Interpol e o mais do mesmo que tanto amamos em "Marauder"

Em seu sexto disco de estúdio, "Marauder", o Interpol mostra as suas boas e velhas armas, mas não proporciona um novo grande momento na carreira.

Interpol - Marauder

Essa semana o Interpol chegou ao seu sexto disco de estúdio com Marauder.

A banda norte-americana fundada em 1997 tem uma peculiaridade na carreira que funciona tanto para o bem quanto para o mal: com o disco de estreia Turn On The Bright Lights, de 2002, tornou-se conhecida e reconhecida no mundo todo, adorada por seguidores do rock alternativo e aclamada por críticos.

Como eu disse anteriormente, isso traz aspectos positivos e negativos, e enquanto o lado bom é que o sucesso veio logo de cara, o lado ruim é que durante todos os anos que se passaram depois do álbum o Interpol sempre viu seus trabalhos seguintes sendo comparados com a estreia e, normalmente, sendo considerados como trabalhos inferiores.

Dezesseis anos depois não faz o mínimo sentido comparar Marauder com Turn On The Bright Lights, já que se passou tanto tempo, aconteceram tantas coisas, vieram quatro outros discos e mudanças na formação, mas é impossível escapar da comparação com a obra apresentada pela banda como um todo, e é isso que faremos aqui.

Marauder é mais um capítulo na carreira do Interpol onde o grupo faz o que sabe de melhor e o faz muito bem, mas sem se arriscar ou procurar novos caminhos.

A voz de Paul Banks está lá, evocando os anos 2000 em cima de guitarras compartilhadas por ele e por Daniel Kessler, em uma combinação incrível que à primeira ouvida já entrega que estamos falando do Interpol.

O que não aparece, porém, é o baixo, já que Banks, responsável pelo instrumento nesse disco, não desenvolveu nenhuma linha diferente do básico e a mixagem também resolveu esconder o instrumento que em 2010 perdeu seu “dono oficial” quando Carlos D saiu da banda.

Isso e o fato de que a produção de Dave Fridmann (Weezer, MGMT, Tame Impala, Spoon) parece ter dado uma “simplificada” na sonoridade do grupo são os fatos mais desanimadores em um álbum que talvez pudesse ganhar outro porte nas mãos de outra pessoa.

Os elementos clássicos estão todos aí: “The Rover” é uma baita canção, “NYSMAW” nos mostra as guitarras agudas aliadas aos vocais sombrios, a deliciosa “It Probably Matters” encerra o álbum e há até uma arriscada de leve em “Stay In Touch”, com um quê de música country.

Dá para ouvir Marauder do começo ao fim e se deliciar com o novo disco do Interpol, e não há dúvidas de que a banda ainda tem muito a oferecer, mas aqui ela só mostrou mais um capítulo de um livro que ainda parece estar esperando por novos grandes momentos.