A cantora baiana Pitty está atualmente percorrendo o Brasil com sua nova turnê, intitulada Matriz. No último sábado (20), foi a vez de apresentar as novidades para a cidade do Rio de Janeiro.
Mais do que um simples show, a apresentação teve vários pontos altos: música nova, versões acústicas de grandes sucessos e muita energia. Contribuindo positivamente para o clima, o show de abertura foi estrelado pelo Far From Alaska, um dos mais prestigiados grupos de rock da atualidade, também do Nordeste brasileiro.
Aquela noite comprovou, além de outras coisas, o poder da voz feminina no rock feito no Nordeste. Enquanto Pitty causou “pane no sistema” com seu álbum de estreia em 2003, quebrando estereótipos ligados à música feita na Bahia, o FFA, no comando da vocalista Emmily Barreto e com a importante presença da baixista Cris Botarelli, deu origem a um dos melhores álbuns nacionais do ano passado.
A apresentação ocorreu na Fundição Progresso, casa próxima aos arcos da Lapa, e contou também com a participação de Tássia Reis, que acompanhou Pitty na estreia da nova leva de shows, em São Paulo.
Far From Alaska impressiona e põe a casa para pular
Pode até ser que grande parte dos responsáveis pela lotação da Fundição na noite de sábado desconhecesse o nome Far From Alaska. Mas foi só o público sentir o peso e a potência da voz de Emmily que logo se sentiu familiarizado.
O grupo fez recente barulho no cenário nacional com Unlikely, seu segundo disco de estúdio. Não por coincidência, o álbum foi o foco principal do show. Os que não conheciam já logo simpatizaram com as criativas artes exibidas no telão para as músicas, que possuem nomes de fácil memorização como “Pig“, “Bear” e “Rhino“.
Não apenas visualmente a apresentação mereceu elogios. Improvisos arrancaram palmas do público, impressionado com uma banda que mostrou muito bem não apenas saber dar vida a suas gravações autorais, mas também saber fazer um show convidativo e energético.
Os pontos altos ficaram com as faixas mais conhecidas, como a incrível “Cobra” e a pulsante “Elephant“. Além disso, o grupo tocou uma cover de “Iron Lion Zion“, de Bob Marley, atribuindo ao reggae original um peso criativo.
A setlist encerrou com a faixa “Slug“, precedida de elogios da banda à Cidade Maravilhosa.
Pitty apresenta novidades a cada show que passa na turnê Matriz
Acompanhada de sua banda, composta por Martin Mendonça (guitarra), Gui Almeida (baixo), Paulo Kishimoto (teclados e percussão) e seu marido Daniel Weksler (bateria), Pitty subiu ao palco aproximadamente às 1h da manhã. Ela se deparou com um público agitado e ansioso que a ovacionou.
Com a capa de “Te Conecta” reproduzida no telão, a imagem logo “deu pane” e mudou para que a cantora abrisse com atitude com a faixa-título de seu primeiro ábum, “Admirável Chip Novo“. A abertura de peso continuou com “Anacrônico” e “Setevidas“.
Depois disso, a cantora se dirigiu ao público pela primeira vez. Apresentou o conceito de sua atual turnê: revisitar sua carreira, de uma forma que nenhuma das outras turnês tivesse revisitado antes. Foi a deixa para “I Wanna Be“, que está sendo tocada nos shows atuais depois de mais 10 anos sem ser tocada ao vivo. O público recebeu a canção muito bem, mesmo não sendo das mais conhecidas.
Pitty pulou de seu passado para o projeto atual, e incluiu no repertório a recente “Te Conecta“. Depois, foi a vez de mais um clássico: “Na Sua Estante“. O público adiantou a letra ao longo da introdução. A beleza do momento, cantado pelo público a plenos pulmões, fez com que a banda aguardasse até o final do primeiro refrão. Impressionada, Pitty assumiu e recomeçou a letra. Logo depois foi a vez de “O Leão“.
