Entrevistas

Entrevista: Sarah Brightman estreia nova turnê no Brasil e fala sobre disco “Hymn”

Cantora britânica Sarah Brightman navega pelo clássico e pelo pop, e irá fazer shows no Brasil para divulgar seu novo disco, "Hymn".

Sarah Brightman
Foto por Angie Bazzana

Por Nathália Pandeló Corrêa

A soprano inglesa Sarah Brightman talvez seja o maior exemplo da mescla de dois mundos: o clássico e o pop. A artista, na ativa há 30 anos, traz no currículo participação em eventos como Concert for Diana (2007), as Olimpíadas de Barcelona (1992) e as Olimpíadas de Pequim (2008), além de somar 30 milhões de discos vendidos, alcançando 180 Certificados de Ouro e Platina em mais de 40 países. Ela também é conhecida por sua icônica participação na trilha de “O Fantasma da Ópera”, que vendeu mais de 40 milhões de cópias em todo o mundo. Seu dueto com Andrea Bocelli em “Time To Say Goodbye” se tornou um sucesso internacional, com mais de 12 milhões de cópias vendidas. Os discos “Eden”, “La Luna”, “Harem” e “Symphony” alcançaram todos o topo da parada de hits da Billboard.

Agora, Sarah Brightman dá o próximo passo com o lançamento de Hymn, seu 15º álbum de estúdio disponibilizado no último dia 09/11 pela Universal Music. O sucessor de Dreamchaser (2013) vem acompanhado também de uma turnê mundial, que começa na América do Sul em novembro, nos dias 24 e 25, em São Paulo; dia 27 em Brasília; dia 29, no Rio de Janeiro e dia 1º de dezembro, em Curitiba.

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A cantora voltou ao estúdio em 2016 para trabalhar em Hymn com o produtor e colaborador de longa data Frank Peterson, com quem ela já trabalhou em oito discos anteriores, incluindo Dive (1993), Fly (1995), Timeless (Time To Say Goodbye) (1997), Eden (1998), La Luna (2000), Harem (2003), Symphony e Winter Symphony (2008). O novo álbum é uma coleção de músicas orquestradas, com bases de coral que Sarah diz ter sentido que precisava gravar nesta época de sua vida. O disco foi gravado durante os últimos dois anos em Hamburgo, Miami, Londres, Vancouver, Los Angeles, Nova York e Budapeste.

O tom místico Hymn é apresentado na faixa-título, da banda de prog-rock Barclay James Harvest. O lançamento também é composto por canções de compositores modernos, como Eric Whitacre (“Fly To Paradise”), o músico e compositor japonês Yoshiki (“Miracle”) e o DJ alemão Paul Kalkbrenner (“Sky and Sand”). O álbum termina com uma nova versão do dueto de Sarah Brightman e Andrea Bocelli, “Time To Say Goodbye”, na qual Sarah canta as letras que escreveu em inglês pela primeira vez.

Celebrando essa nova fase, a artista inaugura uma parceria com a Swarovski para sua turnê mundial. Os figurinos elaborados e tiaras brilhantes foram feitos com cristais, que dão forma à busca por luz em momentos difíceis. O Tenho Mais Discos Que Amigos! conversou com Sarah Brightman por telefone sobre a turnê e seu novo disco:

TMDQA!: Olá Sarah, obrigada por seu tempo! Que bom que você vai voltar ao Brasil. Sei que você começa a turnê aqui na América do Sul, mas nos próximos meses você vai fazer 125 shows em cinco continentes. Isso é bem impressionante. Você faz isso há 30 anos, com muito sucesso. O que ainda te motiva a embarcar numa jornada por vezes tão cansativa?

Sarah Brightman: Eu estou sempre focando em meu próximo álbum. Se você olhar minha carreira, ela é realmente bem longa, mas nesse meio tempo muitas coisas mudaram. E eu tenho uma grande distância entre cada disco, o que me dá um espaço bom para concentrar em minha voz, minha saúde. Quando chega a hora de sair em turnê novamente, eu me sinto relaxada e preparada, porque fico boa parte desse tempo treinando minha voz. Há cantores que fazem exatamente isso. O Plácido Domingo, por exemplo. Ele já tem mais de 70 anos e continua nesse mesmo ritmo, de viajar o mundo cantando e fazendo muitos shows em uma rotina bastante maluca! (Risos) Mas sempre dedicando o tempo para manter a voz e a saúde. Então quando se pensa assim, tudo é possível.

TMDQA!: Com certeza! Eu estava pensando que uma das coisas mais importantes que o seu trabalho realizou foi a mistura do clássico com o pop, mostrando que podem andar de mãos dadas. Ao mesmo tempo, acho que ainda existe a associação de palavras como clássico ou soprano a algo muito culto ou elitizado – ou ambos! Você acha que essa mescla de gêneros diferentes, como você sempre fez, ajuda a dar destaque ao que esse mundo tem a oferecer e também torná-lo mais acessível para o público geral?

