O ano de 1968 marcou o início do movimento musical tropicalista no Brasil. Esse momento deu destaque para nomes hoje consagrados na nossa música, como Gal Costa, Gilberto Gil, Rita Lee e, é claro, Caetano Veloso.
Caetano, desde então, é conhecido como um dos maiores nomes da música nacional. Atuando profissionalmente até hoje, o compositor está há cerca de 50 anos lançando canções e se renovando a cada álbum, acompanhando as mudanças da música brasileira.
Durante a edição de 2013 do Prêmio Multishow, uma das maiores premiações musicais do país, Caetano teve direito a uma performance de cerca de sete minutos, na qual mesclou antigos sucessos com atuais. E a apresentação teve a ilustríssima participação do rapper Emicida, um dos mais importantes nomes da atual música brasileira.
No mesmo ano, Emicida tinha lançado seu primeiro álbum de estúdio, O Glorioso Retorno De Quem Nunca Esteve Aqui. Enquanto isso, Caetano ainda colhia os frutos deixados pelo seu último lançamento, Abraçaço, de 2012.
A produção do evento teve, então, a ideia de unir no palco ambos os artistas. Ninguém esperava por uma parceria dessas. E o resultado, no final das contas, ficou muito bom, misturando MPB e hip-hop com diversas críticas sociais.
Um baita pot-pourri
Após ser introduzido pelos apresentadores Ivete Sangalo e Paulo Gustavo, Caetano começou sozinho. Ele cantou a faixa “Tropicalia“, lançada há 50 anos.
Após o refrão, Emicida surge de surpresa, cantando versos que se aglomeraram em um breve porém poderoso discurso. Enquanto se encaminhava para o palco, o rapper falou sobre resistência, exaltou movimentos como o Mães de Maio e mencionou artistas como o também rapper Sabotage e o poeta Sérgio Vaz. Falou, inclusive, sobre o então recente caso do pedreiro Amarildo Dias de Souza, desaparecido no mesmo ano.
Essa foi a deixa para Caetano cantar sua segunda música na apresentação: “Abraçaço“. Ele teve o apoio de Emicida no refrão, que também improvisou em cima da base da canção para falar sobre a oportunidade de estar no Prêmio Multishow. O segundo refrão emendou com uma nova versão, na voz do rapper, de “Haiti“, lançada originalmente por Caetano em parceria com Gilberto Gil como uma denúncia à desigualdade social.
A bossa nova e o hip-hop são fodas!
E teve mais: a próxima no pot-pourri foi “A Bossa Nova É Foda“, também do então mais recente disco de Caetano. A música, que relê a bossa nova falando da agressividade do homem e que cita nomes como Anderson Silva e Vitor Belfort, é sucedida por uma interpretação de Emicida.
A tal canção cantada pelo rapper, e que também encerra a performance, é “O Hip-Hop É Foda“. Escrita pelo cantor Rael, a música foi justamente inspirada na composição de Caetano.
As duas canções “fodas”, tanto a original de Caetano quanto a resposta de Rael, mostraram a todos que ambos os gêneros são, sim, sensacionais. Cerca de uma semana antes da apresentação, Veloso e Emicida falaram sobre a ideia com o jornal O Globo. Quando questionados se havia um gênero mais “foda” do que o outro, o cantor tropicalista respondeu: “eu acho que cada um é absolutamente foda no seu campo, mas todos os movimentos ecoam uns nos outros”.
Na época, ambos estavam começando a trabalhar juntos ou, como Caetano disse na entrevista, já estavam “navegando um no repertório do outro”. Dois anos após o Prêmio, a dupla lançou a faixa “Baiana“.
Este ano, o Prêmio Multishow chega a sua vigésima quinta edição. O evento acontecerá no dia 25 de Outubro, e contará com grandes convidados.
Relembre a épica apresentação abaixo: