Os 50 melhores discos nacionais de 2018

Veja a lista do Tenho Mais Discos Que Amigos! com os 50 melhores discos nacionais de 2018, um dos anos mais difíceis de nossas vidas.

Os 50 melhores discos nacionais de 2018

10 – Os Replicantes – Libertà

Os Replicantes - Libertà

A lendária banda punk gaúcha Os Replicantes continua relevante e em 2018, muito antes do período turbulento pelo qual o país passou recentemente, lançou Libertà, uma pedrada sobre fascismo, machismo, feminicídio e diversas outras questões políticas e sociais a respeito dos quais falaríamos tanto nos meses seguintes.

Com a condução feroz, precisa e potente da vocalista Júlia Barth, esse disco deveria ser a cartilha para a jovem/o jovem que quer pegar uma guitarra e causar a próxima revolução. Estamos precisando.

9 – Duda Beat – Sinto Muito

Duda Beat - Sinto Muito

Outra estreia em grande estilo de 2018, a sensacional Duda Beat conseguiu fazer todo mundo dançar ao mesmo tempo em que entoava suas mágoas e corações partidos no primeiro álbum da carreira.

Com muita personalidade, uma voz incomparável, letras afiadas e um apelo pop que se encaixou bem demais com a música atual, Sinto Muito tornou-se um dos marcos do ano.

8 – El Efecto – Memórias do Fogo

El Efecto - Memórias do Fogo - Capa - Original

É uma das tarefas mais difíceis do planeta descrever a sonoridade da banda carioca El Efecto, que mistura rock progressivo com música tipicamente brasileira e regionalista além de guitarras que têm suas origens ligadas ao Heavy Metal.

Fato é que o grupo já lança grandes obras há algum tempo e Memórias do Fogo é um disco histórico, daqueles de se apreciar lentamente, ouvindo várias e várias vezes até (tentar) captar tudo que está acontecendo e tudo que a banda está transmitindo.

7 – Djonga – O Menino Que Queria Ser Deus

Djonga - O Menino Que Queria Ser Deus

Djonga é um dos rappers mais importantes da atualidade e o mineiro faz questão de deixar bem claros os seus pontos de vista quando pega o microfone tanto em estúdio, onde apresenta as pedradas a respeito de questões como o racismo, e também ao vivo, quando conduz o que em vários momentos parece mais um show de hardcore do que uma apresentação de hip hop.

Em O Menino Que Queria Ser Deus, Djonga mistura suas críticas a questões pessoais e faz referências a assuntos e nomes dos mais diversos, como os da Legião Urbana e seu líder, Renato Russo.

6 – Marcelo D2 – Amar é Para os Fortes

Marcelo D2 - Amar é Para os Fortes

Amar é Para os Fortes é um dos mais ambiciosos e melhores projetos da carreira do rapper Marcelo D2.

O álbum visual não apenas tem uma narrativa contada através de canções e imagens como também trouxe o músico compartilhando experiências e composições com nomes como Gilberto Gil, Kassin, Rodrigo Amarante e Jeneci.

Outro ponto alto da saga é a participação do rapper Sain, filho de D2, como ator principal da história em vídeo.

5 – Elza Soares – Deus é Mulher

Elza Soares - Deus é Mulher

Elza Soares continua com uma sequência incrível em Deus é Mulher.

Após o sucesso de A Mulher do Fim do Mundo, um dos discos nacionais mais importantes da última década, a cantora continuou com a equipe que escreveu e produziu o álbum para lançar sua mais recente obra e ela volta a colocar os talentos de Elza sob os holofotes.

Machismo, abuso, religiões, liberdades, amor e sexo são todos abordados em canções que juntas constroem um novo belo capítulo na história desse verdadeiro ícone nacional.

4 – Teto Preto – Pedra Preta

Teto Preto - Pedra Preta

Nos palcos o Teto Preto já era reconhecido pelas festas incríveis que proporciona, e foi justamente no seu disco de estreia, Pedra Preta, que o grupo teve a árdua tarefa de traduzir tudo isso pro estúdio.

Pois bem, funcionou e caiu como uma luva: o disco de oito faixas mistura batidas eletrônicas, punk e até elementos nada óbvios como o jazz e a música brasileira dos anos 80.

