Alice In Chains evoca os fantasmas de Seattle no disco "Rainier Fog"

Em seu sexto disco de estúdio, "Rainier Fog", o Alice In Chains volta ao passado para se livrar dele, consolidando "nova" fase com muitos méritos.

Alice In Chains - Rainier Fog

“Rainier Fog”. Para nós e boa parte do mundo, o título do novo disco do Alice In Chains é só uma expressão criada pela banda.

Para os residentes de Seattle, porém, “Nevoeiro do Rainier” tem um significado muito mais profundo, já que faz menção ao Monte Rainier, que faz parte da paisagem da cidade e pode ser visto de qualquer canto dela.

O título não foi escolhido à toa: em seu novo disco de estúdio a lendária banda de Seattle que ajudou a popularizar o grunge trazendo elementos do heavy metal ao estilo não apenas retoma a sonoridade que consolidou a região Noroeste dos EUA nos anos 90 como também relembra ícones que fizeram parte dela, tudo isso para mostrar que seguiu em frente e consegue olhar para tudo que ficou pra trás.

 

Abrindo os trabalhos com a pesada “The One You Know”, lançada anteriormente como single, a banda mostra que ainda sabe muito bem o que está fazendo quando o assunto são grandes riffs de guitarra e harmonias vocais.

A canção que parece cair como uma luva para a abertura de um disco é então seguida de “Rainier Fog”, a faixa título, que fala sobre o passado, a dificuldade de ficar sóbrio e fantasmas surgindo na névoa do Monte Rainier.

Com uma base que lembra o punk dos anos 90 mas tem todos os elementos clássicos do AIC por cima, a música diz muito sobre o que o grupo quer transmitir em 2018, longos 31 anos após a sua fundação.

Enquanto “Red Giant” fecha a trinca inicial de pesos pesados no álbum, “Fly” chega como uma típica balada do Alice In Chains com guitarras semi-distorcidas, efeitos e a instantânea viagem no tempo para quando escutávamos o Rock Alternativo nas maiores rádios mundo afora e nos Acústicos MTV da vida. É um dos pontos altos do disco e definitivamente traz uma nostalgia deliciosa.

Outro ponto onde a banda reduz a velocidade é em “Maybe”, onde o grupo volta a usar e abusar dos vocais sobre uma base sombria que ao mesmo tempo em que tem a beleza das baladas ainda traz a dor e a angústia de uma cidade cinza e chuvosa como Seattle.

“So Far Under”, logo na sequência, volta a dar ênfase nas guitarras, já havia sido lançada como single e é uma das canções que melhor resume Rainier Fog, já que traz o peso dos riffs e a beleza dos vocais falando sobre temas pesadíssimos com frases como “ninguém escapa dessa viagem vivo”.

Ao final de um duro passeio pela cidade que popularizou Kurt Cobain, Layne Staley, Chris Cornell, Eddie Vedder e tantos outros, chegamos a “All I Am” e mais uma balada, dessa vez com mais de 7 minutos de duração e um encerramento épico cheio de camadas de guitarras por todos os lados.

 

Em Rainier Fog o Alice In Chains consolida a sua formação que alterna vocais de Jerry Cantrell e William DuVall e, curiosamente, ao celebrar as suas origens e a cidade de Seattle, se afasta das amarras do passado ao mostrar para o mundo que sua “nova” fase após a trágica morte de Layne Staley é responsável por grandes canções e grandes álbuns com uma força toda própria dos integrantes que estão aqui, assim como nós, lidando com os fantasmas do cotidiano.