Roger Waters explica erro no timing de #EleNão, mas reafirma posição política

Em entrevista ao programa Fantástico, Roger Waters disse que sua equipe errou na hora de colocar a hashtag #EleNão, em alusão a Jair Bolsonaro, em show.

Roger Waters em São Paulo
Roger Waters em São Paulo. Foto: Stephanie Hahne/TMDQA!

A atual turnê de Roger Waters pelo Brasil está movimentadíssima.

O lendário músico do Pink Floyd fez dois shows em São Paulo e por lá mostrou no telão uma lista com políticos neofascistas ao redor do mundo, incluindo o nome de Jair Bolsonaro, candidato à Presidência do Brasil em 2018.

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Na primeira apresentação ele dividiu o público de São Paulo e na segunda chegou até a ser hostilizado com uma faixa que mandava ele para aquele lugar, sendo que o próprio fez piada sobre como foi “censurado”.

Também no primeiro show o músico exibiu a hashtag #EleNão, conhecida por representar um movimento contra o candidato do PSL, e nesse momento Waters foi recebido com reações divididas entre apoio e crítica.

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Explicação de Roger Waters

No último Domingo o cara esteve no programa Fantástico, da Rede Globo, e por lá deu uma entrevista exclusiva.

Ao falar sobre os acontecimentos, Roger Waters falou que o #EleNão acabou entrando no momento errado do show, e disse:

É interessante porque… duas coisas aconteceram. Durante a música ‘Eclipse’ eles colocaram a hashtag que desagradou a todos. Aquilo foi um erro. Era para ter aparecido mais tarde durante a música ‘Mother’, durante a parte ‘Mother should I trust the government?’ (Mãe, eu deveria confiar no governo?). Seria nessa parte que apareceria ‘Ele não’, aí faria sentido. Mas colocar no meio de ‘Eclipse’ foi um erro da minha equipe. Aquela parte da música era para ter pirâmides, lasers coloridos. Estávamos amando uns aos outros. No fim é o clímax depois da jornada longa que atravessamos.

Foi totalmente inapropriado, se eu pudesse dizer. Na segunda noite em São Paulo nós não usamos a hashtag, mas deixe-me terminar a história. Na primeira noite eu não soube que tinha aparecido no telão. Achei que todos aplaudiriam, porque era isso que deveria acontecer. Naquele momento do show, em todos os lugares que tocamos no mundo todo, todos ficam tão contentes nessa parte, todos aplaudem. Aí me perguntei: ‘O que está acontecendo?’

 

Comunistas x Fascistas

Roger Waters ainda disse que o que viu acontecer na plateia do Allianz Parque foi semelhante ao que acontecia na Inglaterra antes da Segunda Guerra Mundial, quando comunistas e fascistas se enfrentavam nas ruas.

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Ele fez questão de lembrar que os inimigos são eles, os políticos, e disse que as pessoas não deveriam brigar entre elas por conta deles:

Eles são os inimigos, eles são quem deveríamos lutar contra, não entre nós. Isso é o que eles [poderosos] querem, que lutemos entre nós, porque enquanto lutamos entre nós, não focamos no nosso verdadeiro problema.

Roger Waters também falou que quem pensa que os músicos e bandas deveriam apenas tocar suas canções em shows está enganado:

Se vocês, meus fãs, acharam que músicos devem apenas tocar suas músicas… É obviamente apenas errado. Não, não devemos. Nós temos responsabilidade como políticos e também como músicos. Eu acredito que todos os artistas, não interessa qual tipo de arte você faça, todos têm responsabilidades de usar a arte para expressar ideias políticas e criar demandas em favor dos direitos humanos para todos.

Francamente, para as pessoas que comentaram na minha página do Facebook ‘cala a boca e apenas toque a música’. Se você não gosta, não entre no meu Facebook, não vá aos meus shows, ok? Se não gosta, não venha! Tudo isso é ridículo.

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Roger Waters no Brasil

Vale lembrar que o músico ainda irá passar por diversas cidades do Brasil em sua turnê. Você pode encontrar ingressos por aqui.

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