A grande maioria dos fãs do Sublime não conseguiram assistir a um show do grupo ao vivo com a sua formação original.
O último lançamento da banda, o homônimo Sublime, responsável por levar a banda californiana de ska/punk/reggae ao status de lenda completou 22 ano de lançamento ontem (30) e foi lançado pouquíssimo tempo após a morte do vocalista Bradley Nowell, que sofreu uma overdose de heroína quanto tinha apenas 28 anos, em 1996.
Bradley não deixou para trás somente um legado com o Sublime e uma massa gigantesca de fãs ao redor do mundo, mas também um filho, Jakob Nowell. O garoto hoje tem 23 anos de idade, é vocalista e guitarrista da banda LAW e segue os passos do pai com uma similaridade impressionante em suas vozes e composições.
Em 2017 foi lançado um filme chamado The Long Way Back – documentário sobre a história do Sublime e a crise de consumo de opióides na Califórnia – e lá está um vídeo com Jakob sentado à porta da casa dos avós em Bellmont Shore, Long Beach, onde ele deu uma entrevista exclusiva sobre o legado do pai e tocou um cover de “Boss D.J.” do Sublime, faixa do segundo lançamento de estúdio da banda, o disco Robbin’ The Hood (1994).
A similaridade da voz de Jakob com a do pai chega a arrepiar. Confira abaixo a sua versão e uma gravação original acústica de Bradley pelo Sublime:
Revelações
Infelizmente não é só na música que Jakob seguiu os passos do pai, pois em um clipe da sua entrevista para o documentário, o mesmo admite que “havia um desejo subconsciente de entender quais eram as experiências que o meu pai tinha. Por que ele bebia isso? Por que ele cheirava aquilo? Por que ele fumou aquela coisa? E coisas assim”.
Assim Jakob começou a beber consideravelmente e a usar anfetamina logo no início da sua adolescência, graças ao convívio com festas de adultos próximos que facilitavam o consumo de todo tipo de substância:
Enquanto eu crescia, rolaram muitas festas. Mas não eram as festas familiares tradicionais, eram o tipo de festas onde os adultos estavam cheirando cocaína na sala ao lado. Então na época que eu tinha 16 anos eu estava envolvido com a galera cheirando pó, com a loucura, com jogar dominó às 6h da manhã e eu ficava louco da cabeça e era a criança de 16 anos que bebia mais que todos os adultos na mesa, e isso é uma coisa terrível pra ser o que você faz de melhor.
Os longos períodos de isolamento que Jakob passou durante a sua adolescência, longe do convívio de outras crianças de sua idade, foram os responsáveis pela canalização da sua veia criativa em composições e músicas que ele acabaria lançando com a sua banda, LAW (que também soa impressionantemente próxima à sonoridade de Bradley com o Sublime).
O grupo lançou um EP estendido chamado Mild Lawtism em 2015, e garantimos que se você era fã do Sublime com Bradley Nowell, irá curtir as músicas do LAW também. Ouça abaixo via Spotify:
Sublime
Muita gente deve querer que Jakob Nowell assuma os vocais e a guitarra do que hoje é o Sublime With Rome, o tributo ao Sublime que conta com Rome Ramirez de frontman, o baixista da formação original do Sublime, Eric Wilson, e o baterista Josh Freese. Acontece que Jakob já deixou bem claro o seu desconforto em relação à essa versão da banda em entrevista concedida à rádio KROQ em 2009:
Eu não tenho nenhum envolvimento com eles. Isso foi algo que o Eric e o Bud decidiram fazer – e agora Eric e Josh Freese e Rome – é a banda deles. Obviamente não é o mesmo Sublime e eu não acho que essa era a intenção deles. Todos são bons músicos. Todos só querem tocar e essa é a plataforma deles para tocar. Eu não acho que seja totalmente desrespeitoso mas eu escolhi não ter nenhum envolvimento com esse projeto. Eu lembro que uma vez durante o Ensino Médio, eu devia ter 14 ou 15 anos, estava na casa de um amigo meu e um outro amigo colocou uma música do Sublime para tocar, e eu achei engraçado ele ter colocado uma das músicas do meu pai e quando eu olhei, percebi que não era o meu pai cantando, era o Rome. Foi um momento muito estranho de desconexão. Foi muito emotivo. Eu comecei a lacrimejar e fiquei muito bravo com ele. Não foi engraçado ter que passar por isso. Bateu a percepção de que toda uma geração não notará a diferença [Entre Bradley e Rome].
Bandas populares adicionam membros novos o tempo inteiro, mas o meu pai era uma parte muito importante do Sublime. Acredito que eu e os fãs de verdade e pessoas que conhecem a história irão separar o Sublime With Rome do Sublime e eu acredito que o próprio Sublime With Rome se separa o suficiente do Sublime para serem respeitosos. Eu realmente não consigo culpar os fãs novos por não saberem a diferença. Eles são excelentes músicos e eu acredito que eles merecem estar fazendo algo em algum projeto e se tem que ser o Sublime With Rome então que seja o Sublime With Rome, mas eu particulamente escolho ter nenhum envolvimento pessoal.
E falando em Sublime With Rome, a banda confirmou uma série de 3 shows no Brasil em Setembro. O trio se apresentará em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre.
Há exatos 22 anos o #Sublime lançava seu último disco, homônimo, um dos álbuns póstumos mais influentes de todos os tempos. pic.twitter.com/silD8UhAN7
— Tenho Mais Discos Que Amigos! 🎶 (@tmdqa) July 30, 2018