas a banana é funk!! É Dub, reggaeton, ska, rock, poesia e música brasileira (risos).

Eu gosto muito de uma banda da Nova Zelândia, o Fat Freddy’s Drop, eles são incríveis! Tem o Seeed queé uma banda alemã que faz um reggae da pesada de tirar o chapéu. Sem falar em Steel Pulse, Bob Marley, Zig e a lista vai longe. Tem também o lado mais punk tipo The Clash, Police, Titãs… Todos também eram Reggae!

“Não Vá”, nossa primeira música de trabalho, é um funk dançante com riff de guitarra e solo de Sitar. A segunda vai ser um Reggaeton. Tudo pode acontecer.

https://www.instagram.com/p/Bkf-NXjh89Y/

TMDQA!: Vocês têm mais discos que amigos?

Gabriel: (Risos) Amigos de verdade ou virtuais? Tenho muitos discos! Amigos de verdade eu tenho uma penca. Alguns são verdadeiras obras de arte.

 

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