Muito tem se falado sobre a ditadura militar que assolou o Brasil entre 1964 e 1985 às vésperas de uma conturbada eleição para presidente. Hoje, parece óbvio dizer que estes 20 anos foram alguns dos piores na história do país, mas ainda há uma parcela da população que, por não ter sofrido diretamente, faz pouco caso da situação. E é para eles que Renato Russo mandou um recado lá em 1994.
Durante uma participação do Legião Urbana no extinto (e ótimo) Programa Livre, do SBT, o líder da banda fez um discurso importante sobre a ditadura. Antes de cantar “1965 (Duas Tribos)”, o músico chamou atenção para o privilégio da liberdade de expressão e ainda falou um pouco sobre o que sentiu na época da ditadura.
A gente se esquece que, até pouco tempo atrás, dependendo das ideias que seu pai tivesse, seu irmão, seu namorado tivessem, ia bater gente na sua casa, e eles iam pegar essa pessoa e você nunca mais ia saber o que tinha acontecido com essa pessoa. Ficou por isso mesmo e não se fala nisso. Tá uma coisa muito perigosa, eu acho, de tipo assim: ‘não, a gente era feliz naquela época’, tipo assim… Gente, eu não me lembro de ser feliz naquela época não. Fazer redação dizendo que o presidente era maravilhoso e muito tempo depois a gente descobre que pessoas estavam sendo mortas, sabe? Em nome de uma grande coisa que não se sabe o que que é. E eu acho isso muito péssimo.
Definitivamente um discurso perfeito para os dias atuais vindo de um gênio da música muito à frente de seu tempo.
Renato Russo faleceu aos 36 anos, em 1996, vítima de complicações da AIDS.
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