O Hexa não veio para o Brasil nessa última Copa do Mundo, mas definitivamente tivemos um momento emocionante durante a final entre França e Croácia.
Na transmissão da partida pela Rede Globo, o ex-jogador e comentarista Casagrande falou abertamente sobre como aquela Copa do Mundo era especial para ele porque antes de sair do Brasil para cobri-la ele traçou um objetivo: ficar sóbrio.
O parceiro de Galvão Bueno nas transmissões fala abertamente sobre como teve problemas com drogas e álcool no passado, e emocionou milhares de pessoas no país ao dizer que saiu de casa sóbrio, permaneceu sóbrio durante a Copa e voltou para cá na mesma condição.
Após a viagem pela Rússia, o Casão escreveu uma matéria para a Revista Época e por lá disse que “virou uma página”, explicando os vários passos que deu para conquistar seu tão desejado (e difícil) objetivo:
Na Copa de 2014, eu ainda bebia. Fiquei fazendo happy hour, bebendo. Não usava mais droga, mas o álcool estava presente, e com o álcool vinha aquele pensamento de usar a droga. Me internei por sete meses, de setembro de 2015 a março de 2016. Não de ficar totalmente preso. Eu saía para fazer as transmissões dos jogos, saía para ir ao cinema, mas sempre acompanhado da minha psicóloga. Saía para ir ao teatro, me divertir, mas ia e voltava com a psicóloga. Fiquei sete meses dormindo na clínica, participando de grupos terapêuticos.
Na matéria, após falar a respeito de como lidou com as Olimpíadas, o comentarista passou a explicar sua luta pessoal para permanecer sóbrio e disse que antes de partir para a Rússia foi até Liverpool, onde a seleção brasileira de futebol iria se preparar com amistosos antes dos jogos oficiais na sede da Copa do Mundo.
Como todos sabemos, Casagrande é muito fã de Rock And Roll, e estar em uma cidade como Liverpool obviamente tem significados históricos principalmente por conta do Cavern Club, local lendário onde os Beatles iniciaram a sua carreira.
Ao falar a respeito da passagem pela cidade, Casa se lembra:
Só que nós fomos primeiro para Liverpool. A Seleção Brasileira estava lá para se preparar para a Copa e fazer um amistoso contra a Croácia. Passamos a noite lá, e havia uma energia de rock and roll muito grande. Liverpool para mim, que sou apaixonado por rock and roll desde a minha juventude, é uma cidade muito empolgante.
Entrei no beco do The Cavern Club, e tinha uma festa. Todo mundo bebendo cerveja, o rock and roll tocando alto. Chegamos na porta, eu tirei uma foto da estátua do John Lennon ali, e aí todo mundo ficou com aquele ‘vamos entrar’, ‘vamos entrar’. Eu fiquei parado de frente para aquele letreiro com luzes vermelhas fazendo uma avaliação dos prós e contras de entrar ou não. Foi muito difícil para mim não entrar no The Cavern Club. Era meu sonho. Eu estava ali, na casa do rock and roll, no berço dos Beatles, e não vou entrar? Por que não vou entrar?
Comecei a pensar nos porquês. Não entrei. Fui para o hotel, pô, trêmulo por causa daquela energia. Cheguei no quarto, me troquei e deitei para dormir. Pensei em me trocar e voltar para ao The Cavern Club. Nesse meio tempo comecei a conversar com a minha psicóloga e não fui. Acordei no dia seguinte ainda pensando. Levei uns três dias para conseguir confirmar que eu tinha feito a coisa certa. Conversei com o pessoal da TV Globo, e eles me diziam: você fez a coisa certa, parabéns, coisa e tal. Me convenci de que tinha feito a escolha certa.
Ao final da matéria, o ex-atleta diz que hoje se sente realizado por conta da sua conquista e ainda diz que virou uma página, sabendo que “seu passado acabou na Copa do Mundo” e agora ele tem apenas “o seu presente e o seu futuro”.
Parabéns, Casão!
https://www.youtube.com/watch?v=n34Q2qLX7ZM