Entrevistas

We Are One Tour: conversamos com o Dead Fish sobre evento, política e novo disco

"Tem uns sons mais diferentes de tudo que já fizemos", afirma o vocalista Rodrigo Lima ao falar sobre o próximo álbum do Dead Fish.

dead fish
Foto: divulgação

Em dezembro acontece em São Paulo a nova edição do We Are One Tour, que será realizada na Arena Barra Funda. Além de Pennywise celebrando seus 30 anos de carreira, o evento conta ainda com as bandas Comeback KidBelvedereDead FishGarage FuzzSugar Kane e Direction.

Conversamos com o vocalista do Dead Fish, Rodrigo Lima, para falar a respeito da participação no evento, da relação do hardcore com a política e também sobre o novo disco da banda, que já está em fase de produção.

Dead Fish no Oxigênio Fest 2018-2
Foto: Stephanie Hahne

TMDQA!: Como tem sido a energia dos shows nesse período eleitoral? Você percebe a galera realmente comprometida em fazer a diferença?

Rodrigo: Esse último show no Carioca Club, em São Paulo, dez minutos depois do resultado da eleição foi uma catarse. Uma mistura de raiva com tristeza e resignação que esquentou até meu coração. Serão anos difíceis, inclusive pros nazis que venceram o pleito.

TMDQA!: Ainda tem muita gente conservadora e de extrema direita envolvida com punk e hardcore. Pra você, o que explica isso?

Rodrigo: Eu não explico nada. Eles que desistam, estão no ambiente errado.

TMDQA!: Sempre que o Dead Fish se posiciona politicamente na internet, recebe muitos comentários negativos de um pessoal que claramente não entendeu nada sobre o que a banda é. Até mesmo no grupo de fãs no Facebook, sempre acontecem discussões com quem é de direita e vota em Bolsonaro. Você acompanha isso de alguma forma? O que você tem a dizer para essas pessoas?

Rodrigo: Eu não acompanho, eu não tenho Facebook desde sempre, acho até perigoso. Os nossos dados e preferências estão ali expostos pra quem quiser roubar e nos manipular. Trágico! O que eu fico sabendo é pelos nossos operadores das redes e acho bizarro muitas das coisas que vejo e leio. Me resta seguir, o Dead Fish é uma banda que sempre seguiu em frente, é importante. Independentemente de um cenário favorável ou não. O que eu tenho a dizer é o de sempre. Desistam! Vocês estão no ambiente errado, mesmo eu achando que o punk e o hardcore foram muito permissivos durante os 14 anos de governo progressista. Acho que nós esquecemos muitas coisas essenciais de nossas raízes políticas e agora estamos sendo lembrados por essas chuvas de cocô neofascistas. Abre seu guarda-chuva ae, beacho! É uma longa tempestade de merda vindoura.

TMDQA!: Com o resultado da eleição e toda essa onda de violência que estamos vivendo, qual a sua perspectiva para o futuro do país?

Rodrigo: Não sou otimista. Mais violência, mais supressão de direitos e mais manipulação, mas vamos passar por isso e quem resistir vai se orgulhar da luta.

TMDQA!: O Dead Fish é um dos nomes do punk/HC nacional que mais toca em festivais do gênero e em dezembro, vocês estarão no We Are One Tour. Qual a importância de eventos com headliners gringos incluírem bandas nacionais em seu lineup?

Rodrigo: Estamos felizes de estarmos no lineup desse festival. Gosto dos nossos, das nossas bandas, crescemos perto deles. Dos gringos, eu estou curioso com o show do Belvedere que nunca vi ao vivo e é sempre bom estar perto dos Pennywise, são caras legais. Vai ser uma noite maneira, tenho certeza.

Dead Fish na gravação do DVD de 25 anos
Foto: Renata Monteiro

TMDQA!: Vocês já estão trabalhando em um novo disco. O que você pode adiantar sobre ele?

Rodrigo: Sim, estamos. Tem álbum novo em 2019. Estamos no meio dessa produção.

TMDQA!: Comparando ao último álbum, Vitória, o que o novo trabalho traz de diferente, em termos de produção e composição?

Rodrigo: Tem muita música mais rápida que no Vitória (risos), o Marco esta caprichando. Tem uns sons mais diferentes de tudo que já fizemos também. Está legal construir esse álbum.

TMDQA!: A banda lançou recentemente a sua cerveja, que vai ser produzida no Espírito Santo, com uma levedura local. Como vocês pensaram e desenvolveram o conceito e o sabor da marca?

Rodrigo: A cervejaria ES tem um dono cientista maluco chamado Carlos Henrique que é um velho conhecido nosso da cena dos 90, zineiro, nos apresentou um monte de bandas. Botei muita fé na proposta deles, mesmo eles demorando uma eternidade pra fazer nossa cerva, mas vai valer a pena. A cerva tem uma levedura local e é toda feita nos moldes tradicionais ingleses. É uma English Amber Ale, só que com a pegada capixaba, rótulo e tudo mais. A cerva é genial, e muito boa!

TMDQA!: Quais os planos da banda para o restante do ano?

Rodrigo: Sobreviver ao fascismo burro brazuca e terminar o disco novo.

TMDQA!: Obrigada! O espaço final é seu, pra mandar aquela mensagem aos fãs e quem leu a entrevista.

Rodrigo: Obrigado pela oportunidade de falar ao TMDQA!, adoro o site. Obrigado a todos os nossos amigos que curtem a banda, abraços! Ah! Sejam bem-vindos a SP, meus caros.

WE ARE ONE TOUR – SÃO PAULO

Data: 1° de dezembro
Horário: das 14h às 23h
Local: Arena Barra Funda – Av. Nicolas Boer, 550 – Barra Funda
Ingressos: R$110 – R$320 clicando aqui
Ingressos físicos: Loja 255 – Galeria do Rock – Av. São João, 439, Centro – 1º Andar