Música

Maglore, "Todas As Bandeiras" e um verdadeiro clássico instantâneo

Um ano depois, disco da banda brasileira Maglore ainda cai como uma luva para o tempo em que vivemos, tanto pessoal quanto socialmente.

Há um ano a banda brasileira Maglore lançava o seu quarto disco de estúdio, Todas As Bandeiras, e registrava um marco na sua carreira e também na música brasileira.

O álbum entrou em nossa lista com os 50 melhores discos nacionais de 2017 e amanhã, dia 27 de Setembro de 2018, o TMDQA! irá celebrar tudo isso com uma festa na Casa Natura Musical onde o Maglore tocará o álbum na íntegra, na ordem e com um trio de metais, além de um bis enorme com músicas de outros discos. Você pode encontrar ingressos por aqui.

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Para entender um pouco de Todas As Bandeiras, conversamos com o vocalista, guitarrista e compositor Teago Oliveira a respeito de todo o processo.

Pessoal, Confessional e Ligeiramente Político

Todas As Bandeiras é, como nós falamos na nossa resenha por aqui, uma viagem pessoal por tempos difíceis, tanto pessoalmente quanto como sociedade.

No álbum, a banda fala sobre questões bastante íntimas de quem está passando por um divórcio e sofrendo de amor, mas também fala a respeito da cura, do restabelecimento da ordem emocional e de como o mundo todo está nos pressionando cada vez mais com situações políticas e sociais que fazem com que as pessoas se comparem, se achem superiores e se odeiem.

Ao falar sobre isso, Teago nos contou:

A gente queria conversar com alguém sobre experiências pessoais e o mundo à nossa volta. Nesse disco eu deixei mais evidente as letras pessoais, por isso elas são mais incisivas que nos discos anteriores. Acho que essas coisas aconteceram porque a gente estava com essa vontade de dizer a verdade sobre o que a gente acha de si e do mundo, doa a quem doer. Fizemos desse disco uma experiência onde tocar e cantar estava restritamente relacionado a falar o que sentimos. E é um disco cheio de sensações. Tem o lance da esperança, de ter paciência, tem raiva, tem ansiedade, tem subversão, amor, arrependimento, autocrítica e mais uns clichês necessários pra esse mundo de hoje (risos).

O processo de criação do disco, inclusive, passa muito também pela mudança de formação do grupo e novos elementos, e foi algo que surgiu em diferentes etapas:

As músicas se formam gradualmente na minha cabeça. Não consigo sentar para compor. É um exercício diário que não é provocado, mas ocasional. Antes de decidirmos fazer o disco eu tava muito mal psicologicamente, então foi uma tarefa louca pros caras, porque eu chegava com ideias e melodias que mais pareciam um quebra cabeças. E eles foram
guiando. Tem frase de música que veio até de briga de WhatsApp com ex namorada, como “você estragou, eu permiti”. Enfim, vivenciar as coisas me inspira bastante. Gosto de criar a partir de uma imagem que aparece na minha cabeça, uma cena de filme que vejo ou imagino, fico pirando muito mentalmente nas ideias o tempo todo e depois de um tempo vejo se está maduro partir para desenvolver uma obra inteira.

Aí entra a banda, a parte mais legal. Essa formação da Maglore é muito mara. Em quase dois anos, nenhuma tensão chata. Os caras são muito monstros, não à toa estão tocando com Deus e o mundo (entre outros são banda de apoio de Giovani Cidreira). Às vezes fico até com ciúmes (possessiva né?) porque eu que os reuni (risos). É muito simples, eu posso parecer o ‘dono da bola’, mas o processo criativo não tem hierarquia. Se alguém não está curtindo alguma coisa, essa coisa vai pro final da fila. Eles pegam as ideias muito rápido, transformam, criam, enfim, a coisa fica com uma personalidade que não necessariamente é a minha. O disco tem letras bem pesadas e tristes, mas acabou sendo um disco leve e de muita alegria compartilhada. Isso se reflete até no palco. Somos mais felizes enquanto banda quando tocamos as músicas do ‘Todas as Bandeiras’. Gostamos muito desse disco.

