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5 filmes inspirados em histórias de quadrinhos sem super-heróis

Com orçamentos menores e necessidade de histórias originais, Hollywood investiu em roteiros inspirados em HQs não tão tradicionais.

V de Vingança
Foto: Divulgação/Warner Bros.

Por Filipe Rodrigues

A indústria do cinema sempre adaptou obras de outras mídias e, em geral, essa tática é um sucesso.

Desde os longínquos Nosferatu (1922), Drácula (1931), O Mágico de Oz (1939) e tantos outros na primeira metade do século XX, até os novíssimos filmes de super-herói hollywoodianos, transformar uma linguagem estática de livros e quadrinhos em movimento na telona é uma grande carta na manga dos produtores na sétima arte.

O problema é a saturação. Com orçamentos estratosféricos e grande demanda do mercado, adaptações — principalmente de HQs — têm se tornado algo tão comum que alguns fãs já não enxergam muita graça em histórias que não são originais. É aí que entra a sagacidade de adaptar aventuras pouco conhecidas pelo público mainstream.

Tanto que alguns filmes que hoje são bastante famosos vieram de HQs, mas não dos famosíssimos arcos criados por Marvel e DC Comics para os heróis mais famosos do mundo.

Veja só!

Atômica (2017)

Devemos agradecer de joelhos por Charlize Theron ter adquirido os direitos de adaptação da graphic novel A Cidade Mais Fria, de 2012. Escrita por Antony Johnston e ilustrada por Sam Hart, a HQ volta à Alemanha no final da Guerra Fria, quando um agente secreto inglês do MI6 é assassinado nas vésperas da queda do Muro de Berlim. Ele possuía uma lista com os nomes de todos os agentes infiltrados trabalhando na capital da Alemanha Ocidental, e recuperar essa lista é a missão da protagonista, Lorraine Broughton.

Charlize Theron esteve à frente da obra por cinco anos junto à sua produtora, Denver and Delilah Productions. Já o roteiro foi adaptado por Kurt Johnstad (de 300) e a direção ficou por conta de David Leitch (ex-dublê que também dirigiu John Wick). Como esperado, as cenas de ação acabam sendo o grande atrativo da adaptação, com direito a planos sequência empolgantes com muita, muita porrada. A divulgação antes da estreia mostrou vários vídeos de Charlize treinando, justificando a dispensa de dublês na maioria das cenas. Resultado: dois dentes quebrados, costelas machucadas e joelho deslocado.

Some a isso uma ambientação nos anos 80 que beira a perfeição — fotografia que contrasta o frio e a tensão monocromática do clima de “quase-guerra” com as cores vibrantes dos letreiros neon das baladas, sob efeito das mais diversas drogas e ao som de The Clash, David Bowie e muitos outros – e voilá! Que filme!

Kingsman: Serviço Secreto (2014)

O filme de espionagem lançado em 2014 surpreendeu por conseguir renovar um estilo que aparentemente já estava batido. Kingsman: Serviço Secreto adicionou um humor muito peculiar aos filmes de espionagem clássicos, mas muita gente sequer conhecia a obra na qual a produção se baseou: uma HQ homônima, de 2012, escrita por Mark Millar e com a arte de Dave Gibbons.

Kingsman consolidou a direção de Matthew Vaugh, que já acumulava os ótimos Kick-Ass e X-Men: Primeira Classe no currículo. O filme contém vários momentos dignos de James Bond, Jason Bourne ou Ethan Hunt (destaque para a épica cena da igreja com Colin Firth), mas acrescenta umas gracinhas que deram um gás novo ao gênero. O sucesso foi tamanho que tanto o filme quanto a HQ ganharam continuações: Kingsman: O Círculo Dourado (cinema) e Kingsman: The Red Diamond (HQ).

V de Vingança (2005)

Ok, esta é uma das maiores HQs de todos os tempos, mas podemos concordar que a popularidade da história de V de Vingança cresceu bastante com o filme de 2006. A HQ de Alan Moore e David Lloyd era famosa entre os fãs de quadrinhos, mas temos que lembrar que a primeira publicação foi entre 1982 e 1983, época em que ser nerd não era uma vantagem e os leitores nem sonhavam com o alcance que a obra teria graças ao cinema e à internet.

Apesar de ter alterado alguns aspectos políticos da trama original, a produção dirigida por James McTeigue e roteirizada pelas Irmãs Wachowski foi muito importante para apresentar conceitos políticos como a anarquia. Além disso, Guy Fawkes, soldado inglês que participou da Revolução da Pólvora na Inglaterra do século XVII, virou uma figurinha conhecida para além das aulas de História — a máscara é inspirada nele e está presente em toda santa festa a fantasia desde então.

O Procurado (2008)

Protagonizado por James McAvoy (ele também está em Atômica, aliás), O Procurado usou a premissa de uma HQ homônima também escrita por Mark Millar e publicada entre 2003 e 2004. A história acompanha Wesley Gibson, um cara normal que, do dia para a noite, descobre ser filho de um dos maiores assassinos do mundo e que deve herdar o lugar dele em uma grande sociedade secreta.

Enquanto os quadrinhos abusam da violência, o filme é um pouco mais suave e conta com a credibilidade do seu elenco para segurar o roteiro — Angelina Jolie, Morgan Freeman, Terrence Stamp e McAvoy. Novamente, as sequências de ação são as principais armas da produção, agradando quem busca tiroteios descontrolados e a pancadaria correndo solta.

Estrada Para Perdição (2002)

A HQ de máfia Estrada Para Perdição foi publicada em 1998, escrita por Max Allan Collins e com a arte de Richard Piers Rayner. O filme, por sua vez, foi lançado em 2002, dirigido por Sam Mendes (que havia acabado de terminar Beleza Americana). O elenco é pesado: Tom Hanks, Paul Newman, Jude Law, Daniel Craig e Tyler Hoechlin.

A história se passa em plena Grande Depressão, em 1931, nos Estados Unidos, e o clima é típico da época: fotografia chuvosa, trama envolvendo vingança, violência e tudo que geralmente encontramos em filmes de máfia.

Estrada Para Perdição foi indicado a seis Oscars (Melhor Ator Coadjuvante, Melhor Direção de Arte, Melhor Fotografia, Melhor Trilha Sonora Original, Melhor Som e Melhor Edição de Som – mas ganhou apenas Fotografia, com Conrad Hall, de forma póstuma). Além disso, foram três indicações ao BAFTA (venceu Melhor Fotografia e Melhor Desenho de Produção). Hall ainda ganhou um prêmio da American Society of Cinematographers. Tá bom ou quer mais?