Lançamentos

Festival Queremos! mistura gêneros em mais de 12 horas seguidas de música

Rock psicodélico, hip-hop, indie pop... Confira tudo que rolou no Queremos! Festival, que aconteceu no último dia 25 no Rio de Janeiro.

Rincon Sapiência no Festival Queremos!
Foto: Elisa de Paula

No último sábado (25), a Marina da Glória, na zona sul do Rio de Janeiro, recebeu o festival Queremos!. Uma iniciativa do projeto de mesmo nome, o festival contou com cerca de 14 horas ininterruptas de música, com um line up incrível recheado de artistas nacionais e estrangeiros.

Estivemos lá e vamos contar para você como foi.

Publicidade
Publicidade

 

Estrutura e organização

A área da Marina da Glória é um lugar interessante para eventos. E nessa categoria encaixam-se festivais de música. Com uma bela paisagem e uma área ampla, o lugar recebeu muito bem a proposta do festival.

Além de uma espécie de plataforma acessível para todos os presentes, que contava com uma exuberante vista, tanto para a Baía de Guanabara quanto para os palcos, a estrutura montada ainda oferecia mais. Uma área gastronômica, apelidada de “Comemos” para brincar com o nome do festival, foi montada próximo à entrada principal do evento, contendo vários food trucks. Uma área de descanso também foi montada com diversas redes dispostas em uma localidade onde ainda era possível ouvir claramente a música que estava sendo tocada.

As atrações do line up ficaram divididas entre dois palcos, um azul e outro rosa. Quando um show acabava no palco azul, por exemplo, o outro, no rosa, já começava, sem nenhum espaço incômodo de tempo entre as apresentações. Isso conectou as pessoas ainda mais ao produto principal do festival, a música. Os palcos eram próximos, e ir de um para o outro não era nenhum problema. A proposta foi muito bem recebida pelo público.

O evento não atingiu o total da venda de ingressos, mesmo com um line up contendo artistas nacionais e internacionais de porte interessante, mas levou um bom público. No geral, a organização acertou, tanto na infra-estrutura quanto em outros aspectos que refletem a comodidade dos presentes. Não houve atrasos para shows, tal como pouquíssimos problemas técnicos. A proposta dos dois palcos funcionou muito bem.

 

Finalmente, os artistas

O evento começou pontualmente às 14h, com um set do DJ Nepal. Assim que acabou, o palco rosa já anunciava sua primeira atração: Letrux. Destrinchando seu ótimo Letrux em Noite de Climão, a cantora fez uma das melhores apresentações do dia, mesmo que para um público ainda pequeno. Entre as músicas a cantora sempre simpática conversava, brincava e falava sobre signos. Inclusive, ao apresentar seus talentosos colegas de banda, ela comentou sobre o signo de cada um.

Letrux no Festival Queremos. Foto: Ariel Martini

A atração seguinte foi Rubel, que cantou seus maiores sucessos ao mesmo tempo em que explorava em seu repertório seu mais novo álbum, Casas. Seu repertório incluiu uma cover de “Tocando Em Frente“, de Almir Sater que ficou conhecida no início dos anos 90 na voz de Maria Bethânia, e uma versão repaginada e dançante de seu maior hit, “Quando Bate Aquela Saudade“.

O fim do show de Rubel coincidiu com o início da apresentação da baiana Xênia França, que abriu o show logo de cara com seu sucesso “Por Que Me Chamas?“. A cantora mostrou estilo e energia ao longo de 1 hora, com sua sofisticada sonoridade influenciada pela cultura africana. A setlist ainda incluiu uma versão de “Depois Que o Ilê Passar“, de Caetano Veloso.

Xênia França no Festival Queremos. Foto: Elisa de Paula

Logo depois foi a vez dos Boogarins chamarem atenção do público com seu rock psicodélico. Uma vez chegada, a noite contribuiu para a experiência do show, que deu destaque para as imagens exibidas pelo telão. Na setlist, o grupo goiano passou por sua carreira, em especial pelo seu mais recente disco, Lá Vem a Morte, lançado ano passado.

