Hoje, dia 31 de Agosto, a banda capixaba Whatever Happened To Baby Jane lançou seu disco de estreia.
Luz Del Fuego é mais um álbum a ser lançado pela influente Läjä Records, e nós conversamos com a baterista Vanessa Labuto para saber do que se trata cada uma das 11 faixas do seu debut.
Você pode ler as declarações, bem como ouvir o disco na íntegra, logo abaixo.
“BURN”
Essa é uma das músicas mais experimentais da banda. Na verdade ela surgiu em partes nos ensaios e a primeira vez que realmente tocamos ela completa e pra valer foi durante um show no Läjä Festival Vol. 01. Decidimos que ela abriria o show mesmo não sabendo no que ia dar. A partir daí ela nunca mais saiu do setlist até chegar neste álbum.
“MENARCA”
Temos um carinho especial com essa música por ela ser a primeira criada pela banda. MENARCA é o nome que se dá à primeira menstruação. Ela é um marco que define a criação da banda e é única até hoje. Não conseguimos nada igual a ela e não temos a intenção. Instrumental poderoso e apaixonante que nos leva pra outros lugares enquanto estamos tocando. Talvez a música que mais nos conecte, que precise ser tocada como se fosse um chamado pra abertura dos trabalhos.
“LAURA”
A caçula do álbum, foi a última música a ser concebida para a gravação. Deve ser por isso que ela é leve, alegre, dançante e solta. Estávamos com sensação de dever cumprido: “bora tomar uma cerveja e partir pra São Paulo gravar!”. LAURA é todas elas e qualquer uma, tudo junto e ao mesmo tempo. Está, esteve ou estará em sua vida em algum momento.
“TOMBOY”
É o desabafo de quem passa pelo momento de dúvida a respeito de sua identidade de gênero em meio a sociedade que não dá espaço para que a pessoa passe por isso sem maiores pressões, além daquelas naturais do processo todo. TOMBOY não é afirmação da mudança de gênero, não é uma menina que quer ser menino. Ela não quer definir nada antes de se conhecer, antes de experimentar.
“INFERNO DE VIDA”
Veloz, bêbada, música de treta, confusão gostosa, patifaria. É o inferno nosso de cada ressaca, amém! Ressaca de bebida, de gente, de problemas, de tudo e foda-se.
“SCISSORS DYKE”
Acho que essa é a nossa música romântica. É paixão do tipo, “chega na pessoa e fala isso pra ela”. E como você não vai conseguir fazer isso, pode falar mentalmente. É nossa música de crush. A audição denuncia L7 e outras influências daquela geração dos 90’s que também é muito forte na nossa música. Uma das músicas que a gente tinha mais expectativas em ouvir como soaria depois de gravada por ter todo um arranjo só dela.
“RADICALS”
Surgiu de uma conversa minha com meu irmão (Alberto Labuto) a respeito do uso do termo “radical’ de forma pejorativa pra desacreditar alguma postura que alguém levasse mais a sério. Na época eu tinha voltado a ouvir muito Minor Threat e muitas coincidências depois surgiu RADICALS. É um convite pra um rolê com radicais, questionando o quão tediosa pode estar sendo sua posição com relação a tudo.
“MANEQUIM”
A todas pessoas sobreviventes de relacionamentos abusivos. MANEQUIM musicalmente é pra cima e pra baixo, triste e divertida, dançante e parada. A letra vem compor e deixar tudo às claras. Ela tem cicatrizes do que poderia ter sido amor de uma das partes algum dia. Por isso pra mim é tão complexa e não é exatamente o que parece ser. Posso ouvir várias vezes e pra mim sempre vai soar diferente.
“KEKEL’S TRUCKER CLUB”
Uma das músicas mais divertidas da gente. Pr’aquelas horas em que você quer ser mais infantil mesmo e dizer que seu brinquedo é mais bonito que o dos outros. Hora de pegar a bola e acabar com o jogo só porque você quis e ainda sair rindo da cara de todo mundo. Sempre me dá vontade de rir tocando, sei lá.
“UNDRESS TO KILL”
É uma das músicas as quais tenho mais apego. Acordei de manhã e tava lá na cabeça a letra e história dela. Depois de muitos ensaios esperando uma oportunidade pra ela entrar em alguma melodia, simplesmente aconteceu. UNDRESS TO KILL é pra todas as prostitutas (travestis, trans, mulheres…).
“LUZ DEL FUEGO”
É uma das músicas mais pesadas que a gente já levou pra rua. Música que dá nome ao álbum e exalta a capixaba Dora Vivacqua (1917-1967): feminista, artista, naturista; mais conhecida pelo nome Luz Del Fuego. É a despedida da mulher que foi assassinada muito antes de ter sido assassinada de fato em 1967. Fala de feminicídio: desde todas as vias até consumado. A gente não sabe o que ela quer dizer nos versos, porque ela não está mais aqui pra dizer.