Ao falar sobre as influências musicais em si, Teago lembrou que estava mergulhado em Mind Games, de John Lennon, e Mil e Uma Noites de Bagdá, de Jorge Mautner, além do Galos de Briga, de João Bosco.

 

Tempos de Posicionamento

Não há dúvidas de que os últimos anos têm sido dos mais tensos para o Brasil e o mundo, e Teago falou sobre como todo o conceito de Todas As Bandeiras, desde a arte de capa, é um conjunto de manifestações sobre isso:

A arte por si só já é um ato de transformação de algum status quo. Ela é fluida. Os tempos requisitam posicionamento. A música muda a vida de muita gente. Muita gente já me escreveu pra agradecer de impedir pensamentos suicidas. Acho que isso é fazer o bem. A arte tem essa obrigação. Não o artista, mas a arte em si.

Não posso opinar sobre meu disco ser um símbolo dessa época, pois ainda estamos nela. Vivemos em tempos tão frenéticos que esse disco pode ser completamente esquecido em meses. Tomara que não. É um disco que a banda curte muito tocar ao vivo, gravá-lo foi uma experiência mágica, muita coisa mágica e mística, mesmo, aconteceu naquele período. Sem dúvida, na minha memória vai ficar pra sempre. Até agora foi o nosso disco que mais gostei.

A arte de capa, inclusive, foi feita por Azevedo Lobo com uma foto tirada no Centro de São Paulo, e a ideia era colorir a paisagem urbana para passar a sensação de que naquele prédio ali tinha um montão de gente diferente, e que tudo isso é bonito e plural. “É a nossa situação,” diz Teago.

Faixas Bônus

Todas As Bandeiras foi lançado oficialmente com dez faixas, mas há canções que foram gravadas durante as sessões e acabaram não entrando no disco, como “Não Existe Saudade No Cosmos”, gravada por Erasmo Carlos no seu mais recente trabalho, Amor é Isso.

Ao falar sobre como pensa lançar a canção, Teago explicou:

Pretendemos lançá-la em breve junto com outra música que acabou não entrando no disco. Cortamos elas duas porque sentimos que o disco ficava muito extenso pro vinil, passava do limite. Então cortamos e deixamos tudo igual. Mas vamos lançá-las num deluxe em breve. O disco com elas fica longo, mas fica mais forte.

 

Na Íntegra e na Ordem

Em um show inédito no dia 27 de Setembro, em São Paulo, a banda irá tocar o disco na íntegra e na ordem, algo que não fez na carreira, e Teago contou:

É muito legal tocar esse disco na ordem. Ele tem uma dinâmica interessante nessa ordem, quase como se contasse uma serie de histórias. Vamos fazer um bis enorme, com músicas do primeiro ao terceiro disco. E vamos tocar uma musica que não saiu no ‘Todas As Bandeiras’

Além disso, também falou sobre o futuro do grupo:

Já esboçamos novos rascunhos. Não fizemos isso com algum compromisso, às vezes já escapam melodias e harmonias durante ensaios de shows, passagem de som, etc. É possível que a gente lance singles em breve e comece a construir o próximo disco no ano que vem. Mas não há urgência.

 

Tenho Mais Discos Convida

Você está mais que convidado para presenciar essa noite especialíssima com o TMDQA! e o Maglore.

Ainda há ingressos disponíveis por aqui e você encontra o serviço do show logo abaixo.

Data: 27/09/2018 – Quinta-feira
Local: Casa Natura Musical
Endereço: Rua Artur de Azevedo, 2134 – Pinheiros
Horário: 21h30
Abertura da casa: 20h
Classificação etária: 14 anos. Menores de 14 anos podem entrar acompanhados dos pais e/ou responsáveis legais.

BILHETERIA OFICIAL – SEM COBRANÇA DE TAXA DE CONVENIÊNCIA

Bilheteria Casa Natura Musical
Rua Artur de Azevedo 2134 – Pinheiros/SP
De Terça a Sábado das 12h às 20h
Segundas e Domingos, somente em dias de show

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