Chegou então o momento das atrações internacionais, começando pela cantora e compositora sueca Jonna Lee, com seu projeto ionnalee. Explorando os frutos de seu mais recente álbum de estúdio, Everyone Afraid To Be Forgotten, lançado este ano, ionnalee entregou uma apresentação intimista que foi muito bem abraçada por seus fãs. A cenário montado incluía dois ventiladores que fazia com que seu cabelo permanecesse sempre em movimento (à la Beyoncé). Toda a performance contribuiu com sua característica sonoridade synth-pop.

Ionnalee deu espaço para o aguardadíssimo show de Father John Misty, responsável por um dos mais longos – e, diga-se de passagem, melhores – shows do festival. Exatamente um dia antes de sua incrível apresentação em São Paulo, o cantor trouxe a turnê de seu novo álbum, God’s Favorite Costumer para a Marina da Glória. O show trouxe, em um repertório de 20 músicas, 6 canções do novo álbum, como a faixa-título e “Mr. Tillman“, além de outros sucessos anteriores.

Father John MIsty. Foto: Pedro Henrique Pinheiro

O próximo show foi a apresentação intimista do grupo Animal Collective. Apesar de grande parte dos presentes, que estavam animados pelas próximas animadas apresentações, não terem comprado a proposta experimental do grupo norte-americano, a apresentação foi boa. Reduzida a um duo, a banda dedicou a apresentação ao disco Sung Tongs, lançado em 2004. Devido à diferença do show em relação às outras apresentações, muitas pessoas acabaram usando o tempo do Animal Collective para aproveitarem as opções de lazer do evento e para conseguirem um bom lugar na próxima atração no outro palco.

 

Os verdadeiros headliners

A seguir no line up veio Rincon Sapiência, também conhecido como Manicongo, que foi muito bem recebido pelo público presente. Ainda recolhendo os frutos de Galanga Livre, melhor álbum nacional de 2017, o rapper entregou aos presentes estilo, carisma e, claro, críticas sociais. A apresentação ficou ainda melhor por conta de sua banda, que destacou ainda mais o talento do músico paulista, que muitas vezes se apresenta acompanhado apenas por um DJ. Seus versos soaram ainda melhores acompanhados pelos arranjos de seus colegas. A apresentação ainda teve direito a brincadeiras com alguns funks famosos no final de seu maior hit, “Ponta de Lança (Verso Livre)“. Rincon cantou “Automaticamente“, de MC Maromba.

Alguns foram se afastando conforme percebiam que a apresentação de Rincon estava chegando ao fim. O motivo? BaianaSystem. Considerado por muitos o melhor show nacional atualmente, o grupo liderado por Russo Passapusso impossibilitou que qualquer um ficasse parado. Com sucessos lançados ao longo de seus dois álbuns de estúdio, a apresentação ainda contou com performances de outros hits lançados separadamente, como “Invisível” (que abriu o show) e “Capim Guiné“. “Vocês que estão aí atrás, estão cansados?”, provocou Russo, enquanto a famosa “rodinha” ficava cada vez maior na parte central do público. Mais um incrível show, de fato!

BaianaSystem. Foto: Francisco Costa

Mas ainda não tinha acabado. Alguns foram embora, mas muitos ainda ficaram para prestigiar o grupo australiano Cut Copy. A apresentação do grupo, que sempre é animada e dançante, contou com sucessos antigos do grupo, como “Free Your Mind“, “Hearts On Fire” e “Take Me Over“. A única música do novo disco, Haiku From Zero, foi “Standing In The Middle Of The Field“. Para quem queria manter a animação proposta pelo show do BaianaSystem, a apresentação do Cut Copy foi uma ótima escolha para continuar o line up.

Depois, ainda foi a vez do duo de música eletrônica Selvagem. Em seu repertório, eles mantiveram a vibe dançante com uma sonoridade eclética que deu destaque para músicas nacionais.

Aguardamos ansiosos pela próxima edição!

Sair da versão mobile