Sarah: Acho que nada é limitado, sabe? Nos últimos 20 anos, é possível notar essa mistura de gêneros acontecendo mais e mais. O próprio rock está mais expansivo. Olhar uma banda como Twenty One Pilots, por exemplo, é interessante. Porque eles fazem um som que mescla funk, rap, rock, e funciona. Muito do que tem sido feito de mais interessante na música vem dessa fusão. Entendo que a música tem que se conectar com o mundo à sua volta, por isso me parece uma evolução bem natural mesclar todas essas influências.

TMDQA!: Acho que você e Frank Peterson não trabalhavam juntos há uns 10 anos, certo? Como o relacionamento profissional de vocês se desenvolveu ao longo dos anos? E como ele te ajuda a dar forma às canções, do modo como as imaginou?

Sarah: O relacionamento entre o artista e o produtor é importante porque, na verdade, o produtor vê o lado prático das coisas! O artista é aquele ser que faz as coisas sem um motivo, razão ou circunstância – vem da inspiração, eles recebem as coisas de forma etérea. Estou falando dos artistas mais puros, que criam dessa forma. E o que eu desejo cantar em um momento particular, de um jeito específico, é o que procuro no produtor, me ajudar a realizar aquilo. Acho que a função deles é ajudar a encontrar um caminho, a guiar de forma a não se perder. No fim das contas, artistas e produtores precisam muito um do outro. O Frank entende muito bem o que eu quero escrever e cantar, e exatamente que tipo de álbum eu quero fazer.

TMDQA!: Você passou dois anos gravando Hymn, em sete cidades diferentes. Como lugares tão únicos e diferentes ofereceram a locação que você precisava para essas gravações? E dá pra sentir a presença de cada cidade nas músicas?

Sarah: Eu tenho uma casa em Miami, então já passo bastante tempo lá. O motivo por gravar em cada local não foi proposital – foi mais uma questão de eu ou o Frank precisarmos estar em uma cidade e aproveitar o tempo lá. Acho que elas não chegaram a influenciar diretamente o clima das músicas, mas sei que em Budapest chegamos a aproveitar um instrumental típico local, o que sempre dá um tempero diferente ao que estamos fazendo.

TMDQA!: Eu vi que a última música do disco é Time To Say Goodbye e li que você escreveu a letra em inglês. O que podemos esperar dessa nova versão da música, que tantos já conhecem tão bem?

Sarah: Em italiano, essa música já parecia muito grandiosa, especialmente pelos vocais. Mas se você para pra ler a letra, nota o quão íntima ela é. Então nessa versão traduzida, eu busquei fazer exatamente isso, uma interpretação intimista. Mudamos o tom e damos destaque a essa letra, que fala de distância, amor, tristeza. É algo que muitas pessoas compreendem e que pode ficar mais claro agora, de uma forma mais delicada e sutil.

TMDQA!: Curioso como Hymn não é um disco religioso! Sei que você estava mirando em conceitos mais universais, como alegria, luz, esperança. A julgar pela sensação de ausência disso no mundo – agora mais do que nunca -, acho que o disco vai ser bem procurado. Como artista, como você vê o papel da música em nos guiar por momentos sombrios e de divisão?

Sarah: Quando decidi gravar esse disco, também estava passando por um período difícil na minha vida pessoal. E o mundo também, com tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo e sem sabermos o que vem por aí. Mas já passamos por outros momentos sombrios e os superamos. Eu me remeti aos períodos em que cantava na minha igreja, nos corais, e o quanto isso me fazia sentir segura e protegida. Não há nada mais lindo que seres humanos cantando juntos, e é exatamente isso que fazemos quando passamos por épocas de angústia ou mesmo de guerras. A ideia desse disco é de dar destaque a essas harmonias e mostrar a beleza no mundo.

TMDQA!: Falando em mostrar beleza, sei que você se uniu à Swarovski nessa turnê, tanto para os figurinos e tiaras quanto para produtos oficiais da lojinha. Os fãs vão ao show pela sua voz, mais que tudo. Qual a importância de criar uma atmosfera visual no seu trabalho?

Sarah: Eu nunca tinha feito uma parceria deste tipo, e notei que ao longo dos anos usei muitos cristais Swarovski em meus shows. É verdade que o aspecto mais importante é o áudio, mas todos nós nos conectamos com o que está acontecendo em muitos níveis, inclusive o visual. Os cristais têm essa característica de refletir luz e era exatamente isso que eu estava buscando para essa turnê.

TMDQA!: Finalmente, gostaria que você contasse pra gente um pouco sobre como vai ser o repertório dos shows aqui no Brasil. Os fãs ainda poderão conferir os sucessos antigos, certo?

Sarah: Sim, com certeza! Provavelmente metade do show será dedicado ao repertório de catálogo, porque as pessoas sempre gostam de ouvir as peças que as fizeram acompanhar meu trabalho ao longo dos anos. E a outra metade será dedicada ao Hymn. Teremos um belo palco e cenário, muitas luzes, uma orquestra, banda, coral. O conceito é de união do espírito humano.

TMDQA!: Tá certo. Muito obrigada por seu tempo, Sarah. E aproveite a volta ao Brasil!

Sarah: Eu que agradeço as perguntas. Nos vemos aí!

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