Como anda acontecendo nos outros shows da turnê, o peso das guitarras deu licença a um momento acústico em que Pitty, Martin e Gui juntaram-se à frente do palco para tocar arranjos mais intimistas de três canções. Como fizeram em São Paulo, tocaram “Teto de Vidro” e “Temporal“. Antes, Pitty falou sobre a primeira, dizendo que lembrava quando ela tocava em seu quarto, com a porta fechada, o primeiro rascunho da canção, no formato voz-e-violão e sem o peso pelo qual ficaria conhecida a gravação do álbum.
Pitty dedicou a próxima à cantora Elza Soares. Em formato acústico, o trio tocou, pela primeira vez ao vivo, uma versão da faixa “Na Pele“, música que Pitty compôs para Elza e que foi lançada como parceria no ano passado. Isso levou ao fechamento do momento acústico do show, com “Dançando“, do projeto paralelo Agridoce, de Pitty com Martin.
“A gente se junta para fazer revolução”, diz a nova “Noite Inteira”
Com a banda completa, a apresentação continuou com “Semana Que Vem” e “Desconstruindo Amélia“. Depois, Pitty falou sobre mais detalhes da turnê, enfatizando as músicas novas que estão sendo aos poucos estreadas nos shows. Foi o momento para apresentar mais uma novidade: a faixa “Noite Inteira“.
Bem marcada pela cozinha bateria-baixo, flertando com sonoridades latinas e mostrando uma vertente claramente mais política, a faixa foi apresentada enquanto o telão mostrava imagens de manifestações.
“A gente se junta para fazer revolução. A gente se junta para falar besteira. Com quem tu andas? Quem é que te estende a mão?”, diz um trecho. O momento foi acompanhado por gritos de “Ele Não!”, que também precederam a performance de “Te Conecta” mais cedo na apresentação.
Depois, veio a vez de “Me Adora“, single do álbum Chiaroscuro. Novamente, o público cantou o refrão em coro, desta vez no final da música. O momento emocionou a cantora, que convocou ao palco Tássia Reis e Emmily. Era a hora de “Contramão” ser tocada.
A sincronia das três no palco, que se uniram ao vivo pela primeira vez na turnê, foi incrível. E a apresentação ainda teve direito a uma versão improvisada da clássica “Feeling Good“, de Nina Simone. Com um instrumental que lembra mais a versão gravada pela banda Muse, as cantoras revezaram os vocais. Feliz, Pitty ainda as fizeram ficar no palco durante a última música antes do bis, “Máscara“.
Aplaudida pelo público depois do já manjado “fim de show”, a banda voltou ao palco para tocar hits que faltaram. Martin foi o primeiro a voltar e, sentado no chão do palco e sem falar nada, começou a tocar uma série trechos famosos de rocks internacionais. Foram tocados riffs de “Under The Bridge“, “Stairway To Heaven“, “Come As You Are” e mais, até desembocar no riff introdutório da canção “Equalize“. Depois, a apresentação foi fechada com mais dois sucessos, “Pulsos” e “Serpente“.
Confira abaixo a setlist, fotos da apresentação, e uma gravação da música inédita:
Setlist Pitty na Fundição Progresso (20/10):
1. “Another Round”
2. “Thievery”
3. “Bear”
4. “Flamingo”
5. “Politiks”
6. “Pig”
7. “Iron Zion Lion”
8. “Elephant”
9. “Monkey”
10. “Pizza”
11. “Pelican”
12. “Cobra”
13. “Slug”
Setlist Pitty na Fundição Progresso (20/10):
1. “Admirável Chip Novo”
2. “Anacrônico”
3. “Setevidas”
4. “I Wanna Be”
5. “Te Conecta”
6. “Na Sua Estante”
7. “Um Leão”
8. “Teto de Vidro” (versão acústica)
9. “Temporal” (versão acústica)
10. “Na Pele” (versão acústica)
11. “Dançando” (canção de Agridoce – versão acústica)
12. “Semana Que Vem”
13. “Desconstruindo Amélia”
14. “Noite Inteira” (canção nova!)
15. “Me Adora”
16. “Contramão” (com participação de Emmily Barreto e Tássia Reis)
17. “Feeling Good” (com participação de Emmily Barreto e Tássia Reis)
18. “Máscara”
19. “Equalize”
20. “Pulsos”
21. “Serpente”