Depois de ter estreado no Festival de Berlim, onde faturou o prêmio Teddy, e de ter percorrido mais de 45 festivais pelo mundo, o longa vencedor do Troféu Redentor de Melhor Filme no Festival do Rio 2018, Tinta Bruta, estreou em mais de 20 cidades brasileiras na última quinta-feira (6).
O longa de temática LGBT+, dirigido por Filipe Matzembacher e Marcio Reolon, gira em torno de Pedro (Shico Menegat), um jovem introspectivo atormentado por memórias do passado. Ele está prestes a perder seu porto seguro: sua irmã, Luiza (Guega Peixoto), que, jornalista, vai se mudar da fria Porto Alegre para a calorosa Bahia. Ele também precisa lidar com um processo criminal ao qual responde. Órfão de pai e mãe, e distante da avó (Sandra Dani), Pedro se encontra perdido na vida.
Como válvula de escape, Pedro cria o pseudônimo GarotoNeon e começa a fazer performances eróticas via webcam. Aos poucos, o protagonista cria sua clientela no site e vai se destacando a cada transmissão. Isso porque Pedro tem um diferencial, já que aparece para seu público coberto por tintas fluorescentes que geram um impactante efeito visual para quem assiste.
No entanto, não demora muito para que alguém apareça copiando a criatividade do gaúcho. Depois de marcar um encontro com esta pessoa que está roubando sua ideia (e seu espaço no site pornográfico de streaming), Pedro descobre que ele se chama Leo (Bruno Fernandes). A partir daí, os dois acabam fazendo transmissões juntos para resolver o impasse sobre quem deveria ter autorização para se exibir na rede com as tintas.
Com cenas longas de sexo bem provocantes, lembrando o polêmico Azul é a Cor Mais Quente, e uma direção segura, aliada a uma bonita fotografia, ótimo elenco e roteiro envolvente, Tinta Bruta consegue ganhar o espectador e fazê-lo ter empatia por um personagem não muito carismático. Delicado e sombrio ao mesmo tempo, o filme é um belo exemplo da força que o cinema nacional vem mostrando. A resistência também acontece nas telonas.