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3 – Baco Exu do Blues – Bluesman

Capa de Bluesman (Baco Exu do Blues)

Após ser rapidamente catapultado para o primeiro time do hip hop nacional com Esú (2017), o rapper Baco Exu do Blues não perdeu tempo e já voltou em 2018 com um novo disco, o temático Bluesman.

Aqui, Baco faz um trabalho impecável ao celebrar o estilo musical tão ligado à cultura negra através de canções que falam sobre as lutas diárias da população e as suas batalhas em relação aos problemas pessoais que vão desde os relacionamentos até a saúde mental.

Com referências a Jay Z, Kanye West, BB King e Van Gogh, o músico brasileiro fez um disco moderno em sintonia com o que tem rolado lá fora, e ainda chamou convidados como Tim Bernardes e Tuyo, fazendo com que o álbum tivesse as referências gringas ao mesmo tempo que fosse completamente brasileiro.

Prova disso é “Flamingos”, ao lado das paranaenses da Tuyo, onde Baco e suas convidadas falam sobre “ouvir Exaltasamba na quebrada e gritar ‘Eu me apaixonei pela pessoa errada'”, em uma das melhores canções do ano.

2 – Tuyo – Pra Curar

Tuyo - Pra Curar

De certa forma, 2018 foi o ano da Tuyo, que após o excelente EP Pra Doer nos apresentou seu primeiro disco cheio na forma de Pra Curar.

Basta ver a quantidade de participações especiais que seus integrantes fizeram em alguns dos melhores discos do ano como os de Mulamba, Baco Exu do Blues e Bemti, além, é claro, das suas próprias canções.

Pra Curar foi produzido após um longo processo onde seus integrantes tiveram que se redescobrir e reencontrar maneiras de se comunicar e se relacionar, e talvez nada represente mais o peso de 2018 do que essa construção cheia de dúvidas, dores e sentimentos.

Ao batizar o álbum dessa forma, a Tuyo propõe uma cura da forma que eu entendo ser a mais honesta: a banda não será aquele amigo que chegará dizendo que tudo irá ficar bem e que as coisas vão passar, dando um conselho vago sobre a vida.

Ao invés disso eles irão te dar a real. Te farão enfrentar seus medos de frente e muito provavelmente te levarão a locais que você não gostaria de ir, mas deveria. Ao final do processo a cura vem e você percebe que a luta valeu a pena.

1 – Mulamba – Mulamba

Mulamba

Não há nenhuma dúvida de que as mulheres têm produzido os materiais mais interessantes da música nos últimos anos e isso pode ser visto nos shows e festivais Brasil afora.

Assim como a Tuyo, também de Curitiba e também com um disco de estreia, a Mulamba conseguiu empacotar em seu álbum homônimo tudo de mais forte que estamos precisando na música hoje em dia para quebrarmos regras, mudarmos patamares e chegarmos de fato a lugares pelos quais estamos todos lutando há tanto tempo e que estão ameaçados.

Em seu primeiro trabalho, a Mulamba mistura rock and roll, música brasileira, ritmos latinos e vozes absurdamente talentosas para falar desde relações pessoais como nas maravilhosas “Desses Nadas” (com Lio Soares, da Tuyo) e “Interestelar”, até porradas e críticas sociais como em “Vila Vintém”, “Lama”, “Mulamba” e “P.U.T.A.”, que catapultou a banda no YouTube com um vídeo e agora ganhou uma nova versão carregando a participação especial de Juliana Strassacapa (Francisco, el Hombre).

São nove canções em um formato que tem se tornado o mais desejado em tempos de consumo rápido, mostrando que o disco não morreu, mas talvez, para o bem, tenha encurtado, e assim que a última faixa chega ao fim você já quer ouvir tudo de novo.

Em tempos onde a palavra “resistência” é jogada ao vento para lá e para cá, a Mulamba dá significado real à expressão com seu disco, seu posicionamento e seu show catártico, parada obrigatória para quem souber que o grupo curitibano está na agenda de sua cidade.

Obrigado, Mulamba, pelo soco, pelo afago, pela sinceridade e por se abrir para compartilhar com a gente tantas histórias. 2018 ficou menos difícil tendo vocês.

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